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Paixão pela Polícia Civil move delegados em busca de Justiça

Delegados Armando Mourão e Paulo Tamer falam de suas trajetórias e destacam papel do jornal Amazônia

Dilson Pimentel

Ao longo de sua existência, o jornal Amazônia divulgou muitas notícias policiais, principalmente aquelas de repercussão social. E várias dessas investigações foram conduzidas por policiais dedicados e apaixonados pela profissão.

É o caso do delegado Armando Mourão, que está na Polícia Civil há 54 anos. Mourão é diretor da Seccional de Ananindeua, na região metropolitana de Belém, na qual chega cedo todos os dias - às 7 horas. Um dos crimes investigados por ele foi aquele conhecido como o “Crime da Mala”, cometido em novembro de 1973.

A vítima foi uma criança de menos de 3 anos, cujo túmulo, no cemitério São Jorge, na Marambaia, em Belém, é muito frequentado em datas especiais. “O Raimundo Sapateiro, como ele era conhecido, assassinou a própria filha, Diane Ellen. Ele violentou e matou a criança”, contou.

Primeiro, ele escondeu o corpo na oficina de sapato onde trabalhava. Depois, colocou o corpo em uma mala e, de ônibus, a despachou para Marabá. O mau cheiro exalado da mala foi percebido e a polícia, avisada. “Nós começamos a investigar, chegamos até a autoria e conseguimos prendê-lo, quando ele se preparava para fugir”, afirmou. “E hoje, 50 anos depois, a pequenina Diene Ellen opera milagres, dito por pessoas que deles foram favorecidas. O túmulo dela é bastante frequentado, principalmente em datas comemorativas, e são vistos ainda muitos brinquedos, objetos de criança, numa alusão à pequena criança que ali foi sepultada”, contou o delegado.

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Outro caso famoso foi aquele conhecido como “O Monstro do Morumbi”, em que José Paz Bezerra matou 22 mulheres em São Paulo e, em Belém, para onde fugiu, matou mais três. Não matou a quarta mulher porque se apaixonou por ela. A partir dessa vítima que foi poupada os policiais passaram a ter mais informações sobre o assassino em série. No dia da prisão dele, os policiais chegaram até o endereço, que, aparentemente, estava vazio. Mas o delegado Mourão teve uma ideia na hora. Levantou a cama, embaixo da qual estava o assassino em série. Dormindo.

O delegado destaca o trabalho da imprensa e do jornal Amazônia. “O sigilo da investigação é fundamental. Mas também é fundamental divulgar o que é permitido para que o leitor tome conhecimento e possa de alguma forma ajudar”, disse. “Mas é lógico que essa divulgação deve ser feita em uma imprensa séria, que trate o assunto com a seriedade necessária. É fundamental transmitir aos leitores o que você já fez e o que você precisa fazer e o que pode quem sabe estar ao alcance do leitor lhe ajudar nessa tarefa”, afirmou. O delegado Mourão sempre foi muito rigoroso na condução do seu trabalho.

"Estamos aqui para servir e não para ser servido”, afirma Mourão

Ele contou que a paixão pela Polícia continua igual ao início da carreira. “Se não for maior”, disse. E afirmou que essa paixão vem do desejo “de servir a sociedade sofrida e justificar o salário que o governo me paga”. Apesar de conviver há quanto tempo com a violência e muitos crimes, o delegado disse que não se “embruteceu”.

E que cada vez está mais sensível às questões sociais. “Vejo isso (problemas sociais) todos os dias aqui. Pessoas que vêm de outros locais que não foram atendidas ou que foram atendidas de uma forma insuficiente ao grau do problema, eu tenho toda essa sensibilidade, sim”, afirmou.

Mourão disse que também se coloca no lugar dessas pessoas. “Com certeza, até porque amanhã, quem sabe, pode ser eu, pode ser alguém da minha família e nós estamos aqui para servir, não é para ser servido. O objetivo principal é a busca da justiça e a satisfação da sociedade”, garantiu.

E, cinco décadas depois de muito trabalho, até hoje mantém a paixão do início da carreira. O que move é a busca pela Justiça. E até hoje participa das missões policiais, até mesmo para dar exemplo e orientação para os mais novos. Aos policiais que estão começando agora na carreira, o delegado Mourão deixa a seguinte mensagem: “Que sejam honestos, que sejam leais, que sejam determinados naquilo que vão fazer, que procurem se dedicar às atividades que são inerentes da sua profissão”.

