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Mulheres de Ananindeua misturam rock clássico com folk amazônico

As Icamiabas lançaram o primeiro álbum em todas as plataformas digitais

Daleth Oliveira

Oito mulheres e um objetivo: evidenciar o protagonismo feminino no rock regional. Foi pensando nisso, que as integrantes da banda de Ananindeua “Icamiabas” lançaram, seu primeiro álbum, intitulado "Rebelião", no dia 30 de setembro, disponível em todas as plataformas digitais.

Expressando a regionalidade amazônida através da mistura de sonoridades, o grupo incorpora a percussão, como o marabaixo, djembe, caxixis e pau de chuva ao rock clássico com guitarra, baixo e bateria. Além disso, as sete faixas são focadas em temas amazônicos que, no ritmo do metal, expressam a memória cultural com letras que retratam lendas e fatos históricos da região. Sheila Moutinho, idealizadora da banda, conta que o processo de composição das letras do álbum foram a partir de muita pesquisa.

“São histórias contadas por pessoas mais velhas, como é o caso de “Tradição Quilombola”, que fala sobre a história do quilombo do Abacatal; o romance do conde Coma de Melo e da escrava Olímpia e das suas filhas, as três Marias, que originou as três primeiras famílias do Quilombo; a lenda de Beep Kororoti que foi matéria da revista UFO, uma lenda indígena kayapó sobre um guerreiro que veio do céu em sua canoa voadora; da tragédia do brigue palhaço ocorrida Cabanagem; enfim, temos esse cuidado de pesquisar bastante antes de compor nossas músicas, e por fim, fazemos o arranjo”, descreve a musicista.

A novidade contou com incentivo da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Cultura do Pará. Para Sheila, essa é a realização de um sonho buscado desde o início da banda, em 2017. “Para nós é um marco, lutamos muito para tornar realidade, 8 mulheres tocando uma mistura de rock com regional em um espaço que a maioria dos produtores e músicos são homens, as guerreiras Icamiabas chegaram para mostrar a riqueza temática que há no Pará e queremos mostrar do que somos capazes como mulher, musicista e paraense”, finaliza.

As Icamiabas

O nome da banda é inspirado no nome dado à lenda das tribos guerreiras que viviam na região amazônica. Compostas exclusivamente por mulheres, elas formavam uma sociedade matriarcal. A história provém dos relatos da literatura da época da expansão e exploração espanhola na região dos Andes, e posteriormente no livro Macunaíma, de Mário de Andrade.

A lenda das icamiabas fez com que os europeus fizessem um paralelo com a lenda das Amazonas, batizando assim toda a região onde habitamos hoje com o nome das guerreiras da mitologia grega.

Com esse nome, a banda tem a finalidade de mostrar que através da música, é possível celebrar e imortalizar as raízes culturais da Amazônia, usando como matéria prima o rico folclore e a história amazônica. “Tudo isso somado aos talentos das mulheres da nossa terra que lutam pela conquista e efetivação do espaço feminino na música autoral, principalmente no rock”, completa Sheila.

Fazem parte do grupo: Helen Caroline, no vocal; Wanessa Soli, na guitarra; Regiane Negrão, no baixo; Thalita Drumont, na bateria; e Néia Silva, Ana Terra, Vilma Monteiro e Sheila Moutinho na percussão.

Show neste domingo

No último domingo (17), a banda realizou a primeira apresentação em público desde o início da pandemia da covid-19. De acordo com a organização, foi um show beneficente no Black Pub, localizado na Arterial 18, na Cidade Nova. Neste dia, toda a renda arrecadada foi revertida para custear o tratamento de Clara Sophia, uma criança que tem autismo, epilepsia e precisa exportar um medicamento da Inglaterra, já autorizado pela Anvisa. O evento também teve a apresentação das bandas Roquerage, Marcelo Kahwage, Trilha Colateral, Kartel, Tio Chico, Coverplay, Tomarock, Sistema Vermelho e Georocks.

 

Ananindeua