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Estudantes de medicina da UFPA cobram aulas práticas

Faculdade garantiu que aulas serão repostas em 2021

Byanka Arruda

Estudantes do curso de medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA) alegam que estão sendo prejudicados com a suspensão das aulas práticas presenciais que foram interrompidas temporariamente este ano por conta da atual pandemia do novo coronavírus. Segundo os universitários, as aulas práticas que já foram perdidas deixaram uma lacuna na formação dos futuros profissionais de medicina. 

Para evitar aglomerações e impedir a proliferação da covid-19, a Faculdade de Medicina (Famed) da UFPA decidiu pela suspensão das aulas práticas por tempo indeterminado. Apenas alunos dos períodos mais avançados, do quinto e do sexto anos do curso, do internato, estão assistindo às aulas práticas de forma reduzida. Para os demais estudantes de períodos iniciantes e intermediários as aulas permanecem na modalidade remota. Ainda segundo a faculdade, as aulas práticas que foram perdidas este ano em decorrência da pandemia serão repostas em 2021, mas os estudantes temem que a restituição das aulas não seja suficiente para suprir as perdas do conteúdo de atividades presenciais que não puderam ser realizadas.

"Estão dizendo que essas aulas práticas serão repostas no período intervalar do ano que vem. Então, agora a gente espera que sejam cumpridas essas promessas. Praticamente todas as aulas estão acontecendo de forma online, remota. São poucas turmas que têm práticas e quando tem a aula prática elas são pontuais, com pouquíssimo tempo de prática. A faculdade de medicina manifestou uma nota alegando que já tem um planejamento para o ano que vem e farão a reposição das aulas práticas. A gente está esperando para ver se isso acontece, se vai ser tudo certinho, vamos fiscalizar essa situação. Todos os alunos de uma forma geral estão sendo prejudicados, porque a consolidação do conhecimento requer aula prática e mesmo a gente tendo algumas práticas pontuais e outras turma nem isso, a gente sente que não está rendendo totalmente, ficam muitas lacunas que precisam ser preenchidas. Nós vamos nos formar como médicos, vamos atender pessoas, vamos estar lidando com a saúde das pessoas, então a gente tem que estar o mais preparado possível", afirmou o estudante Márcio Marvão, de 24 anos, que está cursando o 3º período do curso de medicina da UFPA. 

 A universidade alega também não dispor de equipamentos suficientes para que todos os alunos do curso possam assistir às aulas presenciais com segurança. Os estudantes dos períodos iniciais, que estão se sentindo lesados pela suspensão das aulas práticas, sugeriram soluções para a falta de equipamentos, mas a proposta também foi negada pela instituição. "A universidade alegou que não poderia colocar os outros semestres em prática porque aglomeraria e eles não têm Equipamento de Proteção Individual (EPIs) para todo mundo. Então priorizaram a disponibilidade de EPIs para o internato e os outros períodos iniciais estão apenas com ensino remoto. Mas a gente está solicitando essas aulas práticas porque a gente tem uma carga horária teórica, mas a gente consolida essa teoria na prática. Nós nos oferecemos para comprar os nossos próprios EPIs se fosse a questão da falta de equipamentos, mas a universidade não aceitou e alegou que era complicado colocar aluno em cenário de prática. No meu caso, a minha turma já passou por 'pneumo', 'cardiovascular', 'pediatria' e nós não tratamos com pacientes, nós vimos tudo online, exame físico, conduta, tudo online... E isso a gente já perdeu, não volta mais. O que a gente está tentando reivindicar é que o próximo semestre, a gente tenha atividade prática e a gente consiga em algum momento do curso fazer com que essas práticas que nós perdemos sejam repostas", protestou a aluna do 6º período do curso de medicina, Lía Rocha, de 27 anos. 

 

 

EM BUSCA DE CONSENSO 

 

A Famed rebateu as acusações dos estudantes e esclareceu, por meio de nota, que está realizando a oferta de todos os seus componentes curriculares regulares de forma remota, em conformidade com as definições dos Conselhos Superiores da instituição quanto aos cuidados de biossegurança no cenário da pandemia de COVID-19.

De acordo com a instituição, as atividades práticas estão sendo realizadas prioritariamente para turmas concluintes do internato, do quinto e do sexto anos do curso, respeitando as condições de segurança em saúde.

Para as turmas do primeiro ao quarto ano, são ofertadas atividades remotas e híbridas nos módulos de habilidades médicas. Ainda de acordo com a Famed, a Faculdade já possui um planejamento de reposição das atividades práticas que não foram contempladas nas ofertas para o início de 2021, considerando a análise permanente do cenário epidemiológico do estado e de Belém. "O objetivo é evitar aglomerações que podem comprometer a saúde de professores, discentes, outros profissionais e usuários dos serviços de saúde, sobretudo em contextos hospitalares", explicou.

A direção da Famed se reuniu nesta terça-feira, 1º, com representantes das turmas para buscar soluções possíveis frente a uma conjuntura de excepcionalidade e imprevisibilidade vivida na pandemia.

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