Caso Sheila: advogado vai solicitar inquérito policial para apurar suposto homicídio por erro médico
A medida busca responsabilização, diante das suspeitas levantadas pela evolução do quadro clínico de Sheila, que morreu após complicações no pós-operatório de uma cirurgia de vesícula
O advogado Raul Ferraz, que representa a família de Sheila Belúcio, que faleceu no último dia 15 de junho após suposto erro médico, está providenciando o requerimento para instauração de inquérito policial para apurar possível crime de homicídio contra a equipe médica responsável pelo atendimento. A medida busca responsabilização, diante das suspeitas levantadas pela evolução do quadro clínico de Sheila, que morreu após complicações no pós-operatório de uma cirurgia de vesícula.
“Eu estou requerendo a instauração de inquérito policial para apuração de crime de homicídio contra a equipe médica”, detalha Ferraz. A medida vem após a família de Sheila protocolar uma denúncia no CRM por suposta negligência e erro médico no atendimento prestado à paciente. No documento, protocolado no dia 24 de junho, os familiares pedem apuração rigorosa do caso, com investigação da conduta dos profissionais envolvidos e do hospital, para verificar a ocorrência de suposto erro médico, negligência ou imperícia.
No CRM
Além do pedido de investigação criminal, o advogado apresentou um aditamento à denúncia protocolada junto ao Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA), informando os nomes dos profissionais envolvidos e anexando cópia do prontuário médico, cedido pela unidade hospitalar. “Apresentei ao CRM um aditamento informando os nomes dos médicos envolvidos na cirurgia e fornecendo cópia do prontuário”, confirma o advogado. Procurado, o CRM ainda não se posicionou sobre esse aditamento.
Análise no prontuário
O advogado informa que uma análise técnica feita no prontuário revela de forma sintética a existência de um risco previsto, a partir da descrição cirúrgica, ao relatar "múltiplas aderências no abdômen e a necessidade de liberação dessas aderências" — relacionando à primeira cirurgia feita por Sheila.
Ainda segundo a análise feita no documento, apesar da complexidade e dos riscos agregados por esta extensa manipulação, a nota operatória concluiu que o procedimento transcorreu "sem intercorrências" e a previsão de alta foi estabelecida para 24 horas. Após a cirurgia, os registros médicos e de enfermagem disponíveis tornam-se escassos e protocolares, falhando em descrever uma evolução clínica que, inevitavelmente, deve ter sido de progressiva piora.
Já na tarde do dia 14 de junho, segundo a análise do prontuário, a paciente apresentou um quadro de "abdômen agudo perfurativo" e "choque séptico de foco abdominal", sendo indicada uma laparotomia de urgência. A paciente foi levada ao bloco cirúrgico já em estado gravíssimo, "cianótica, hipotensão e taquicardia, sem débito urinário quantificável".
Por conta desse agravamento, uma segunda cirurgia foi necessária. O procedimento, iniciado às 19h34 do dia 14 de junho, revelou a causa da complicação: "aderência intestinal ocasionando torção e isquemia de segmento de delgado com perfuração do mesmo". Após o procedimento, foi transferida para a UTI, onde, apesar de todas as medidas de suporte intensivo, evoluiu com parada cardiorrespiratória e óbito às 16h17 do dia 15 de junho.
Relembre o caso
Segundo o relato dos familiares, Sheila foi internada no dia 12 de junho no Hospital Rio Mar, em Belém, para retirada de pedra na vesícula, com exames pré-operatórios que não apontaram riscos. No entanto, no dia seguinte à cirurgia, começou a apresentar dores intensas e vômitos constantes.
Acompanhantes informaram que pediram atendimento médico várias vezes durante a madrugada, mas a paciente não foi examinada por um médico de plantão. O filho da vítima, Hanniel Oliveira, e o marido, Jonathan Belúcio, relatam que a equipe limitou-se à aplicação de medicamentos e que o suporte médico adequado só foi disponibilizado horas depois, quando a situação já havia se agravado.
Ainda no sábado, 14 de junho, Sheila foi transferida para a UTI e submetida a uma nova cirurgia de emergência, desta vez no intestino. Segundo a família, essa segunda intervenção foi motivada por uma lesão supostamente causada na primeira cirurgia, que teria provocado uma infecção bacteriana, evoluindo rapidamente para um quadro de infecção generalizada. Sheila sofreu uma parada cardíaca no domingo e não resistiu.
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