Agricultores protestam contra instalação de aterro sanitário em Benevides
Na área onde o aterro seria instalado, moram 1.500 famílias de agricultores
Moradores da Comunidade Nelson Mandela, em Benevides, na Região Metropolitana de Belém, interditaram vias de acesso ao local, em protesto contra a intenção de uma empresa de instalar um aterro sanitário na área onde residem 1.500 famílias de agricultores. O protesto começou na manhã desta quinta-feira (18) e seguiu até a noite. A intenção dos manifestantes é retomar o ato nesta sexta-feira (19). Em Nota, o Governo do Estado informou: "A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) não recebeu, até o presente momento, nenhum pedido de licenciamento de aterro sanitário em Benevides".
"Só vamos sair daqui quando a gente se reunir com o Poder Público, para tratar do assunto, porque não queremos que venha o aterro sanitário para cá", destacou uma manifestante, que prefere não se identificar.
Ela destacou que pessoas ligadas à empresa em questão estiveram no local nesta quinta-feira. "Existem propostas sendo divulgadas, mas nada foi acertado, não. Nós não queremos o aterro aqui", enfatiza.
Tensão
O advogado Ilson Pedroso atua na defesa dos interesses dos moradores da Comunidade Nelson Mandela. Ele informa que tramitam dois processos com relação à área, um envolvendo da empresa antiga proprietária e um outro, de uma empresa de Santa Catarina, que adquiriu o terreno no processo de execução contra a primeira organização. Por determinação da Justiça, está suspenso ato de imissão na posse até julgamento de recursos no processo.
Ocorre que os moradores descobriram que a empresa apontada como dona da área propõe a retirada das famílias do local para execução de um projeto de aterro sanitário. Dessa forma, além da manifestação, os moradores buscam tratar do assunto com dirigentes e técnicos da Prefeitura de Benevides, do Governo do Estado e do Tribunal de Justiça do Pará. "Comissões de moradores vão buscar os órgãos para mostrar os impactos da instalação de um aterro sanitário na área", ressalta Ilson Pedroso.
Segundo a manifestante ouvida pela reportagem, a Comunidade Nelson Mandela reúne 1.500 famílias morando no local desde 2007. "Quem mora aqui são agricultores que abastecem a região, e eles querem que a gente saia daqui para instalar um aterro sanitário. Hoje mesmo, chegaram quatro carros com pessoas, com um drone, para demarcar o terreno", relatou. A empresa teria proposto doar uma pequena parte da área para um número limitado de famílias, o que é questionado pelos agricultores.
Os manifestantes interdiram as vias de acesso à área com 150 mil metros quadrados, bloqueando as entradas a partir do Murinim e da Estrada do Mosqueiro. A reportagem buscou por uma posição da Prefeitura de Benevides, mas até o momento ela não se manifestou.