Um delegado que sempre combateu a corrupção, e que lembra detalhes dos crimes e dos nomes das vítimas e dos acusados, Mourão ingressou na Polícia Civil na década de 1970 e foi lotado, inicialmente, na antiga Delegacia de Costumes. A primeira lotação foi trabalhar na “zona do meretrício”. Pela sua atuação passou, em seguida, para a então Delegacia de Homicídios. E, na sequência, trabalhou em casos de alta repercussão.

image Delegado Paulo Tamer: "Todos os casos eu tratava com a mesma relevância" (Cristino Martins/O Liberal)

Delegado Paulo Tamer: “Todos os casos eu tratava com a mesma relevância”

O delegado Paulo Tamer foi o primeiro Delegado Geral da nova legislação da Polícia Civil 022, assinada pelo então governador Jader Barbalho. Ele fez a transição da Coordenadoria de Polícia Civil (nomenclatura à época) para a Delegacia Geral de Polícia Civil. Quem ocupa esse cargo comanda todas as unidades da Polícia Civil no estado do Pará.

Ele também ocupou outros cargos na instituição, como diretor de Polícia Metropolitana, comandando todas as delegacias e seccionais unidades na região metropolitana de Belém. Comandou várias divisões da Polícia Civil e, também, várias seccionais - Cidade Nova, Cremação, Sacramenta e Marambaia.

Tamer entrou na Polícia em 1986 e nela permaneceu por 33 anos. Atuou em inúmeros casos de repercussão, entre os quais o desabamento do edifício Raimundo Farias, em Belém. Em 13 de agosto de 1987, o edifício, no bairro Umarizal, próximo à avenida Visconde de Souza Franco, desabou matando 39 pessoas. Outro caso que ficou conhecido nacionalmente foi "O Monstro da Ceasa”, em que o serial killer André Barbosa matou três adolescentes, todos moradores do bairro do Guamá, em Belém, entre dezembro de 2006 e março de 2007.

A investigação policial para identificá-lo e prendê-lo durou 11 meses. Foi uma investigação complexa, em que foi montada uma força-tarefa, comandada pelo delegado Paulo Tamer. Também comandou várias operações especiais no intuito de coibir o avanço da marginalidade. “Eu fui o idealizador e operacionalizei a famosa ‘Operação Reação, na época como delegado-geral de Polícia Civil”, contou.

“E, como diretor de Polícia Metropolitana, eu idealizei e comandei a operação de ocupação dos bairros, onde a Polícia Civil, junto com a Polícia Militar, adentrava no bairro, não fazendo ‘patrulhão’. Mas permanecendo dentro do bairro mesmo, nas zonas de maior índice de criminalidade, entre 48 a 72 horas”, contou. “E, com isso, nós conseguimos baixar o índice de criminalidade”, afirmou.

“Jornal Amazônia sempre tratou os fatos de forma séria”, diz Tamer

Todos os casos eu tratava de forma igual, com a mesma relevância, haja vista que do outro lado eu já tinha uma vítima ou família de vítima”, contou Tamer. Ele falou que sua paixão pela Polícia Civil foi a de ser um servidor da população, da população mais carente. “Não vamos falar aqui da mais necessitada, porque a população, de uma forma geral, em todos os seus níveis - A, B e C -, quando procura a Polícia Civil, está necessitando do atendimento da Polícia Civil, por ter sido vítimas de algum fato criminoso”, contou.

“Agora, o que nós não podemos fazer é distinguir o que é A, o que é B e o que é C. Nós temos que atender como vítima, e vítima que está necessitando do trabalho e da ajuda da Polícia Civil para encontrar os responsáveis pelos atos criminosos”, contou. “A gente se sentir útil em atender a população quando ela busca por um socorro”, afirmou. “E nós sempre temos a missão de baixar o índice de criminalidade e responsabilizar os autores dos mais variados delitos. Responsabilizar essas pessoas para que a Justiça possa, vendo o trabalho da Polícia Civil, fazer o seu trabalho de uma forma mais clara e segura”, concluiu.

Tamer destacou que o jornal Amazônia sempre o tratou de uma forma séria. “Sempre reproduziu os fatos de uma forma séria, sem enfeite, sem deixar a população assustada com a notícia”, contou. “Sempre deu a notícia como ela é, sem precisar de subterfúgios para buscar mais leitores. Não. É um trabalho sério e que também traz informações para a Polícia, porque, às vezes, o jornal divulga um fato que a gente vê semelhança com aquilo que a gente está apurando. E a gente busca fazer a conexão entre o fato divulgado e aquele que a gente está apurando e, muitas vezes, a gente chegava no responsável pelo fato criminoso”, afirmou.

 

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