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O que dizem deputados paraenses sobre as comemorações pelo golpe de 64?

A Conexão AMZ ouviu parlamentares de legendas diferentes sobre a polêmica decisão de Jair Bolsonaro de determinar que quartéis comemorem a tomada do poder pelos militares, em 1964

Anna Peres | Conexão AMZ

A comemoração que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pretende que os quartéis pelo Brasil façam para lembrar o golpe militar que destituiu o presidente João Goulart e instaurou a ditadura no país, na madrugada do dia 31 de março de 1964, não anda encontrando eco nem entre os parlamentares mais conservadores. Pelo menos não no Pará.

A Conexão AMZ conversou com cinco deputados estaduais, de partidos considerados de esquerda e direita e, mesmo entre aqueles que não criticam abertamente o regime ditatorial  que governou o país por 21 anos, os festejos foram considerados, no mínimo, desnecessários. “É um momento histórico, mas que ficou para trás. Independente de quem apoia ou é contra o movimento, este é um episódio superado na nossa história. Hoje, o país vive uma democracia plena”, opinou o delegado Tony Cunha (PTB).

Para os representantes da esquerda paraense, enquanto perde tempo com discussões, polêmicas e redes sociais, o governo federal adia decisões importantes para a retomada do crescimento do país. “Temos um alto índice de desemprego, problemas gravíssimos na saúde e na educação, desconstrução de várias políticas públicas que vinham sendo construídas para melhorar a vida da população e, diante de tudo isso, o presidente volta as atenções para a comemoração de algo que foi nocivo para a história do país?”, questionou Dirceu Tem Caten, atual líder do PT na Assembleia Legislativa do Pará. “Isso, para mim, é um atraso, um retrocesso e até uma sinalização de que pode vir a acontecer novamente com a chancela de quem governa hoje”, completou.

Para a deputada Marinor Brito (PSOL), o presidente da República erra não só ao autorizar a comemoração do golpe militar, mas, também, pela mensagem de incentivo à violência que, segundo ela, isso representa. “O golpe de 64 não é para ser esquecido, mas jamais deve ser comemorado. Não podemos esquecer, mas é para que não se viva nunca mais momentos tão cruéis, de desaparecimentos, de torturas, de assassinatos de pessoas”, disse. 

Orlando Lobato (PNM) e Doutora Heloísa (Democratas), ambos de partidos que compõem a base aliada de Bolsonaro em Brasília, também opinaram. Para o deputado, apesar da importância das Forças Armadas, não há motivos para comemorar o golpe. “No que pese as Forças Armadas  Brasileiras, como em qualquer país, terem um papel fundamental na defesa e segurança nacional, não me parece de bom tom comemorar o golpe de 64, um ato que vai de encontro a um dos princípios fundamentais da Constituição,  que é a liberdade.”

Já a deputada lembrou os mortos e desaparecidos na região do Araguaia, no Pará, para repudiar as comemorações. “Não sou favorável a esse tipo de comemoração. Temos inúmeros relatos de prisões, de torturas e até de assassinatos nesse período, aqui mesmo no Pará. Não podemos esquecer todo o horror que a região do Araguaia viveu nesse período.” 

A polêmica

O golpe militar completa 55 anos no próxima domingo (31) e o presidente Jair Bolsonaro determinou que as Forças Armadas façam “as comemorações devidas”. Em 2012, a então presidente Dilma Rousseff (PT) havia vetado qualquer tipo de celebração ao golpe de 1964.

Em nota enviada à Conexão AMZ sobre as celebrações, no Pará, pelo aniversário do golpe militar, o Comando Militar do Norte informou “que realizará uma formatura militar, interna, alusiva ao Movimento Democrático de 31 de março de 1964, ocasião em que será proferida a locução referente a esse fato histórico.”

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