Barcarena inicia mobilização pelos 21 Dias de Ativismo e reforça importância da denúncia
Foco da edição de 2025 é incentivar a denúncia e quebrar padrões culturais que ainda naturalizam a violência contra a mulher.
A partir do dia 20 de novembro, Barcarena se une ao movimento nacional dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, uma campanha que convoca toda a sociedade a agir em defesa dos direitos das mulheres e pela construção de uma cultura de respeito e segurança. Com o tema “Não se cale. Denuncie. O silêncio mata!”, a edição deste ano faz um chamado à coragem e à conscientização, destacando que romper o silêncio é o primeiro passo para quebrar o ciclo da violência e salvar vidas.
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De acordo com Tânia Oliveira, coordenadora municipal de Políticas para as Mulheres, o diferencial da edição de 2025 está justamente no foco no incentivo à denúncia. “Embora o objetivo geral da Campanha seja o mesmo, mobilizar a sociedade pelo fim da violência contra a mulher, a cada ano escolhemos um tema que leve à reflexão. Em 2025, queremos enfatizar que o silêncio dentro de uma relação abusiva pode destruir a autoestima e até levar a consequências mais graves, como depressão e feminicídio”, explica.
Entre as ações de destaque da programação está a Corrida do Homem pelo Fim da Violência contra a Mulher, que será realizada no dia 7 de dezembro, como parte da Campanha do Laço Branco, movimento que estimula a participação dos homens no enfrentamento à violência. “O silêncio não é só das mulheres, é também dos homens diante da violência. Quando eles se manifestam, ajudam a quebrar a perpetuação do machismo”, destaca Tânia.
A coordenadora ressalta que os resultados da campanha vão além do imediato, provocando mudanças culturais e comportamentais. “Essas ações geram impacto a longo prazo, aumentando a consciência pública, reduzindo a naturalização da violência e mobilizando a sociedade em torno da causa”, afirma.
Os números reforçam a importância da mobilização: de acordo com dados da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Barcarena, o número de boletins de ocorrência tem aumentado nos últimos anos: 269 em 2021, 353 em 2022, 548 em 2023 e 631 em 2024. Para Tânia, o crescimento também reflete o trabalho de conscientização realizado pela Coordenadoria, com palestras, rodas de conversa e ações de visibilidade.
Outra novidade desta edição é a apresentação do Protocolo “Não Se Cale” aos estabelecimentos comerciais do município. A iniciativa, criada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual das Mulheres (SEMU), orienta bares, restaurantes e casas de show a atuarem na prevenção e acolhimento de mulheres em situação de assédio ou violência.
Os locais que aderirem à iniciativa receberão o Selo “Lugar Seguro para Mulheres”. “Essa ação vai de encontro ao tema da campanha, garantindo que as mulheres possam frequentar espaços de lazer sem medo de serem importunadas”, explica.
Segundo Tânia, o maior desafio ainda é romper a resistência cultural e a naturalização da violência, que persiste inclusive entre mulheres. “Há também limitações orçamentárias e necessidade de capacitação constante das equipes, mas nada é tão desafiador quanto desconstruir o machismo e envolver mais homens nesse processo”, pontua.
A coordenadora reforça que o enfrentamento à violência é uma responsabilidade coletiva. “Nenhuma política pública tem sucesso sem o engajamento da sociedade. Cada pessoa pode contribuir, seja denunciando, seja se recusando a rir de piadas machistas ou a reproduzir comportamentos violentos. A mudança começa nas pequenas atitudes”, conclui.
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