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Livro de histórias em quadrinhos narra lendas de Ananindeua

Projeto da Biblioteca Comunitária Rosa Luxemburgo tem o objetivo de popularizar as lendas da cidade

Daleth Oliveira

Você já ouviu falar da lenda da Parteira Voadora? E da lenda do Velho Cruzeiro? Essas e outras lendas fazem parte do imaginário no município de Ananindeua, cidade da Região Metropolitana de Belém, e foram registradas no livro “Leitura e História em HQ: Contos de Ananin”, lançado em um evento na Universidade da Amazônia (Unama).

Por meio das histórias em quadrinhos, a idealizadora do projeto e fundadora da biblioteca Comunitária Rosa Luxemburgo, Fátima Afonso, conta que o objetivo é popularizar as histórias tradicionais da cidade, que ainda são pouco conhecidas pelas crianças, jovens e adultos da cidade.

“Quando perguntamos se alguém conhece as lendas que estão no livro, a resposta quase sempre é não. Quando se fala em Ananindeua com alguém de fora, só se lembra do viaduto. É como se a gente não tivesse identidade e cultura. Por isso, fizemos uma pesquisa e colocamos em prática o projeto do livro de quadrinhos, com a finalidade de fomentar nossa identidade cultural e as lendas fazem parte disso”, explica Fátima.

O projeto é resultado do esforço para registrar e fazer circular algumas das histórias do município, cuja pluralidade está longe de poder ser abarcada em um único volume, afirma Fátima. Ele foi contemplado pelo edital de Livro e Leitura lançado pela Secretaria de Cultura do Estado do Pará através da lei federal nº14.017 de 2020, a lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, e foi realizado por meio de financiamento público, em um momento crítico que ainda tem sido a pandemia de COVID-19.

Para conhecer a fundo cada história, Fátima revela que foram anos de pesquisa em livros e em conversas com a população mais antiga da cidade. “Eu fiz pesquisas em vários locais de Ananindeua, buscando conhecer mais a história de nossa cidade. Foi lendo, pesquisando e ouvindo pessoas mais velhas que pudemos registrar essas lendas. Agradeço também ao Inácio Saldanha, historiador que me ajudou na pesquisa”, explica.

A historiadora e professora da Unama, Lúcia Araújo, comemorou o lançamento da HQ. Para ela, é mais uma ferramenta didática para levar a história do município às escolas. “Trabalhando com História há mais de 30 anos, sempre vi que em Ananindeua se conhece demais a história de Belém, mas pouco a história da própria cidade. Então, como trabalhar esse sentimento, essa relação de pertencimento com o município sem o conhecimento? Só se ama aquilo que conhece. Nós precisávamos desse trabalho da Fátima”, considera.

“Sempre tivemos essa carência de materiais didáticos para trabalhar a história tradicional de Ananindeua  nas escolas, então toda a comunidade acadêmica fica muito feliz com cada livro que surge. Essa HQ para nós é um tesouro”, finaliza Lúcia.

Histórias da Vila Maguary

As quatro histórias em quadrinhos (HQs) são voltadas para todos os públicos e fazem referência, principalmente, à antiga Vila de Maguary, atual bairro do Maguari, que se originou de uma indústria de curtimento couro em 1916 e que foi um dos principais núcleos urbanos da cidade que conhecemos hoje.

Na Vila do Maguary estavam o igarapé ltabira e o conceituado colégio Quinta Carmita, a primeira escola da cidade, fundada em 1900 quando a região ainda  pertencia  ao  município de  Belém. Os dois são pontos de referência para as lendas do Cruzeiro, da Pedra Encantada e da Procissão.

Entre as lendas narradas nas páginas da HQ, está a Parteira Voadora que, segundo a escritora, surgiu com o nascimento de Rufino Leão, ex-prefeito da cidade. “ Nesta HQ, estamos contando algumas lendas que muitas pessoas não conhecem. Uma delas é a lenda da Parteira Voadora, que é a  história da dona Maria Tomé, uma senhora que trabalhava como parteira. A lenda conta que quando alguém chegava na porta dela, avisando que a criança estava quase nascendo, ela dizia “pode ir na frente que eu já estou lá”. Como assim já está lá? Ninguém entendia, mas obedecia. A surpresa era quando a pessoa chegava em casa. Lá estava a dona Maria Tomé com a mãe da criança dando a luz”, conta a bibliotecária.

 

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