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Abandono: terminal do Abacatão virou morada de pombos

No Terminal de Integração Vicente Rabelo, da Cidade Nova, usuários de transporte coletivo esperam os ônibus sem assento, iluminação e segurança

Daleth Oliveira

Paradas de ônibus sem assentos, segurança e limpeza: esse é o retrato do Terminal de Integração Vicente Rabelo, popularmente conhecido como “Terminal do Abacatão'', localizado na Cidade Nova. A obra foi inaugurada pelo ex-prefeito Helder Barbalho (MDB) em 2011 e hoje está abandonado e virando morada de dezenas de pombos.

Sem ter onde sentar para esperar o ônibus, a comerciante Rosa Neves, 49 anos, afirma que gostaria de se sentir mais segura no espaço público. “Esse terminal está abandonado. Durante a noite, a gente passa por aqui com medo. A gente queria ter mais tranquilidade, segurança e conforto para a gente esperar nosso coletivo”, disse.

Pela área que é aberta, pombos moram e se proliferam; o que incomoda quem passa pelo local. “Quando chove, molha tudo. Pior que isso, só os pombos que aqui tem aos montes. Além das doenças que eles podem transmitem, ainda corremos o risco de cair fezes na nossa cabeça”, comenta a moradora.

A aposentada, Alzira Silva, 73 anos, reclama também da falta de movimento de ambulantes no Terminal. “Aqui é muito sujo e perigoso. De vez em quando tem assalto, por isso nem saio de casa com celular, pois tenho medo de ser assaltada. A noite é mais perigoso ainda. Antes pelo menos tinham camelôs por aqui, mas tiraram eles e agora ficou esse deserto”, conta.

Pombos transmitem doenças

'Ratos que voam'. Popularmente difundida, a definição se refere aos pombos, animais que, a exemplo dos roedores, também trazem prejuízos à saúde dos humanos. As doenças mais comuns transmitidas são provenientes de suas fezes. É o caso da salmonelose, histoplasmose e criptococose.

A salmonelose, provocada pela bactéria Salmonela spp, acomete a pessoa que ingeriu alimentos com resquícios de fezes de pombo contaminadas. Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça, náuseas, vômitos, falta de apetite, cólicas, diarreia com ou sem sangue.

A histoplasmose, causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, atinge o ser humano após a aspiração do fungo presente nas fezes do pombo. A doença ataca o sistema respiratório e não costuma causar sintomas em sua forma aguda. Já na forma crônica, que geralmente acomete pessoas com o sistema imunológico comprometido, provoca tosse seca, febre, dor no peito e nas juntas e inchaço nas pernas. Em casos mais severos, dá sudorese excessiva, falta de ar e tosse com sangue.

Já a criptococose, causada por fungos do gênero Cryptococcus, pode levar à morte dependendo do tipo de fungo que acomete a pessoa após inalação. Frequentemente, a doença atinge o sistema neurológico, causando meningite subaguda ou crônica, cujos sintomas são febre, fraqueza, dor no peito, rigidez na nuca, dor de cabeça, náusea, vômito, suor noturno, confusão mental, alterações de visão, podendo haver comprometimento ocular, pulmonar e ósseo.

Por conta desses riscos, o tráfego de pessoas e pombos no mesmo espaço não é saudável, explica Ellen Eguchi, médica veterinária e professora da Universidade da Amazônia (Unama). “Essas fezes pelo chão do terminal ressecam e transmitem doenças pelas vias respiratórias, que são as mais difíceis de se deter. Isso é um problema de saúde pública e por isso, é importante que a população se mobilize para que os órgãos de saúde tirem esses animais do local, porque esse convívio com o pombo não é sadio, devido a alta periculosidade de transmitir doenças”, conta.

“O ideal seria primeiro não matar esses animais. Mas fazer alguma ferramenta para que os pombos migrem para outro lugar. É importante também que as pessoas não joguem arroz, farinha, farelos de massas para os pombos, pois isso os atrai”, finaliza a especialista.

O que diz a Prefeitura

Sobre o terminal citado, a Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (Semutran) tem um projeto para a reforma e requalificação do espaço que irá reestruturar o serviço de transporte coletivo de Ananindeua.

A Semutran informou que ele consistirá num modelo operacional e tarifário que vai permitir integração com o BRT Metropolitano e ganhará novas linhas de ônibus.

Por fim, de acordo com a Seurb, a limpeza do terminal ocorre de 15 em 15 dias, com roçagem e limpeza de valas. Além de retirada de entulhos, de segunda a sábado.

 

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