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Conheça o Valparaíso Esporte Clube, projeto que ensina a arte do futebol há 33 anos

O projeto social transformou a vida de centenas de crianças e jovens do conjunto Valparaíso ao longo de três décadas de existência. Atualmente, são mais de 250 crianças e adolescentes inscritos de forma gratuita.

Igor Wilson

Futebol e cidadania caminham juntos no Conjunto Valparaíso, em Ananindeua. É com essa motivação que o projeto Valparaíso Esporte Clube (VEC) transformou a vida de centenas de crianças e jovens que passaram pela escolinha ao longo de mais de 30 anos de existência. Atualmente, são mais de 250 crianças e adolescentes inscritos. O VEC é a única fonte de esporte e lazer para a maioria dos moradores do conjunto e das proximidades.  

As aulas são inteiramente gratuitas e acontecem em uma arena da Praça Central do conjunto. O professor Zé Nilo é também o idealizador do projeto. Foi ele que iniciou o projeto social em 1989, quando ainda era apenas um adolescente. A falta de espaços para os jovens moradores do conjunto brincarem foi a motivação para juntar a criançada e começar algo que se acabou se tornando sua própria vida. O treinador dá aulas diariamente em dois turnos diferentes. Dedicação total.  

“Lembro que naquela época não tinha lugar para jogarmos bola. Os mais adultos não deixavam a gente jogar, então tive a ideia de marcarmos de jogar sempre em um horário diferente do deles. Foi assim que começou. Foi ficando mais sério rapidamente, com vários jovens participando. Fui percebendo que aquilo era algo muito importante para a maioria dos alunos e estou aqui até hoje, minha vida é isso”, diz Lito.

Aulas gratuitas, mas só se for bem na escola 

O VEC não deixa de lado os estudos. Para isso, o projeto também cobra um bom desempenho escolar dos alunos. Os treinos acontecem três vezes por semana, de manhã e a tarde. Com três décadas de existência, o projeto de Zé Nilo tem a confiança e dedicação de vários pais de alunos e ex-alunos, que contribuem das mais diversas formas, seja nos treinos táticos ou na organização das equipes para disputa de torneios pela cidade. 

“Quando eu vi o Zé Nilo trabalhando com isso, me dispus a ajudar, não só eu, mas muitos moradores. Ele simplesmente dedica toda sua vida aqui. De manhã e de tarde ensinando esses jovens. A gente colabora de muitas formas, fazemos sopa eu e minha esposa, vamos em busca de doações de chuteira, bola. Tudo para não pararmos”, diz Jorginho, amigo de Zé Nilo e colaborador do projeto. 

“Nosso projeto é totalmente gratuito, a única coisa que cobramos é o comprometimento dos pais e dos alunos. Você vê que aqui nós cobramos disciplina. Nosso objetivo é formar um cidadão exemplar para sociedade.Durante esse tempo de existência, já vimos muitos alunos se tornarem professores, advogados e até mesmo jogadores profissionais de Remo, Paysandu e Tuna”, diz o professor.

Escola de Craques 

Várias promessas de Ananindeua deram os primeiros chutes no VEC, e isso é motivo de orgulho para Zé Nilo. No entanto, é quando o professor vê a felicidade de alunos e pais que consegue extrair o máximo de satisfação. Quando vê ex alunos que hoje ajudam o projeto de forma espontânea, que percebe que seguiu o caminho correto, que mudou a vida de muitos jovens, como os filhos de Regiane Santa Brígida, Diogo e Miguel, de 7 e 9 anos. Os dois contam os minutos para os dias de treino. 

“Todos os dois gostam muito de futebol. A minha casa praticamente é um campo de futebol. Mas para pagar, fica difícil, são dois, então é tudo em dobro. Devido a paixão deles a gente decidiu colocar no futebol, mas era tudo caro. Uma amiga que tinha o filho treinando aqui me indicou e quando os meninos vieram, nunca mais saíram, só falam disso. É um lugar bem perto, a gente vê que o treinador cuida muito bem das crianças e dedidimos colocar ainda bem”, diz a mãe. 

Para Zé Nilo, a energia que lhe move a continuar com o projeto de futebol para as crianças do conjunto não mudou em nada do que ele sentia no início do projeto, quando era apenas um adolescente. A evolução de cada aluno é o combustível que lhe faz estar ali todos os dias. Quando há campeonatos locais, faz questão de arcar com aluguel de transporte e alimentação dos alunos. Para ele, tudo valeu a pena, será sempre um “eterno adolescente em busca de mudar a realidade do local onde nasceu”. 

Ananindeua