Acidentes nas rodovias federais do Pará crescem quase 5% nos primeiros 7 meses de 2025, aponta PRF
De janeiro a julho deste ano, foram 573 ocorrências, contra 546 no comparativo com o mesmo intervalo de 2024
As rodovias federais do Pará tiveram um aumento de 4,9% no total de acidentes entre janeiro e julho de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024. Nos sete primeiros meses deste ano, foram 573 ocorrências, contra 546 no comparativo com o mesmo intervalo do ano passado. Já nos casos com morte, em 2024, foram 112 registros, enquanto em 2025 esse número caiu para 100, representando uma redução de 10,7%. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgados pelo Ministério dos Transportes. Nesse cenário, especialistas reforçam a necessidade de maior cuidado ao dirigir.
O Pará também registrou um aumento de quase 8% no total de acidentes em rodovias federais entre 2023 e 2024. O número de ocorrências passou de 899 para 970 de um ano para outro. Entretanto, na contramão desse cenário, um balanço do Departamento de Trânsito do Estado (Detran) aponta que, em 2024, foram contabilizados 30.526 acidentes nas rodovias estaduais, sendo 86 a menos em 2023. De acordo com o Detran, entre as principais causas dos acidentes nas rodovias estaduais, em 2024, estão a falta de atenção (9.405 ocorrências), manobra irregular (3.012) e perda do controle do veículo (2.538).
O tema ganha destaque neste mês de setembro, período em que se celebra a Semana Nacional de Trânsito (SNT), conforme prevê o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A programação da Semana Nacional de Trânsito começou na última quinta-feira (18) e segue até o dia 25 de setembro. Além das blitz educativas, estão previstas palestras, simpósios e workshops voltados à promoção de um trânsito mais seguro e sustentável, com atividades em vias, escolas, empresas e instituições, organizadas pelo Detran. As ações ocorrem em diferentes pontos de Belém, além de Santarém, no Baixo Amazonas, para conscientizar condutores e pedestres sobre a importância de respeitar as leis.
Agravantes
Diversos fatores contribuem para o alto índice de acidentes, como aponta o especialista em trânsito, Benedito França. No caso dos condutores, alguns dos riscos diários envolvem a falta de manutenção preventiva do veículo ou da motocicleta. França também alerta que o comportamento inadequado de motoristas e motociclistas são as principais causas de acidentes no dia a dia, independentemente do tipo de via ou localização - seja em localidades urbanas ou rurais.
Por mais que seja uma orientação recorrente, segundo o especialista, é fundamental que os condutores estejam atentos e dirijam de forma responsável. “As imprudências mais comuns são: o excesso de velocidade, a falta do uso de segurança, principalmente no banco de trás, e o uso do celular. Hoje, usar telefone ao dirigir é a terceira maior causa de sinistros de trânsito no Brasil. Observa-se, também, a realização de ultrapassagens em locais proibidos pela sinalização. Já pelos motociclistas, observamos o não uso do capacete”, observa.
“E ainda, há os casos dos caronas dos motociclistas que usam o celular e, ao invés de se segurarem na motocicleta, ficam distraídos no celular. O avanço de sinal vermelho também é uma infração também de natureza gravíssima. Com isso, tem-se uma probabilidade enorme de causar sinistros, principalmente por colisão, veículos, seja automóveis com automóveis, automóveis com motocicletas e o que é pior, atropelamento de pedestres”, acrescenta o especialista.
França destaca outros problemas que impactam diretamente a segurança nas vias. "O excesso de buracos e irregularidades no pavimento das vias públicas, bem como a ausência de sinalização horizontal e vertical, são problemas significativos. Esses pontos críticos podem ser encontrados tanto em avenidas e artérias urbanas quanto em rodovias, aumentando consideravelmente as chances de ocorrências”, relata.
Acidentes com motocicletas
Benedito França destaca que, atualmente, os sinistros de trânsito mais recorrentes envolvem motociclistas, cujos acidentes, mortes e lesões representam o maior desafio para o Estado brasileiro. Os dados da PRF confirmam essa tendência e mostram que alguns tipos de veículos se repetem entre os mais envolvidos em acidentes nos últimos três anos. Em 2023, os maiores números foram registrados entre caminhão-trator, com 230 sinistros, seguido de motocicletas, com 192 ocorrências, e automóveis, com 190 registros.
