Baderneiros e jornaleiros carregam a missão de levar o jornal Amazônia às ruas
No aniversário de 25 anos do jornal, baderneiros e jornaleiros relatam a importância desse ofício
No aniversário de 25 anos do jornal, baderneiros e jornaleiros relatam a importância desse ofício
Nas primeiras horas do dia, eles já estão nas ruas, garantindo que o jornal Amazônia chegue às mãos dos leitores. Conhecidos como baderneiros, esses trabalhadores são essenciais na distribuição das notícias e na divulgação do periódico. No aniversário de 25 anos do jornal, baderneiros e jornaleiros relatam a importância desse ofício e como eles veem a beleza de levar informação para todos.
Com 75 anos e mais de cinco décadas de experiência, Francisco Favacho é um dos nomes mais antigos na distribuição de jornais. Ele começou cedo — aos 11 anos — e nunca mais parou. Desde a primeira edição do Jornal Amazônia, ainda sob o nome “Amazônia Hoje”, Favacho participa ativamente da entrega das notícias nas ruas da cidade — com o sentimento de gratidão pelo trabalho que faz.
“Eu comecei no jornal com 11 anos. De 11 anos para cá, eu tenho essa jornada. Comecei a trabalhar cedo. Foi uma jornada difícil. Era órfão de pai. Minha mãe era lavadeira”, relembra. “Me acordo às três e meia da madrugada e vou para a feira da Bandeira Branca. Tenho um ponto lá. De lá eu saio distribuindo, fazendo as entregas. Tenho uma clientela. E tenho um ponto fixo em Nazaré. Chego, entrego e vou embora”, conta.
Favacho também explica como funciona o trabalho dos baderneiros no processo de circulação do jornal: “O jornal tem uma equipe que prepara e arranja. Depois da impressão, joga para nós. É aí que nós entramos, para fazer essa distribuição, essa venda cedo e espalhar a notícia. Faça chuva, faça sol, o trabalho não para, continua”, detalha.
Em meio às mudanças do mercado e nas estratégias de venda, ele encontrou na confiança e nas relações pessoais sua forma de se reinventar. “A minha reinvenção é conhecer as pessoas e manter a confiança delas. Meus compradores e meus companheiros são leais. Tenho uma turma de amigos fiéis. Sem eles, tudo seria diferente”, declara.
Para ele, o Amazônia segue atual e relevante. “Tem aquele público que é fiel ao jornal, continua. E vamos levando a vida. É um jornal que tem um conteúdo muito importante. O que você quer aqui, tem aqui. E depois que botaram essas gatas na frente [na capa], melhorou mais ainda. O pessoal quer muito ver as gatas”, brinca, com o bom humor de quem leva a vida com leveza, apesar de todas as batalhas.
Além de Favacho, Vanilza Amorim, de 45 anos, é outra trabalhadora de muito tempo. Conhecida como “Val”, atua como baderneira na feira da Bandeira Branca, no bairro do Marco. Todos os dias, às quatro da manhã, ela já está no ponto, organizando os jornais que serão entregues aos jornaleiros. Recebendo mais de 100 exemplares do Jornal Amazônia todos os dias, Val destaca que todos são vendidos rapidamente.
“Antes eu era jornaleira. Agora, trabalho com a baderna. Sempre vendi o Amazônia. O Amazônia faz 25 anos e há 25 anos que estamos na venda do Amazônia também”, conta Val, orgulhosa da trajetória. “Trabalho todos os dias. Hoje, atendo quinze jornaleiros e o que mais levam é o Amazônia. Acaba rápido. Até às oito horas, todos os jornais estão despachados”, afirma a baderneira.
Com uma clientela fiel, Vanilza já conhece os gostos dos leitores. “As pessoas gostam dos esportes, dos crimes e das meninas”, diz, referindo-se à tradicional Gata da Capa. “Até brinco com alguns clientes, vem muito idoso, que dizem gostar muito das 'meninas'. Tenho um bocado de cliente que sempre vem comprar comigo. Deixo sempre reservado”, comenta Vanilza sobre o dia a dia com os clientes.
Além do papel profissional, Val destaca o vínculo afetivo com o trabalho e com os colegas. “Sou muito grata ao Grupo [Liberal]. A gente se sente muito bem. Somos uma família. Para mim, vender jornal já é uma diversão. Eu não gosto de trabalhar de mau-humor. Chego aqui, e todo tempo é na brincadeira com um, com o outro”, conta. Com o sustento vindo exclusivamente da venda de jornais, Vanilza orgulha-se de ter arcado com todas as despesas da família graças ao ofício.
E ainda, no vai e vem do movimentado mercado de São Brás, mais um ponto de distribuição do Jornal Amazônia ganha vida antes do amanhecer. É lá que Kelen Silva, 53 anos, trabalha como baderneira ao lado do marido, o jornaleiro Mário Sérgio, de 52. Juntos, eles somam décadas de dedicação à rotina da imprensa paraense. Ele, com mais de 40 anos na distribuição de jornais; ela, com mais de duas décadas, na chamada “baderna”.
O casal deixa o bairro da Terra Firme e, já nas primeiras movimentações da feira, começa a organizar e dobrar os jornais que seguirão direto para alguns comércios e outros, direto para os leitores da capital. “Há mais de 20 anos trabalho com jornal. Daqui, desse trabalho, sempre ajudei meus filhos. Agradeço por tudo que tenho”, diz Kelen, que também acompanha de perto o perfil do público. “Tem uma clientela fiel. Tem aqueles que querem porque querem. Já dizem: 'Olha, deixa o meu jornal'. E eu tenho que deixar”, observa.
“Às cinco horas da manhã, todo dia, eu estou cedo para receber esse jornal. Primeiro faço algumas entregas em uma padaria perto do mercado de São Brás. E tenho outro ponto fixo na travessa 9 de Janeiro. Fico até umas nove da manhã. Trabalho com o Amazônia desde que começou. Quando eu comecei a vender o jornal, o Amazônia nem existia. Tudo isso veio para somar. O Amazônia tem uma vendagem boa”, aponta Mauro.
Kelen ainda detalha como funciona o trabalho no dia a dia: “Atualmente, tenho uma faixa de dez jornaleiros, cada um leva uma certa quantidade”. Para ela, o valor do trabalho vai além da rotina. “A importância do meu trabalho é vir trabalhar e ajudar a levar a notícia. Também é vir para ajudar os jornaleiros. Alguns dependem da venda do jornal. Isso veio para somar. O Amazônia veio para somar. Ele é mais leve, muitas pessoas gostam do Amazônia”.