Alagamentos diminuem, mas diversos pontos ainda apresentam problemas em Belém
População aponta melhorias no saneamento, mas avalia que ainda há muito a se fazer pelos bairros da cidade
Nessa época de chuvas constantes, boa parte da população de Belém enfrenta um velho problema: os alagamentos que ocorrem, principalmente, nas áreas próximas dos canais ou nas partes mais baixas de periferia da cidade, como nos bairros do Marco, Canudos, Terra Firme, Guamá e Condor. Enquanto moradores de alguns bairros apontam melhorias a partir do começo deste ano, em outros a população aponta a persistência das dificuldades e requer ações imediatas para minimizar os dramas diários.
“Se comparar com os outros ‘invernos’ este ano já melhorou bastante aqui, porque já tem asfalto e quando não tinha era só lama, chovia e enchia rápido. Agora não, já tem asfalto e quando chove enche, mas seca rápido. E só enche quando a chuva é bem forte e o canal está cheio. O que falta mesmo é fazer as muretas do canal, porque está como era antes. Aí quando o canal enche, a água passa rápido pra dentro da rua e alaga”, conta Jefferson Lima, 35 anos e autônomo, que trabalha na travessa Mauriti com o canal José Leal Martins, no bairro do Marco.
No entanto, bem lá próximo, na Mauriti com a passagem Hortinha, a situação ainda não mudou em nada. “Nesse pedaço aí quando chove sempre alaga e nem precisa ser chuva forte. Qualquer chuvinha de trinta minutos enche”, completa o trabalhador.
Já na baixada da rua Cipriano Santos, onde existe um canal com o mesmo nome e se estende do bairro da Terra Firme até Canudos, moradores e trabalhadores dizem que em 2021 ainda não sofreram com os históricos alagamentos que ocorriam há décadas na área.
“Antes minha vida tinha um prejuízo muito grande, porque trabalho com público e não conseguia faturamento, já que as pessoas ficavam todas ilhadas e prejudicava muito a vida da população em geral e nossa como autônomos. Agora, a melhora é perceptível e o canal não transbordou nesse inverno”, afirma o empreendedor Francisco Uchôa, 34 anos, que trabalha na margem do canal e mora em uma rua próxima.
Eles afirmam ainda que a situação melhorou cerca de 70% devido ao avanço das obras da Bacia do Tucunduba, que passa próximo, e também pelas ações de limpeza, dragagem e drenagem realizadas pela atual gestão municipal desde o começo de janeiro.
“Os alagamentos em toda essa área do canal, de uma ponta a outra, melhorou em 70%. Este ano ainda não alagou. Se fosse essas chuvas de agora em outro período, como no ano passado, estaria tudo alagado. Graças a Deus em 2021 ainda não alagou nada. Creio que foi por causa das obras de prolongamentos e abertura da Bacia do Tucunduba, que passa aqui atrás e corta o canal da Cipriano Santos. Agora a gente vê que tem o escoamento de muita água. Quando essa obra acabar, vai melhorar ainda mais a nossa situação”, observa Uchôa.
Mas os moradores e trabalhadores da Cipriano reforçam que precisa melhorar ainda as questões que envolvem o asfaltamento da via, tapamento de buracos e bueiros e fazer reforma das muretas do canal, que em muitos trechos não existem e oferecem riscos para as crianças e os animais.
Para moradores da Bernardo Sayão, a situação está até pior
Já para outros a condição continua na mesma ou até pior. Pois, no “inverno amazônico” ainda precisam conviver com frequentes alagamentos e sujeiras, além do mau cheiro que vem de canais ao ar livre na cidade.
É o que acontece com moradores que vivem na avenida Bernardo Sayão, conhecida como “Estrada Nova”, no trecho que vai das avenidas José Bonifácio até a Alcindo Cacela, envolvendo os bairros do Guamá e Condor.
“Aqui alaga tudo, até minha casa, com as chuvas fortes e marés altas. Quando a maré está baixa, não enche muito, mas é muito fedor. Além disso, o canal em todo esse trecho está todo assoreado. Tinham passagens aqui que nunca alegaram, mas agora enchem bastante como as passagens Joana D`Arc e São Cristóvão”, reclama uma moradora da área, que tem 24 anos e trabalha com a venda de alimentos.
Durante o tempo que ela vive lá, afirma que a Prefeitura só capina e não limpa de verdade o canal. “Nesse tempo todo, aqui só piorou e essa obra da Macrodrenagem da Bacia da Bernardo Sayão nunca chega nesse trecho aqui e a gente sofre até hoje”, critica.
Sesan destaca que realiza Ação de Limpeza Emergencial em diversos bairros
Em nota, a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) disse que realiza, desde o dia 13 de janeiro, a Ação de Limpeza Emergencial, programada para durar 100 dias, com ações que envolvem: recolhimento de entulhos, manutenção de macro e micro drenagem, limpeza mecânica e manual de canais, limpeza e desobstrução de bueiros, capinação, raspagem de vias e logradouros.
Além de coleta de lixo domiciliar e varrição de vias e logradouros de forma intensificada, contando com cerca de dois mil homens. "Um dos objetivos da ação é amenizar os impactos causados pelas fortes chuvas deste período do ano".
A ação já passou pelos bairros da Terra Firme, Marco, Condor, Campina, Mangueirão, Cremação, Guamá, Pedreira, São Brás, Nazaré, Jurunas, Batista Campos, Umarizal, Sacramenta, Bengui, Cidade Velha, Icoaraci, Reduto e Águas Lindas. "Ela passará por todos os bairros de Belém, conforme cronograma de atividades da Sesan", afirma a Secretaria.
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