Também segundo os dados da PRF, em, 2024, a maioria dos casos de acidentes se manteve com o caminhão-trator, que chegou a 252 casos, enquanto as motocicletas tiveram 218 registros e os automóveis, 174. Já em 2025, até o momento, os três veículos mais envolvidos continuam os mesmos, mas em números menores: caminhão-trator aparece com 155 sinistros, motocicletas com 120 e automóveis com 109.
Em meio a alta dos acidentes, os atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) vêm registrando números significativos, segundo dados do Ministério da Saúde. O Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS) registrou 12.799 casos em 2022, 11.560 em 2023 e 21.954 em 2024, quase o dobro em relação ao ano anterior. Também foram contabilizados 13.119 procedimentos em 2022, 15.117 em 2023 e 17.621 em 2024 - também causados por conta de sinistros viários.
De acordo com o Ministério da Saúde, os números correspondem ao total de registros, e não ao de pacientes, já que uma mesma pessoa pode ter sido atendida mais de uma vez. Ainda segundo o MS, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) segue protocolos de Suporte Básico e Avançado de Vida no atendimento às vítimas de trânsito. As diretrizes incluem avaliação inicial, estabilização, manejo das vias aéreas, controle de hemorragias, suporte ventilatório, imobilização e demais intervenções necessárias até a chegada ao serviço de saúde.
Horários dos acidentes
O especialista em trânsito aponta que, além dos casos com motociclistas, também são frequentes as colisões entre diferentes tipos de veículos - automóveis entre si, automóveis com motocicletas ou bicicletas - e os atropelamentos. França também alerta para o período das fatalidades. “Grande parte dos acidentes ocorrem principalmente nas horas de pico, entre 7 horas e 9 da manhã, depois das 11 horas da manhã até às 14 horas e, posteriormente, das 17 às 21 horas”, observa.
“E também temos os acidentes que ocorrem no período noturno e durante o período da madrugada, que são os que envolvem a prática do excesso de velocidade e de alguns motoristas e motociclistas que ainda insistem no uso da bebida alcoólica ou outra determinada substância proibida para o consumo de motoristas e motociclistas”, completa o especialista.
Recomendações
Segundo Benedito França, a direção defensiva é um dos pontos-chave para reduzir acidentes. E que motoristas e motociclistas podem procurar instituições como o Sest/Senat ou o Senai para realizar cursos específicos. Entre as recomendações de segurança, no caso dos motociclistas, o especialista ressalta a importância do uso de equipamentos de segurança: capacete com viseira e queixeira, afivelamento adequado, além de botas ou calçados apropriados. Para os pedestres, a recomendação é utilizar sempre a faixa de travessia, passarelas e calçadas, evitando cruzar rodovias ou vias arteriais.
França lembra também o respeito aos limites de velocidade e às faixas de tráfego. Ele reforça que os veículos devem manter-se dentro das faixas demarcadas, sem trafegar sobre as linhas longitudinais. Outra orientação é não dirigir colado ao carro da frente. “Se o veículo da frente parar bruscamente, quem estiver muito próximo corre grande risco de colisão. Respeitar a distância de segurança é essencial”, detalha Benedito.
O especialista ainda chama atenção para o uso correto do cinto de segurança, considerado fundamental para evitar lesões graves. Ele explica que todo sinistro envolve duas colisões: a primeira entre veículos ou contra objetos fixos; a segunda, entre o ocupante e o interior do automóvel. “A função do cinto é evitar essa segunda colisão. Por isso, o uso é obrigatório tanto nos bancos dianteiros quanto nos traseiros”, destaca.
No caso das crianças, ele lembra que o transporte deve seguir alguns critérios, como o uso de cadeirinha, assento de elevação e, a partir dos 10 anos de idade ou altura mínima de 1,25m, o uso direto do cinto de segurança.
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