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“Quero aprender com as vais”, diz Mauro Freitas que vai ser padrinho da parada LGBTI

O anúncio do nome do vereador Mauro Freitas como “padrinho” da Parada do Orgulho LGBTI de Belém não agradou setores do movimento na cidade. Em entrevista exclusiva à AMZ, o presidente da câmara municipal disse que vai ao evento no domingo, mesmo sob protestos.

Gabriel Pinheiro | Conexão AMZ

A 18ª Parada do Orgulho LGBTI de Belém, que acontece  neste domingo, 20, está no centro de uma polêmica. É que integrantes do movimento LGBTI da cidade questionam a escolha do nome do vereador Mauro Freitas (Partido da Democracia Cristã), Presidente da Câmara Municipal de Belém, para ser o ‘padrinho’ da festa cujo tema, este ano, será “Empregabilidade para LGBTI”. 

O nome de Freitas não teria passado pelo crivo de integrantes do movimento que questionaram o “histórico conservador” do Presidente da Câmara. O coletivo de drag queens “Noite Suja” disse, em nota, que a organização da Parada informou ao coletivo que se as artistas que fossem contra o nome de Mauro Freitas estivessem envolvidas num protesto, não teriam mais espaço nos trios elétricos do evento.

A AMZ procurou o vereador Mauro Freitas, que disse que vai à parada gay com a família, no domingo, mesmo com a possibilidade de manifestações e protestos.

Gabriel Pinheiro: Vereador, como o senhor recebeu a notícia de que seria padrinho da parada gay e por qual o motivo o senhor acredita que recebeu essa homenagem?

Mauro Freitas: Fiquei muito honrado. Como qualquer profissional que tem seu trabalho reconhecido. Além de ser escolhido com padrinho, ainda carrego a responsabilidade de ser “o primeiro” padrinho na história de luta da parada LGBTI de Belém, posto que até então era ocupado por mulheres. Tão importante quanto, é aproveitar a oportunidade para esclarecer que não é “parada gay” e sim, PARADA LGBTI, pois além da orientação sexual “gay”, essa luta engloba outras orientações sexuais e identidades de gêneros.

GP: Vereador, alguns setores da comunidade LGBTI estranharam seu nome como Padrinho da Parada de Belém. Inclusive, o seu nome está sendo alvo de protestos e manifestações nas redes sociais por esse motivo. Como o senhor tá observando isso?

MF: A comunidade LGBTI não tem setores. A comunidade é formada por todo e qualquer indivíduo LGBTI. O que existem são ONGs, instituições e grupos dentro do movimento social organizado. Alguns estão diretamente ligados à agremiação partidária ou a personalidades políticas e, por conta disso, acabam por politizar a luta e, dentro de um ambiente democrático, é inclusive, um fenômeno natural. Como pessoa pública, sempre terei apoiadores e opositores.

GP: Vereador, o senhor ajudou o Prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, a sancionar a lei que cria a Coordenadoria da Diversidade Sexual, aqui no município. Parte das pessoas que trabalham na coordenadoria, também fazem parte da organização da parada. No seu ponto de vista, não há nenhum tipo de constrangimento de receber essa homenagem, considerando que são pessoas tão próximas ao senhor?

MF: Durante todos esses anos venho recebendo vários grupos da comunidade LGBTI no meu gabinete e, durante uma dessas reuniões, fui surpreendido com esta homenagem que, além de surpreso, fiquei muito honrado. Quanto a CEDS, fiz meu papel de parlamentar que é legislar para todos, papel este que já deveria ter sido feito pelos presidentes da Casa que me antecederam. Inclusive, o projeto foi mandado pelo executivo desde 2013. Então, pra mim, a aprovação da criação da coordenação era muito mais do que um compromisso, era uma obrigação. Com relação à nomeação das pessoas que ocupam este ou aquele cargo, isso é uma prerrogativa do executivo, então quanto a isso não tenho ingerência.

GP: O senhor vai à parada gay no domingo? Não teme nenhum tipo de constrangimento?

MF: Claro que eu vou! E vou junto com a minha família. Há alguns anos, quando decidi entrar nessa luta junto a essa comunidade, sabia que iria receber críticas positivas e negativas, inclusive no próprio plenário, o qual presido. Nossos posicionamentos estão expostos sempre a vaias e a aplausos, isso faz parte de uma sociedade democrática e eu estou muito tranquilo e pronto para receber ambos. Quero aprender com as vaias, me fortificar com os aplausos. Os dois são resultado de que estamos trabalhando no caminho e por quem mais precisa.

GP: O senhor é do Partido Democracia Cristã, portanto alinhado a um setor mais conservador da política. Houve algum tipo de constrangimento no seu partido com o anúncio do seu nome para ser padrinho da parada LGBTI?

MF: Não tenho conhecimento de que em momento algum se opõem ao movimento ou muito menos foi emitido algum repúdio à comunidade LGBTI. Não podemos generalizar o posicionamento de alguns integrantes. Eu, Mauro Freitas, por exemplo, sou atuante no apoio a comunidade LGBTI e na luta pelos direitos e garantias fundamentais.

GP: Que mensagem o senhor deixa às pessoas que vão participar da Parada LGBTI no domingo?

MF: Sejam todos bem vindos à Parada LGBTI de Belém, seja você da própria comunidade LGBTI, familiares e amigos. A parada é um movimento de visibilidade à igualdade de direitos e à dignidade da pessoa humana. Você não precisa ser LGBTI para lutar por essa causa. Vamos garantir que todos e todas, independentemente de orientação sexual e identidade de gênero, tenham direitos iguais. Isso é mais do que uma luta, é um ato de amor!

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