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12% das mulheres que dão à luz anualmente na Santa Casa são adolescentes

Especialistas afirmam que gravidez na adolescência pode trazer riscos à saúde e contribuir para o aumento de problemas sociais.

O Liberal

Segundo dados divulgados pela maternidade da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), 12% das mulheres que dão à luz anualmente na instituição são adolescentes. Só no ano passado, dos 7.690 partos realizados na maternidade, 980 foram de adolescentes. De acordo com especialistas, a gradivez neste período da vida pode ocasionar problemas de saúde nas gestantes muito jovens.

“A gestação na adolescência oferece riscos físicos, emocionais e sociais. O principal risco físico, o mais conhecido, é o da pré-eclâmpsia. Mas, existem outros, como a paciente que engravida e desenvolve uma gravidez molar, por exemplo, que tem um risco maior da doença se tornar mais grave nas adolescentes” explica a ginecologista coordenadora da maternidade, Marília Gabriela Luz.

Segundo a médica, há também o risco de não adesão ao pré-natal e de seguir as orientações, o que pode ocasionar outros problemas de saúde e até o óbito materno e óbito fetal, por essa grevidez muitas vezes não ter sido planejada e cuidada.

A Santa Casa tem uma maternidade que é referência estadual na gestação de alto risco. Além disso, como forma de prevenir a recorrência da gravidez na adolescência, ou uma gravidez não planejada, desde 2019, a Santa Casa oferece a realização de implantação do Dispositivo Intra Uterino (Diu) no pós parto e pós aborto. No caso em que a mulher opta por não aderir ao Diu, ela recebe orientação sobre outros métodos contraceptivos já na maternidade ou no retorno ao atendimento ambulatorial.

Lene e Brenda são mãe e filha. Em comum, além da relação familiar, elas têm a experiência de terem engravidado ainda adolescentes. Lene Matos, hoje com 37 anos e seis filhos, sabe a grande responsabilidade que é a maternidade e se preocupa que a gestação precoce atrapalhe os estudos da filha. “Eu fui mãe muito cedo, aos 14 anos, porque perdi minha mãe ainda criança e não tive orientação. Apesar disso, sempre tentei orientar minhas filhas. Mesmo assim, ela se apressou e quis logo ser mãe. Fico pensando se vai conseguir terminar os estudos”, conta a dona de casa.

Brena tem 17 anos, cursa o 6º ano e está no sétimo mês da segunda gestação. Na primeira, teve um parto prematuro em casa e acabou perdendo os bebês. Agora, na segunda gestação, apresentou sinais de parto prematuro novamente e foi encaminhada à Santa Casa. Apesar de ainda muito jovem, ela garante que desejava ser mãe e que se preocupa com a sua saúde e com a do bebê que espera. 

“Eu sinto muito medo que aconteça qualquer coisa comigo ou com o meu bebê. A médica falou que corro o risco de entrar novamente em trabalho de parto prematuro, mas já me passou o remédio para amadurecer os pulmões dele. Ela disse que se eu sentir qualquer coisa, devo vir imediatamente para cá, por isso estou mais tranquila”, afirma a adolescente.

“Além de uma gestação de risco, a gravidez na adolescência também pode contribuir para o aumento de problemas sociais. Quando a adolescente engravida, a vida dela dá uma estagnada, pois ela para de estudar. Então, ela perde o vínculo escolar e acaba criando uma dependência do companheiro ou da própria família, gerando um impacto social e econômico especialmente para as famílias das adolescentes de classes menos favorecidas”, avalia a assistente social do Ambulatório da Mulher da Santa Casa, Ana Márcia Serrão.

(Bruna Ribeiro, estagiária, sob supervisão de Jorge Ferreira, coordenador do Núcleo de Atualidades)

Belém