Descarbonização da indústria vai custar cerca de R$ 40 bilhões
A projeção é da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que aponta mercado de carbono como principal chave para a transição do setor.
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Um estudo da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) apresentado no final do ano passado na COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes, estima que serão necessários cerca de R$ 40 bilhões para descarbonizar a indústria brasileira até 2050. O dado faz parte do levantamento “Oportunidades e riscos da descarbonização da indústria brasileira – roteiro para uma estratégia nacional”, que apresenta o mercado de carbono como principal chave para a transição do setor industrial brasileiro para uma economia de baixa emissão do gás.
“A adoção de tecnologias pode abrir novos mercados, criar empregos e reduzir a pegada de carbono. As estratégias podem incluir o uso de energias renováveis, eficiência energética, materiais sustentáveis, adoção do hidrogênio de baixo carbono e captura e armazenamento de carbono. Essa transição requer políticas e investimentos adequados, envolvendo colaboração entre governo e setor privado. Além disso, é essencial capacitar os trabalhadores para os novos empregos que surgirão no setor industrial”, defende Ricardo Alban, presidente da CNI.
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O valor aproximado foi obtido através de estudos realizados nos últimos anos, além de consultas a especialistas de cada segmento. A CNI, entretanto, ressalta que alguns setores não incluíram no cálculo os investimentos indiretos necessários para impulsionar a oferta de energia renovável e alternativas. Estes investimentos abrangem infraestrutura essencial, como portos, estradas e telecomunicações. Consequentemente, o montante poderia ser consideravelmente maior, levando em conta essas variáveis omitidas.
Mercado de carbono é o principal caminho
Ao divulgar o estudo, a CNI destacou que, em setembro de 2023, o governo federal anunciou a revisão da meta climática brasileira, comprometendo-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 48% até 2025 e em 53% até 2030, retomando a ambição apresentada em 2015, no Acordo de Paris, durante a 21ª Conferência das Partes (COP 21). Em consonância com o restabelecimento das metas, a CNI afirma que a maioria dos setores estudados possui potencial para mitigar as emissões de GEE a médio e longo prazos.
Setores como cimento, siderurgia, alumínio e florestas plantadas se destacam nesse cenário. Os setores de cimento e siderurgia, por exemplo, conhecidos por serem grandes consumidores de energia nos processos produtivos, poderiam reduzir até 499 milhões de toneladas de CO² até 2050, de acordo com estudo. Além disso, a CNI realizou a simulação de três cenários para avaliar se o Brasil conseguirá atingir as metas estabelecidas e entender o possível impacto da precificação do carbono nesses compromissos.
Os resultados dessas projeções indicam que, por meio do mercado de carbono, é viável alcançar a neutralidade climática até 2050, ao mesmo tempo em que é possível impulsionar a atividade econômica do país, reduzindo a taxa de desemprego. Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais, defendeu à época que uma política de precificação de carbono adequada, que use as receitas para reduzir distorções da economia e incentive a criação de empregos estaria entre as melhores alternativas para o Brasil cumprir o Acordo.
O que os setores podem fazer para se descarbonizar
De acordo com a CNI, para além dos instrumentos de precificação, melhorias de eficiência energética e processos de produção com tecnologias mais avançadas contribuem para a descarbonização e alavancam a economia. Confira as opções tecnológicas de controle e eficiência listadas no estudo para cinco setores:
Alumínio
- Controle de motores e inversores de frequência;
- Caldeira a gás natural;
- Otimização do fluxo de ar da combustão;
- Isolamento em fornos; e
- Recuperação de calor.
Cimento
- Queima melhorada utilizando mineralizadores;
- Otimização de controle e processos/ recuperação de calor;
- Geração de eletricidade a partir de recuperação de calor;
- Substituição de moinhos de bolas por FPGR ou moinhos horizontais;
- Pré-moagem com moinhos de bolas;
- Classificadores de elevada eficiência; e
- Otimização da operação da planta de cimento.
Indústria química
- Adoção de biomassa em fornos e caldeiras;
- Recuperação de calor em caldeiras;
- Pré-reformador na produção de amônia e metanol;
- Adoção de gás natural em caldeiras;
- Produção de olefinas via tratamento catalítico da nafta;
- Produção de olefinas via metanol;
- Melhoria de sistemas motores; e
- Eletrocatálise.
Papel e celulose
- Caldeira auxiliar com controle de processo;
- Caldeira auxiliar com recuperação de vapor;
- Caldeira auxiliar com retorno de condensado;
- Manutenção da caldeira auxiliar;
- Modificações no forno de cal;
- Caldeira de papel com controle de processo;
- Caldeira de papel com recuperação de vapor; e
- Caldeira de papel com retorno de condensado.
Ferro-gussa e aço
- Sistema de controle avançado;
- Preaquec. Scrap;
- UTE avançada;
- Drives dos ventiladores;
- Queimadores oxy fuel;
- Recuperação de calor sensível BOF;
- Recuperação de calor das fornalhas;
- Injeção de carvão pulverizado; e
- Controle da umidade do carvão.
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