Caso Sheila: seis meses após morte, família segue sem ser ouvida pela polícia
Mesmo com o inquérito instaurado para apurar possíveis responsabilidades por erro médico, o caso segue sem atualizações, segundo a família
Após seis meses da morte de Sheila Belúcio, colaboradora do Grupo Liberal, a família ainda não foi chamada para prestar depoimento à Polícia Civil. Mesmo com o inquérito instaurado para apurar possíveis responsabilidades por erro médico — além do processo que busca responsabilizar o hospital e os envolvidos — o caso segue sem atualizações. A informação foi confirmada pelo filho de Sheila, Hanniel Barros, que lamentou a demora no andamento das investigações. Sheila faleceu em 15 de junho, após complicações decorrentes de uma cirurgia de vesícula realizada em um hospital privado de Belém.
Em nota enviada ao Grupo Liberal no último dia 17 de novembro, a PC detalhou o seguinte: “A Polícia Civil informa que o caso segue sob investigação”. No entanto, segundo Hanniel, a família de Sheila ainda não foi chamada para depor. Em julho, os familiares protocolaram uma notícia-crime na Polícia Civil denunciando suposto erro médico no atendimento prestado à paciente.
Após o falecimento de Sheila, em agosto, Hanniel e o marido da vítima, Jonathan Belúcio, ingressaram com uma ação na Justiça pedindo indenização por danos morais e materiais contra a unidade de saúde onde ela realizou a cirurgia. Além disso, solicitaram o pagamento de pensão a Jonathan, com quem Sheila era casada há mais de seis anos. No entanto, meses após o início do processo, ainda não houve qualquer decisão concreta por parte da Justiça.
“A gente aguarda novidades sobre o caso, porque, recentemente, não tivemos mais nenhuma informação sobre o que está acontecendo. Ainda esperamos pelo julgamento, pois foi um caso muito grave, pela forma como tudo ocorreu, e acreditamos que deveria ter recebido mais atenção”, afirma Hanniel.
Tempo de espera
Hanniel lembra que, apesar de entender que os processos judiciais demandam tempo, ele defende que casos como o da mãe merecem medidas mais enérgicas. “Ele [Jonathan] deu entrada para receber o direito que é dele como viúvo e dependente. Estamos aguardando, e já faz, acredito, quase dois meses que esperamos uma resposta, por conta de toda a burocracia que a gente sabe que existe”, comenta.
“Teve o processo contra o hospital, e teve separadamente, o processo contra os médicos, que o advogado tinha dado entrada. E até então essa foi a última atualização sobre o caso, que a polícia ia investigar, que o CRM ia investigar e foi só. Até então, a gente está aguardando”, acrescenta Hanniel.
Apuração
Além disso, uma denúncia foi apresentada pela família ao Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA), alegando negligência no hospital onde o procedimento foi realizado. No documento, protocolado em 24 de junho, a família solicita apuração rigorosa dos fatos, incluindo investigação da conduta dos médicos e da unidade de saúde envolvida.
Sobre o caso, o CRM informou à época, por meio de nota, que a sindicância, como procedimento prévio obrigatório, foi instaurada, e está tramitando. "Ressaltamos que todos os procedimentos tramitam sob sigilo nos CRMs, conforme artigo 1º do Código de Processo Ético-Profissional (Resolução CFM 2306/2022)". A reportagem solicitou um novo posicionamento ao CRM e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Em meio a todo esse tempo de espera e o luto pela perda da mãe, Hanniel conta que, depois de seis meses, a saudade e a dor da partida tão precoce ainda é sentida pela família. “Não tem sido muito fácil lidar com a perda da minha mãe, justamente pela forma que aconteceu. Acredito que a gente nunca espera uma morte, principalmente de uma pessoa nova, cheia de vida. Mas, nesses seis meses, parece que tudo isso aconteceu ontem, porque não mudou nada, continua o sofrimento. A gente continua sentindo a falta, principalmente porque a gente morava juntos”, lamenta Hanniel.
O caso
Segundo a família, Sheila teria recebido atendimento médico inadequado após passar por uma cirurgia para retirada de pedra na vesícula, realizada em 12 de junho. O procedimento era considerado simples e eletivo, porém, no dia seguinte, ela apresentou piora, com dores intensas e vômitos frequentes.
Ainda de acordo com os familiares, apesar das solicitações por nova avaliação durante a madrugada, Sheila só teria recebido atendimento médico efetivo no dia seguinte. No dia 14, já em estado grave, foi transferida para a UTI e submetida a uma segunda cirurgia, após diagnóstico de perfuração intestinal e infecção.
Os relatos da família apontam ainda que, durante a madrugada do dia 13, Sheila não foi examinada por um médico de plantão, apesar dos pedidos feitos por acompanhantes e pelo marido. Segundo eles, apenas medicações foram administradas por enfermeiros.
Com o agravamento do quadro, Sheila foi encaminhada à UTI no dia 14 para uma cirurgia no intestino, motivada por uma lesão que, segundo a família, teria ocorrido durante o primeiro procedimento que teria ocasionado uma infecção bacteriana. No dia 15, Sheila sofreu uma parada cardíaca e faleceu.
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