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Máquinas de escrever dão lugar a computadores em apenas seis anos RM em O Liberal

Jornalista com 42 anos de casa lembra das mudanças tecnológicas ao longo dos anos de jornal

Natália Mello

Uma história construída sob a luz da modernidade. Foram assim os 20 anos de Romulo Maiorana à frente de um dos principais jornais da região Norte do país. O Liberal inicia a primeira nova fase em 1966, já com a direção de Romulo, que implementou uma série de modificações estruturais no turno matutino, como a ampliação da equipe de profissionais na redação e aquisição de novos equipamentos.

Em texto publicado em novembro de 2019, o jornalista e colunista de O Liberal, João Carlos Pereira, remonta à fase de transformação que O Liberal foi submetido. O jornal que, outrora, em 1946, foi fundado pelo tenente Moura Carvalho, era um veículo que circulava às 16 horas, com apenas quatro páginas, para sustentar os planos políticos com Magalhães Barata.

Em apenas seis anos sob a batuta de Romulo, em 1974, após comprar a “Folha do Norte”, ele transferiu O Liberal para um prédio na rua Gaspar Vianna, máquinas de escrever foram substituídas por computadores, e foram implantados novos processos de composição e edição. Era, para os visionários da época, o início de uma nova Era da Comunicação.

O jornalista Jorge Ferreira, de 42 anos, lembra das mudanças tecnológicas ao longo de décadas de empresa. “Quando eu cheguei, já era esse tipo de máquina que se usava. Aí se passou um bom tempo até, não sei precisar o ano, até porque eu trabalhava na revisão, depois que eu fui para a redação. Aí chegaram essas máquinas lá na redação. O pessoal se empolgou, tipo uma empolgação de repórteres, né? Porque quando chegou a máquina lá, as facilidades começaram a chegar. Digitava e aparecia o teu texto”, conta.

Para todos, era uma novidade e, segundo o jornalista, de fato, nem os próprios repórteres e demais colegas esperavam que chegasse uma ferramenta de trabalho tão moderna. “Acho que foi o primeiro jornal que chegou. E daí foi ficando cada vez melhor. Os computadores foram ficando menores, porque quando chegou era grandão, parecia aqueles televisores grandes, mas era excelente, tu podia digitar ali o texto, e dali ele saía para o diagramador já pronto. Aí apareceu mais a figura do redator”, explica.

Jorge detalha como era feito o processo antes: o repórter tinha que digitar o texto na máquina, no papel pauta, depois, essa reportagem seguia para o setor de fotocomposição, que passava para o papel fotográfico. Em seguida, o revisor pegava esse material e corrigir, para depois mandar para a impressão.

“Era uma sequência até chegar na impressão”, diz. “O diagramador pegava e fazia aquele cálculo que tu fazias antigamente no papel, tinha que calcular com régua, tudo, pra ver os tamanhos, espaço de texto, tamanho de foto, para poder ser paginado. Com o computador você já foi melhorando, mas continuou ainda assim por um bom tempo, até a gente vir para cá. Quando a gente chegou aqui nessa redação”, ressalta.

O jornalista, atualmente chefe de reportagem do Núcleo Regional do Grupo Liberal, recorda a primeira vez que eu entrou na redação onde funciona, hoje, o jornalismo da empresa. O dia era 15 de julho de 1980, o primeiro dia dele no jornal. Sem saber como funcionava uma redação, tudo que viria a seguir era novidade. Aos 27 anos, Jorge, que antes sonhava em ser médico, como ele mesmo descreve, “empolgadíssimo”, viria a ter contato com “tudo que queria e não sabia”.

“Quando eu cheguei, descobri que era tudo que eu queria ser e não sabia. Eu entrei pela porta bem ali, olhei e vi essa parafernália todinha, esses computadores, tudo novo, cheirando a leite, a modernidade, um monte de coisa que tu não tinhas no passado. Aí eu pensei: mano, isso aqui é o futuro. É como se eu tivesse pulado do passado para o futuro”, finaliza Jorge.