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Abrigo João de Deus: oásis para quem já sofreu muito nas ruas

Pessoas são acolhidas no espaço, que tem nas doações sua fonte de sustento, ao longo do ano

Eduardo Rocha

Ao longo da caminhada de muitas pessoas em situação de rua em Belém (PA), há um espaço funcionando como um verdadeiro oásis no bairro histórico da Cidade Velha. É o Abrigo João de Deus, fundado há 41 anos pelo padre Francisco Gugliotta, da Ordem dos Padres Xaverianos, e colaboradores. Atualmente, graças a doações de pessoas físicas e jurídicas, o Abrigo, administrado pelas Irmãs Missionárias de Jesus Bom Samaritano, vinculadas à Arquidiocese de Belém, abriga 34 pessoas, cada uma com uma história de vida singular e também marcada por muitos desafios. 

É o caso, por exemplo, de Márcio Monteiro da Rocha, 45 anos. Ele nasceu em Marabá, no sudeste do Estado, e chegou ao espaço em 2019, após ter sofrido um acidente na rodovia BR-316. "Eu morava na rua, na área da feira e mercado de São Brás, era usuário de drogas e álcool", relata. "Aqui, começou a mudança da minha vida, a minha família é aqui!', afirma Márcio. "Foi aqui que eu atendi ao chamado de Deus e hoje sigo o Evangelho", completa. 

Já Angelina Firmina Neta, 56 anos, nasceu no estado de Pernambuco. Ela morava na rua. "Aí me trouxeram para cá. Eu estou morando aqui há muito tempo, graças a Deus. Sou muito feliz aqui, tenho minha cama para dormir, minhas roupinhas de vestir, tenho meus calçados, tenho tudo que as pessoas dão para a gente", afirma.


Em serviço

O Abrigo funciona na travessa Joaquim Távora, 305, entre Cametá e Dr. Malcher, na Cidade Velha. Tem como coordenadora e diretora de Assistência Social a irmã Maria Goreth Soeiro, 36 anos. "Nós atendemos a pessoa em situação de rua, que está na rua doente, sem referência familiar, que não tem onde dormir, passando fome. Muitas delas chegam aqui bastante desnutridas, com várias doenças graves”, conta a irmã.

O Abrigo recebe pessoas adultas e também idosos. Muitos provenientes do mundo das drogas e álcool e outros com transtornos mentais. Quem se recupera, vai embora, mas alguns ficam na Casa. No espaço, as pessoas recebem o café da manhã, lanches, almoço, jantar e a ceia da noite (para os idosos). 

Solidários

Além da Providência Divina, em primeiro lugar, como frisa a irmã Goreth, o Abrigo vive de doações. Recursos vêm na maioria das vezes de eventos que a Casa promove, como as Tardes Alegres, com apoio do Grupo Liberal. Donativos são repassados por escolas, igrejas e empresas. 

"As pessoas que necessitam são para nós um meio de a gente promover a misericórdia, o bem, a solidariedade; a pessoa física fica incompleta se não desenvolverem algo em prol do seu semelhante, e também as pessoas jurídicas não vão ser comprometidas com a sociedade se não fizerem algo em prol daqueles que mais precisam", pontua a Irmã Goreth.

Podem ser doados ao Abrigo: alimentos, sobretudo, proteína (carne, peixe, frango); material de higiene; vestuário; medicamentos, material de limpeza. As doações podem ser entregues na sede do Abrigo; se em grande quantidade, podem ser encaminhadas a partir do número 3241-3195, WhatsApp (98038-6816) e ainda por Pix (04.347.035.0001.52).

Belém