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Polêmica com delegada é exemplo de como mau uso de redes sociais pode abalar carreira

Conteúdos postados na internet já provocaram várias demissões. Especialista alerta para falta de atenção com as consequências dos posts

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Um vídeo e uma foto na internet podem custar caro a uma delegada de Chaves, na Ilha do Marajó. Maria Agda Leite está sendo investigada pela Corregedoria da Polícia Civil no Pará por fazer uma dancinha dentro da delegacia e usar a lancha da Polícia Civil para passear com amigos. O vídeo da dança e a foto do passeio foram compartilhados nas redes sociais. Uma polêmica cheia de precedentes e que reacende a discussão sobre o comportamento dos profissionais nas redes sociais e as consequências para suas carreiras.

“As pessoas até têm noção do alcance das redes sociais, mas o que elas não levam em consideração são as consequências do conteúdo publicado. Isso tem a ver com uma falsa sensação de que as pessoas que acompanham esses conteúdos são aquelas próximas de nós”, explica o professor Mário Camarão, doutorando em informação e redes pela Universidade do Minho, em Portugal.

O especialista alerta que, nas redes sociais, somos uma persona e não há como separar vida pessoal e profissional. “A partir do momento em que entro em uma rede, perco a privacidade completa e isso diz respeito a tudo. Ali, exponho minha identidade, forma de ser, de viver, agir... que nem sempre são relacionadas exclusivamente à vida profissional ou pessoal”. Para ele, o mais importante é o cuidado com o conteúdo postado e com a forma como se quer que os outros vejam o que é compartilho.

Demissão


No Brasil, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem entendido que são válidas as demissões por exposição inadequada nas redes sociais. Nas empresas privadas atitudes como expressar insatisfação ou ataques à imagem da empresa em que trabalha, reclamar do salário, do horário, do novo uniforme e do trabalho em si, além de falar mal do chefe, dos colegas e dos clientes podem, inclusive, gerar demissão por justa causa.

No serviço público, onde os casos de demissão ainda não são tão recorrentes, o mais comum é que cada esfera determine suas próprias normas e regras . No Pará, o Regime Jurídico Único, que é de 1994, e trata sobre a conduta dos servidores públicos, não faz menção ao uso de redes sociais. A Corregedoria do PC, que apura a conduta da delegada de Chaves, se manifestou sobre o caso apenas por meio de nota, mas não adianta quais as possíveis punições para a delegada.

Procedimentos que atentam contra as regras legais ferem a moral ou são ofensivos aos bons costumes e à decência; comportamento que ofende a dignidade; uso indevido das redes sociais em horário de trabalho; uso de mídias sociais não autorizadas; ofensa ao pudor, pornografia ou obscenidade; manifestações de racismo; apresentar atestado e, nos dias de licença, aparecer em festas em fotos postadas; estão entre os motivos que mais têm gerado demissão com relação ao uso de redes sociais.

Relembre casos em que o uso de redes sociais atrapalhou a carreira:


Junho, 2018: Latam demite funcionário que apareceu em um vídeo constrangendo mulheres durante a Copa do Mundo na Rússia.  Relembre o caso aqui.

Fevereiro, 2018: Jovem do Espírito Santo é demitido após foto com comentário racista viralizar. Lucas Almeida fez uma selfie com rapazes negros no carnaval e sugeriu que eles roubariam celulares. Veja aqui.

Dezembro, 2013: A relações públicas Justine Sacco é demitida depois de publicar em sua conta no Twitter: "Indo para a África. Espero que eu não pegue AIDS. Brincadeira. Sou branca!"

Especial AMZ