Socoí-zigue-zague: ave rara é avistada pela primeira vez em unidade de conservação em Marituba
Descoberta de ave rara é promessa de um futuro protegido na Amazônia
A descoberta da ave socoí-zigue-zague (Zebrilus undulatus), no Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, acendeu um alerta positivo nos pesquisadores da fauna da região: a Unidade de Conservação, localizada em Marituba, na Região Metropolitana de Belém (RMB), está favorável à reprodução desse animal que corre o risco de extinção.
Considerada rara, a ave é uma espécie de socó encontrada na Amazônia. Possui pequeno porte, medindo entre 30 a 33 centímetros e pesando cerca de 120 a 123 gramas. Sua raridade é intrínseca às suas características: prefere ambientes aquáticos e vegetação densa, o que dificulta significativamente sua visualização. A cor, predominantemente castanha e negra com estrias amareladas, torna a observação ainda mais desafiadora, contribuindo para sua raridade.
No entanto, em abril deste ano, ela foi avistada pela primeira vez no Refúgio de Vida Silvestre, o local de trabalho do educador ambiental e um dos condutores de trilha, Willian Gama. Ele detalha a importância do animal para a conservação da avifauna amazônica. “Essa descoberta não só enriquece o catálogo de espécies da região, mas fortalece iniciativas de conservação e ecoturismo, despertando maior interesse pela preservação do ambiente. Além disso, contribui para a compreensão das dinâmicas ecológicas locais”, explica o educador ambiental.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), esse foi o 19° registro da espécie no território paraense.
Bioindicador
A presença da espécie na região metropolitana indica a saúde do ecossistema do Refúgio de Vida Silvestre. “Espécies raras e sensíveis como esta estão geralmente relacionadas a habitats de qualidade, e sua observação pode sinalizar que o ambiente está em boas condições, o que é essencial para a biodiversidade da região”, destaca William Gama.
O especialista explica que após a identificação, o próximo passo é desenvolver um plano de conservação que inclua ações de proteção do habitat, monitoramento da população e engajamento da comunidade local. “Isso é fundamental para estratégias que visem reduzir ameaças, como a degradação do ambiente natural e a exploração inadequada, garantindo a sobrevivência a longo prazo da espécie e seu ecossistema”, detalha.
A presença do animal na área de conservação pode ser também um fator influenciador na tomada de decisão sobre o uso dessas áreas, como explica o gerente da Região Administrativa de Belém do Ideflor-Bio, Júlio Meyer. “O entendimento sobre quais são essas espécies raras e onde elas estão, fortalecem a tomada de decisão sobre o uso das áreas, indicando onde podemos ou não fazer intervenções”, pontua.
Aves como ferramenta de educação ambiental
O gerente do Ideflor-Bio explica ainda que as aves são consideradas pelo órgão como animais muito carismáticos e correspondem ao grupo da fauna em que as pessoas têm mais acesso e conseguem identificar mais facilmente. Com isso, cada vez que uma espécie nova é identificada, a educação ambiental é fortalecida dentro das unidades de conservação.
Júlio destaca também que esse formato de educação sensibiliza mais as pessoas e resulta em uma maior proteção da área à medida que a sociedade civil se une mais à gestão dessas unidades. “E a contribuição da sociedade na geração de conhecimento sobre a área é uma ferramenta poderosa para o melhor gerenciamento”, afirma.
A identificação do socoí-zigue-zague também tem estimulado a chamada Ciência Cidadã como estratégia de conservação do Ideflor-Bio. Nesse processo há um esforço adicional da sociedade civil na geração de informações sobre as aves em unidades de conservação da Região Metropolitana de Belém, incluindo o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, o Parque do Utinga e as Áreas de Proteção Ambiental da Ilha do Combu e a APA Belém.
Onde encontrar?
O Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia é uma Unidade de Conservação gerida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), por meio da Gerência da Região Administrativa de Belém (GRB). Estrada da Pirelli, KM 4,5 - Bairro Decouville, Marituba - PA
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