Pesquisa e manejo garantem conservação do sauim-de-coleira
Casal de primatas foi recebido pelo BioParque Vale Amazônia, em Parauapebas, que pretende reproduzir espécie sob cuidados humanos
No estado do Amazonas, avistar um pequeno primata de cerca de 40cm e um padrão de pelagem em que se destaca uma faixa branca que se estende desde o peito até o pescoço é comum no perímetro urbano de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. Porém, a proximidade desse animal conhecido como sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) da população e das cidades é indicativo de grandes riscos à sobrevivência da espécie, que é classificada como “criticamente em perigo” pela Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.
Iniciativas como projetos de pesquisa, ações de manejo e criação de unidades de conservação têm sido adotadas, principalmente desde o início dos anos 2000, como forma de contribuir para a salvaguarda dos sauins. Com o mesmo objetivo, exemplares da espécie passaram a ser pesquisados e conservados em diferentes regiões do país. O exemplo mais recente ocorreu em Parauapebas, onde o casal Amendoim e Rebeca foi acolhido no BioParque Vale Amazônia em dezembro do ano passado e apresentado ao público no início do mês de março.
É de extrema importância que pessoas de fora do Amazonas conheçam o sauim-de-coleira, pois só se preserva aquilo que se conhece. Quanto mais pessoas conhecerem a espécie, mais chances de sobrevivência nas florestas ela passa a ter, pois mais ações de políticas públicas e mobilizações em prol deles passam a vir acontecer.
A ameaça que ronda os sauins-de-coleira também afetou Amendoim e Rebeca, que foram resgatados de um cativeiro ilegal em Manaus e levados para Parauapebas, onde o estudo com os animais ajudará a desenvolver estratégias de manejo e conservação dos sauins.
De acordo com a instituição, os primatas têm se adaptado bem ao espaço, explorando poleiros, rochas, árvores e abrigos do recinto a céu aberto. O ambiente, que conta com 30 hectares de floresta nativa, proporciona condições favoráveis para que os sauins possam desenvolver comportamentos semelhantes aos que tinham no seu habitat natural. Lá, eles encontram, por exemplo, árvores mais altas e palmeiras típicas, que são seus locais preferidos para abrigo.
Vale lembrar que a ocorrência dos sauins se dá em uma área de cerca de 7.500 km² muito afetada pela expansão urbana. Por isso, ações de conservação fora desse perímetro são necessárias para que se eleve o grau de conhecimento e sensibilização para a fauna ameaçada.
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Nome científico: Saguinus bicolor
Nomes comuns: sauim de coleira, sauim-de-Manaus ou sauim-de-duas-cores
Tamanho: Indivíduos adultos costumam pesar de 450 a 550 gramas e medem de 38 a 42 cm.
Características: Os sauins-de-coleira são reconhecidos pela pelagem branca desde o peito até a altura do pescoço. Já os membros inferiores e a face interna da cauda tem tons em marrom. O rosto é sem pelos com pele negra. Além disso, possui unhas em formato de garra, exceto no dedão do pé
Distribuição: São encontrados em parte dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, cobrindo cerca de 7.500 km².
Comportamento: A espécie prefere os hábitos diurnos, iniciando suas atividades pouco depois do amanhecer. Costuma repousar durante o final da manhã e início da tarde e procura local para dormir cerca de duas horas antes do pôr do sol. É um animal onívoro, que se alimenta de pequenos vertebrados, como anfíbios e lagartos, ovos e filhotes de aves, insetos, frutos, goma de algumas árvores e, eventualmente, néctar e flores.
Fonte: Plano Nacional para conservação do sauim-de-coleira (ICMBio, 2017)