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Feira do Açaí, Pedra do Peixe e Rua da Ladeira são inauguradas na nova fase do Ver-o-Peso

A entrega desta terça-feira marca mais uma etapa do que o prefeito Igor Normando classifica como “a maior reforma da história do Ver-o-Peso”

Bruna Lima

Na tarde desta terça-feira (24), Belém viu mais uma peça do seu principal cartão-postal ser entregue de cara nova. Com direito a solenidade, palanque, discursos emocionados e agradecimentos, a Prefeitura inaugurou as obras de revitalização da Feira do Açaí, da Pedra do Peixe e da Rua da Ladeira, áreas centrais do complexo do Ver-o-Peso. A promessa é de um novo tempo para os permissionários que trabalham no local e para os milhares que circulam por ali todos os dias, entre compras, refeições e turismo.


As intervenções fazem parte de um projeto maior, orçado em R$ 60 milhões, fruto de convênio entre a Prefeitura de Belém e a Itaipu Binacional, com apoio do Governo Federal. A entrega desta terça-feira marca mais uma etapa do que o prefeito Igor Normando classifica como “a maior reforma da história do Ver-o-Peso”.

“Pegamos a obra com 20% concluída e estamos entregando etapas significativas antes da Cop-30”, afirmou o prefeito Igor Normando, destacando também a instalação de iluminação em LED, novo sistema de esgoto e a revitalização dos casarões históricos.

Para quem vive da Feira do Açaí há décadas, como a feirante Maria do Perpétuo Socorro, a reforma representa um alívio, mas também traz à tona os anos de descaso. “Antes tava estragado. Era barata, era lixo. Agora tá tudo de bom, tudo organizadinho. A gente vendia, mas era lutando. Agora tenho certeza que vai ser só glória”, disse, emocionada. Ela trabalha no local há 29 anos e destaca que os novos boxes, com revestimento em cerâmica e bancadas de granito, deixaram o ambiente mais digno tanto para os trabalhadores quanto para os clientes.

Rua da Ladeira: mais que caminho, memória

Um dos pontos mais emblemáticos da entrega é a revitalização da Rua da Ladeira, ligação entre a Cidade Velha e a feira. Originalmente chamada de Rua Siqueira Mendes, é um dos acessos históricos mais antigos da capital, usado desde os tempos coloniais como rota de escoamento de mercadorias. Reformada, ganhou nova pavimentação, acessibilidade e pintura, mas ainda guarda a alma do passado, aquela dos tropeços no paralelepípedo, do cheiro de peixe subindo pela ladeira e do vai e vem de histórias que não cabem em um discurso oficial.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, André Cunha, defende que a nova estrutura fortalece a economia local e o turismo: “Beneficia os 15 permissionários diretos e também quem compra, quem come aqui, quem visita Belém. É uma valorização de quem faz a cidade acontecer”.

Mas, por trás da celebração, seguem os desafios históricos de conservação, ordenamento e valorização do trabalho informal. “Estava abandonado. Ninguém fazia nada”, reforçou Valdinei Ribeiro, feirante há 45 anos e presidente da associação da Feira do Açaí. Para ele, a reforma é fruto também da pressão e organização dos próprios trabalhadores. “Foi depois que nos unimos, que criamos a associação, que isso começou a acontecer”.

A entrega também contou com a reinauguração dos banheiros públicos, do quiosque, da flora e do setor de refeições. Os trabalhadores participaram de cursos de capacitação em manipulação de alimentos, parte da estratégia da Prefeitura para qualificar os serviços prestados no local.

Preservar o que é do povo

No final do discurso, o prefeito fez um apelo: “A população precisa entender que tem o dever de zelar por esse lugar. Isso aqui é a casa da gente”. Sem manutenção contínua, participação popular e valorização real dos trabalhadores, não há reforma que resista ao tempo.

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