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Iniciativas em Belém transformam vidas de pessoas com deficiência e promovem inclusão

A Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, realizada até 28 de agosto, reforça a conscientização e o combate ao preconceito na capital paraense

Gabriel Pires

O trabalho desenvolvido com pessoas com deficiência intelectual e múltiplas tem transformado vidas, promovendo inclusão e estimulando habilidades no cotidiano, como demonstram as atividades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), em Belém. Nesta quinta-feira (21), a instituição se une à mobilização nacional da “Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla”, que segue até 28 de agosto, com uma programação voltada a reforçar a sensibilizar a sociedade sobre as necessidades específicas dessas, à conscientização e ao combate ao preconceito.

Na Apae Belém, cerca de 500 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, são atendidas na unidade no centro de Belém, de acordo com a psicóloga da Apae, Louise Escócio, que atua na gerência do instituto de diagnóstico, pesquisa e ensino da entidade. E é no local que as famílias e os assistidos encontram acolhimento. Por isso, segundo Louise, a programação marca uma grande mobilização para levar para toda a sociedade os direitos das pessoas com deficiência.

“O grande objetivo é visibilizar mesmo as pessoas com deficiência, as suas potencialidades, os serviços que a instituição oferece, atingindo a comunidade de uma maneira geral e as famílias. O foco é realmente jogar luz sobre as questões das pessoas com deficiência intelectual múltipla, os desafios e as conquistas. A abertura, por exemplo, já começa com um seminário científico, quando os profissionais que trabalham conosco vão poder mostrar para a sociedade o trabalho desenvolvido na instituição há muitos anos”, explica Louise.

Mudança de vida

E há muitos exemplos de mudança de vida. O estudante Gustavo Quaresma, de 20 anos, estudante com deficiência intelectual e Transtorno do Espectro Autista (TEA), participa das atividades da Apae Belém desde 2016. Segundo ele, a instituição ajudou a desenvolver habilidades do dia a dia que antes eram desafiadoras, como amarrar cadarços e se vestir sozinho, além de melhorar sua socialização e confiança. Ele também comenta que os aprendizados adquiridos na instituição se refletem nos estudos, já que deseja seguir carreira em ciência ou engenharia da computação.

Gustavo também realiza atividades físicas, como natação e karatê, e participa das ações na Apae, que contribuem para seu crescimento pessoal e aprendizado constante. “Eu raramente abraçava as pessoas, demonstrava pouco afeto. Mas hoje me sinto mais confiante e percebo que posso participar ativamente da sociedade. Comecei a fazer acompanhamento com fonoaudiólogo e psicólogo. Tudo isso foi um aprendizado para mim”, afirma Gustavo, que acabava de sair da atividade de fisioterapia.

Outra história é a da doméstica Rosa Cardoso, de 65 anos, mãe de Fábio Cardoso, de 41 anos, que acompanhou o filho desde bebê, enfrentando internações e a descoberta da deficiência intelectual. Ela ressalta que a Apae Belém foi fundamental para o desenvolvimento de Fábio, permitindo que ele aprendesse habilidades básicas do dia a dia e conquistasse mais autonomia, mesmo que hoje ainda tenha um certo cuidado na mobilidade.

Rosa também observa que um acompanhamento especializado fortaleceu não só o filho, mas também toda a família. “O Fábio participa da Apae há muitos anos, desde bebê. Ele se desenvolveu bem. Anda de bicicleta, toma banho e come sozinho, também. O Fábio é um menino muito prestativo. Muitas crianças não têm acesso a atividades específicas. E, graças a Deus, ele pode fazer esse acompanhamento. Ele tem certa limitação no aprendizado, mas veio aprendendo muitas coisas ao longo dos anos”, comenta Rosa.

Conscientização

Com relação à programação da Apae, a Louise ainda relata que as ações são importantes para levar informação: “A programação continua com passeios ciclísticos no Utinga, tem desfile, tem peças teatrais. O máximo de atividades que a gente consegue englobar e diversificar para mostrar o potencial das pessoas com deficiência, estamos fazendo. Qualquer pessoa pode participar O objetivo é ampliar a participação da sociedade. E realmente criar atividades fora dos muros da Apae também”.

“Atualmente, a Apae se divide em três grandes centros, que são os da assistência social, da saúde e da educação. Oferecemos terapias tradicionais, com atendimento fonoaudiológico, fisioterapia ocupacional e psicólogos, além de atendimentos clínicos, com atendimento odontológico, psiquiatra e neuropediatra. Na educação, a gente trabalha com o AEE, que é o atendimento educacional especializado”, acrescenta Louise.

Já na área da assistência social, o foco é um trabalho integrado com as famílias dos assistidos pela Apae. “Com um fomento na autonomia e com uma faixa etária maior, já, aquelas pessoas com mais de 18 anos, que muitas vezes não têm assistência, em outros centros, e a Apae acaba sendo referência de acolhimento e acompanhamento das pessoas maiores de 18 e suas famílias”, afirma.

“O trabalho da Apae é um marco que ainda diz para a gente que ainda é necessário existir, porque ainda temos muitas demandas para serem vencidas. A gente já teve muitas conquistas, de inserção das pessoas com deficiência na sociedade de uma maneira geral, mas se a gente ainda existe é porque ainda precisa de muito trabalho. A Apae faz esse acompanhamento ao longo da vida das pessoas e a gente tenta ao máximo trabalhar a questão de autonomia, de dar suporte e de ser rede de apoio”, reflete.

A fisioterapeuta Dayane Ferreira atua na Apae e explica que um dos trabalhos desenvolvidos ligados à fisioterapia tem foco em coordenação motora, equilíbrio e consciência corporal, elementos fundamentais para que os usuários conquistem mais autonomia no cotidiano. Segundo Dayane, a escolha das atividades é sempre personalizada, de acordo com as necessidades de cada paciente, que podem incluir diagnósticos como TEA, paralisia cerebral ou síndrome de Down.

“Dentro da fisioterapia, trabalhamos os conhecimentos mais básicos para que eles consigam realizar atividades mais complexas. Com pessoas com síndrome de Down, por exemplo, damos atenção especial ao controle postural e ao ganho de força, porque a hipotonia é uma característica muito presente. A ideia é identificar a demanda de cada paciente e prescrever a atividade mais adequada, oferecendo qualidade de vida e maior independência”, comenta a fisioterapeuta.

PROGRAMAÇÃO - Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla

18/08:

FEIRA DO LIVRO – HANGAR

9h às 10h30 – Apresentações Culturais

14h – Amostra de produtos do Espaço Produtivo e TEA Produções. Venda do livro “Amigos Para Sempre” (autora Maria Luiza) – Estande Seduc

21/08:

SEMINÁRIO CIENTÍFICO – ESTÁCIO

8h30 – Abertura e Palestras

12h às 14h – Intervalo

14h às 17h15 – Palestras

23/08:

PASSEIO CICLÍSTICO – UTINGA

7h – Concentração

DIA 27 DE AGOSTO

APRESENTAÇÃO TEATRAL – APAE BELÉM

9h – Apresentação: Rato, meu querido Rato!

28/08:

APRESENTAÇÃO TEATRAL E APAE FASHION WEEK

15h – Apresentação: Rato, meu querido Rato!

Desfile APAE Fashion Week