MENU

BUSCA

Gripe aviária: risco de infecção em humanos é baixo, explica infectologista

A infectologista Rita Medeiros, de Belém, detalha o atual panorama da doença no Pará

Ronald Souza / Especial para O Liberal

O principal risco de infecção pelo vírus da gripe aviária está no manuseio direto de aves infectadas, principalmente para trabalhadores de granjas ou feiras livres. No entanto, o risco de infecção em humanos é considerado baixo. Quem explica é a infectologista Rita Medeiros, que concedeu entrevista ao programa Manhã Liberal+ nesta terça-feira (20/5). Ela destaca que o vírus não é transmitido por meio da ingestão de carne de frango ou ovos, desde que estejam corretamente cozidos.

“O vírus está presente principalmente nas fezes das aves. Se ela estiver doente, ele estará presente em algumas secreções e pode contaminar o ovo também. De maneira alguma o consumo da carne ou do ovo cozido representa risco para a saúde humana”, pondera.

A gripe aviária voltou ao centro das atenções com a confirmação do vírus H5N1 em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Embora o país ainda não tenha registrado casos de transmissão em humanos, autoridades sanitárias e especialistas mantêm o alerta máximo. A doença, altamente contagiosa entre aves, representa uma ameaça tanto à saúde pública quanto à economia — especialmente para um dos maiores exportadores de carne de frango do mundo.

Na análise da infectologista, os maiores riscos são de ordem econômica. “Nesse momento, os maiores riscos são comerciais, com perdas econômicas para o país, pois há o risco de o vírus se alastrar. Quando há suspeita da influenza aviária entre aves, há necessidade de exterminar todo aquele plantel para que o problema não se propague”, explicou.

O que é a gripe aviária

A gripe aviária é causada pelo vírus Influenza do tipo A, especialmente o subtipo H5N1. “A gripe aviária foi um grande problema há uns 20 anos, principalmente no Sudeste Asiático, e não havia chegado ao continente americano até alguns anos atrás. Hoje, os Estados Unidos já lidam com esse problema até mesmo em vacas”, detalha a médica.

Segundo Rita Medeiros, a gripe aviária afeta aves domésticas e silvestres, provocando alta mortalidade. Já a infecção em humanos é rara, mas pode ser grave, com sintomas como febre alta, dores musculares e dificuldade respiratória. “Na ave, ela causa uma doença geral, até com hemorragia, atingindo vários órgãos e provocando a morte de muitas delas. Já em humanos, os sintomas são de gripe, mas podem evoluir para quadros mais graves. Ou seja, é uma gripe mais severa”, acrescenta.

O que deve ser feito agora

De acordo com a médica, a situação da gripe aviária é uma questão de monitoramento e vigilância. “É importante lembrar que não há risco para a saúde humana no consumo ou no contato com aves, desde que observadas as orientações sanitárias. Mas é fundamental monitorar os casos suspeitos”, avalia.

Casos em monitoramento

Até a tarde desta terça-feira (20/5), segundo dados da plataforma de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves, do Ministério da Agricultura, havia cinco casos em investigação por suspeita de gripe aviária. De acordo com a plataforma, duas investigações envolvem granjas comerciais em Ipumirim (SC) e Aguiarnópolis (TO), e outras três envolvem aves de subsistência em Estância Velha (RS), Salitre (CE) e Eldorado do Carajás (PA).

Impacto na economia

O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, monitora com atenção a repercussão dos surtos no mercado internacional. Embora os casos ainda não tenham afetado a cadeia produtiva em larga escala, há temor de embargos por parte de países importadores. Pequenos produtores também sentem os impactos, com perdas financeiras e abates sanitários obrigatórios.

Belém