Atletas de tiro esportivo enfrentam dificuldades para emitir documentos na PF do Pará, diz federação
A lentidão e a falta de respostas claras estariam paralisando atividades esportivas
A Federação de Tiro Esportivo do Pará afirma que atiradores, colecionadores e caçadores (CACs) enfrentam dificuldades para obter documentos essenciais ao transporte e regularização de armas na Polícia Federal (PF). A situação teria iniciado desde que a responsabilidade desses processos passou do Exército Brasileiro para a PF, em agosto deste ano. Segundo a entidade, a lentidão e a falta de respostas claras paralisam atividades esportivas e impediram atletas de competirem em eventos nacionais.
O vice-presidente da federação, Marcelo Nunes, afirma que a transição deveria ter sido acompanhada de procedimentos contínuos, mas os atendimentos no Pará enfrentam dificuldades. Marcelo relatou que outros estados não enfrentam o mesmo problema. “A gente já recebeu retorno de outras federações informando que em estados vizinhos tudo funciona normalmente. Emissão de guia, novos CRs, registro de arma. Aqui simplesmente não anda”, diz.
Os problemas incluem a não emissão de novos Certificados de Registro (CR), a paralisação de transferências de armas entre atiradores e o atraso extremo na liberação das guias de tráfego, documento obrigatório para deslocamento legal do armamento.
“O atirador tenta transferir sua arma, tudo dentro da lei, tudo certinho, mas o processo não anda. Eles recebem o protocolo e nada acontece”, afirmou. Ele acrescentou que despachantes e clubes também relatam acúmulo de processos parados.
Esclarecimento
Marcelo diz que a federação tenta contato com a Polícia Federal, mas não recebe informações objetivas sobre prazos. “Quando a gente entra em contato, eles dizem que o sistema está ruim ou que falta assinatura. Falam que estão recebendo os processos e organizando, mas que serão analisados no momento oportuno. Só que esse momento não chega”, declara.
Segundo Marcelo, trata-se de um prejuízo grave. “Você imagina um atleta de tiro sem a arma que usa há anos. É como pedir para um arqueiro competir usando o arco de outra pessoa. É inviável”, lamentou. Ele também disse que há casos de atiradores aguardando há cerca de 90 dias por uma única guia de tráfego, que antes era emitida em poucos dias. “Antes você pagava a GRU e em quatro ou cinco dias a guia estava pronta”, relatou.
As normas atuais exigem que o atleta solicite uma guia específica para cada clube ou destino, o que torna o atraso ainda mais prejudicial. “Nem isso está sendo possível. O atleta não consegue sequer ir ao clube treinar porque, sem a guia, está ilegal”, explicou Marcelo.
O dirigente alega que todos os tipos de processos estão paralisados. “Não é só guia de transporte. É tudo. Novas aquisições, transferências, novos CRs. Não tem andamento”, reforçou. A federação afirma que continuará buscando diálogo com a Polícia Federal e busca uma solução para que as demandas do setor sejam atendidas.
Impacto
A situação já tem impacto direto no esporte. Atiradores paraenses inscritos na final do Campeonato Brasileiro, no Rio de Janeiro, não conseguiram competir usando seus próprios equipamentos porque não receberam as guias necessárias para transportar as armas.
Flávio Mansos, dirigente da Federação Paraense de Tiro Esportivo, diz que a burocracia na emissão da documentação pela Polícia Federal no estado, para o transporte das armas, tem inviabilizado a participação de competidores. Segundo Flávio, são as guias de trânsito emitidas em Belém que têm travado o processo. “Como eles vão levar o equipamento sem essa guia? São armas de fogo e, para nós esportistas, são equipamentos necessários para a competição”, destacou.
Flávio relata que 12 atletas iriam representar o Pará na competição, porém 11 deles desistiram da viagem pela ausência do documento. O dirigente afirma que os atletas já procuraram a Polícia Federal no Pará, mas nada é resolvido. De acordo com o dirigente, a emissão da guia costuma ser solicitada com antecedência de dois meses a 45 dias e não chega a tempo.
“Nós não conseguimos obter celeridade. Fomos pessoalmente à Polícia Federal e recebemos atendimento somente de funcionários que pediram a documentação que eu já tinha enviado. Não pudemos falar com o delegado responsável pela área”, relata.
Flávio alerta que outras competições também têm sido prejudicadas. “Essa questão não é somente com a final da competição nacional. Também ocorreu em outros torneios, como o Norte e Nordeste. Os documentos não estão chegando a tempo para as competições”, lamenta Flávio.
A reportagem solicitou posicionamento da Polícia Federal e aguarda a resposta.
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