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Higiene corporal é necessidade fisiológica. Falta de banho é doença na certa

Enfermeira faz alerta quanto ao perigo da falta de cuidados com o corpo para a imunidade e resistência

Victor Furtado

Um banho vai muito além de uma prática refrescante. A higienização corporal é uma necessidade fisiológica, como aponta Lidiane Baía, dermatologista e professora do curso de Enfermagem da Faculdade Uninassau. Isso contrapõe o discurso do iraniano Amou Haji, que há mais de 60 anos não toma banho por acreditar que "limpeza traz doença". A história inusitada de um Cascão da vida real chamou a atenção de muitos leitores de OLiberal.com. Inclusive da própria professora.

Lidiane diz que ficou muito impressionada ao conhecer a história de Amou Haji e todo o tempo que passou sem tomar um banho. Ela afirma que a higienização corporal é algo necessário para a manutenção da saúde. Períodos prolongados sem uma limpeza regular podem desencadear diversas doenças, já que o organismo fica cada vez mais sobrecarregado de germes, bactérias, fungos e se torna suscetível a todo tipo de problema. A imunidade e resistência do iraniano são coisas a serem estudadas.

A higienização corporal envolve a limpeza do corpo, couro cabeludo, cavidade oral e da região íntima, explica a professora. Quando isso não é feito, as consequências podem ser bem desagradáveis, variando de quadros temporários a infecções agudas. "Entre as doenças que podem decorrer da falta de higiene estão a dermatite seborreica, conhecida como caspa; dermatite de pele, cáries, infeções vaginais e também do pênis. Inclusive, atualmente tem crescido o número de amputações de pênis em decorrência da má higienização", pontua Lidiane.

Não há um limite estabelecido para a prática da higienização corporal. Havendo necessidade, ela deve ser feita. Mas, claro que tudo o que é feito em excesso é prejudicial. Pessoas com distúrbios psicológicos, que sentem a necessidade neurótica de se manter permanentemente limpas, podem acabar tendo problemas com a higiene excessiva. O bom senso e a necessidade são os melhores parâmetros para o equilíbrio entre higiene e bem-estar.

Quanto ao iraniano que não toma banho há seis décadas, Lidiane diz que não se pode afirmar que ele sofra de algum distúrbio psicológico. "É  bem conhecido, pela ciência, o poder do pensamento, a grandiosidade de acreditar em algo. Possivelmente, esse homem tem grande confiança em sua crença, de que limpeza traz doenças. E isso ultrapassa a dimensão da saúde, entrando em uma questão cultural e social", conclui.

Há vários outros hábitos questionáveis e perigosos que Amou Haji tem. Alguns deles incluem o sono, corte de cabelo e alimentação. Possivelmente, alguns deles matariam ou adoeceriam seriamente pessoas com hábitos alimentares e de higiene considerados normais. Então fica o alerta para que ninguém, já habituado a uma vida com higiene pessoal bem estabelecida, aceite um desafio que inclua a supressão do banho ou a adoção de qualquer outro hábito do iraniano.

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