MENU

BUSCA

Alto Fluxo: entenda a técnica que reforça cuidados contra a covid-19 nos hospitais

Alternativa às máscaras das UTIs de covid-19, ela leva mais oxigênio aos pulmões de pacientes

João Thiago Dias e Tarso Sarraf

A Cânula Nasal de Alto Fluxo (CNAF) é uma máquina que ganhou destaque para salvar vidas em meio à pandemia da covid-19. Em comparação ao uso convencional de oxigênio, ela é uma alternativa inovadora de suporte respiratório, não invasiva, sem máscara e mais confortável, recomendada para pacientes com insuficiência respiratória aguda. O dispositivo fornece oxigênio umidificado e aquecido, via cânula nasal, a um fluxo contínuo que pode atingir até 60 litros por minuto e uma fração de oxigênio de até 100%. 

Em alguns hospitais particulares de Belém, a máquina já é usada. De acordo com o fisioterapeuta respiratório Átila Jamil Oliveira, que trabalha na parte assistencial de dois hospitais privados da capital, esse tipo de terapia é coadjuvante essencial no combate à insuficiência respiratória por covid-19, agindo diretamente na redução do esforço respiratório e na correção da hipoxemia (baixa de oxigênio sanguíneo).

"Por ser um suporte ventilatório não invasivo e instituído apenas nas narinas, não causa, mesmo sendo aplicado um fluxo turbulento, a sensação de claustrofobia, geralmente relatada por aqueles que fazem uso da máscara de ventilação não invasiva (VNI) por Cpap. O principal objetivo da terapia é diminuir o risco de progressão da insuficiência respiratória para um quadro mais grave, que chamamos de P-SILI (Lesão Pulmonar Autoinfligida)", comentou.

As orientações para uso estão nos protocolos clínicos e diretrizes fisioterapêuticas no enfrentamento da covid-19, do Sistema do Conselho Federal e Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. O fisioterapeuta Átila Jamil destacou que a CNAF não age de forma preventiva, ou profilática, evitando a progressão da covid-19. "Ou seja, em casos em que a terapia não apresenta os efeitos desejados, a intubação orotraqueal e a instituição da ventilação mecânica invasiva é imprescindível", ponderou.

Maior frequência de uso


No Hospital Beneficente Portuguesa, no bairro do Umarizal, em Belém, a cânula de alto fluxo passou a ser usada com mais frequência depois que a pandemia começou. O médico Vitor Mateus, à frente da Governança Assistencial do Beneficente Portuguesa, explicou que a indicação é para pacientes com desconforto respiratório que não conseguem melhora com o cateter nasal tradicional, que chega a cinco litros de oxigênio por minuto, ou com a máscara com reservatório, que pode chegar a 15 litros de oxigênio por minuto.

"O paciente não precisa ficar entubado. Há um aporte maior de oxigênio que chega a 60 litros por minuto. É um aparelho que coloca pressão e volume de oxigênio para colocar no pulmão do paciente. É um cateter acoplado a uma bolsa que fica vinculada a ele", detalhou o médico. "Existem modalidades para suporte de oxigênio ao paciente, de acordo com a gravidade do caso, nesta ordem: cateter nasal; ventilação não invasiva (máscara com reservatório); cateter de alto fluxo; e intubação orotraqueal com ventilação assistida", acrescentou.

"O paciente não precisa ficar entubado. Há um aporte maior de oxigênio que chega a 60 litros por minuto. É um aparelho que coloca pressão e volume de oxigênio para colocar no pulmão do paciente. É um cateter acoplado a uma bolsa que fica vinculada a ele", detalha o médico Victor Mateus

Dentre outras orientações para uso, a cânula deve ser adequada para o tamanho das narinas do paciente. Além disso, é fundamental que o paciente mantenha a boca fechada para que não haja escape de ar. É importante também que não se postergue a intubação orotraqueal, caso não haja resposta entre um tempo de 30 minutos a no máximo uma hora. 

"O aparelho fica ligado 24h no paciente e pode ser utilizado em adultos a partir de 18 anos. Pode criar uma volumetria de acesso ao oxigênio de acordo com a saturação. Em pacientes que tenham DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica], por exemplo, pode ser que não responda bem ao cateter de alto fluxo. Mas depende de paciente para paciente", observou Vitor Mateus.

 

Belém