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Construção civil usa inteligência artificial para aprimorar processos e entregar melhores projetos

Arquitetos e engenheiros já utilizam diversas ferramentas inovadoras que possibilitam redução de custos e entrega em prazo menor

Elisa Vaz
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Aprimorar os processos e elevar a eficiência em projetos de arquiteturas e engenharia são alguns dos maiores benefícios de abraçar o potencial revolucionário da inteligência artificial (IA) na indústria da construção civil. Os profissionais desse segmento têm explorado novas fronteiras, fazendo a geração automática de projetos, simulações e análises avançadas com o auxílio das ferramentas tecnológicas - tudo isso a partir de algoritmos e técnicas de aprendizado de máquina, o chamado “machine learning”, para processar grandes volumes de dados.

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Experiência

O arquiteto e urbanista João Lobato diz que a IA está, de fato, muito presente no mercado da construção civil. “A gente utiliza a inteligência artificial desde a concepção inicial do projeto, que a gente chama de estudo preliminar, onde a gente vai fazer toda a análise da do problema a ser resolvido, até a entrega do produto para o consumidor final”, destaca. Na visão do profissional, o uso de ferramentas tecnológicas trouxe “muitos avanços” ao segmento e, dependendo do caso, “não dá para voltar atrás".

Já o engenheiro civil Rosalvo Lima diz que a IA é utilizada desde a captação de clientes, com algoritmos capazes de entregar conteúdo a um determinado grupo de pessoas que possam ter interesse no produto, passando pela entrega da obra, até a utilização dos imóveis, com a internet das coisas, que é capaz de conectar diversos objetos dentro de uma casa, por exemplo.

Ele defende que esse uso seja feito nas mais diversas fases de projetos de engenharia. “Por exemplo, no levantamento topográfico do terreno com a utilização de drones que captam imagens das áreas de interesse e registram os dados em 3D (nível do solo, vegetação, construções vizinhas etc.), o que permite a elaboração de projetos mais realistas. No projeto arquitetônico, a integração de IA com softwares Building Information Modeling (BIM) torna possível fazer construções extremamente detalhadas no ambiente virtual”, ressalta.

Segundo o engenheiro, os projetos, com a inteligência, deixam de ser apenas desenhos e passam a ter todos os detalhes construtivos de uma obra real, a exemplo da quantidade de cimento que será utilizado em determinado serviço ou a quantidade e os locais exatos de furos em uma viga para a passagem do sistema hidrossanitário e elétrico. “Um software BIM em conjunto com a IA é capaz de detectar padrões construtivos a fim de automatizar determinadas atividades, otimizando, assim, a concepção de projetos, seja arquitetônico, estrutural, elétrico, hidrossanitário e outros”.

Avanços nos últimos anos

Consultor de inovação do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Pará (Sinduscon-PA), Heleno Beckmann diz que a inteligência artificial já vem sendo estudada há alguns anos e, recentemente, houve avanços significativos nas ferramentas, resultando em uma notável democratização. Embora a aplicação da inteligência artificial no mercado da construção civil ainda não seja homogênea, segundo ele, é importante destacar que o setor possui uma taxa de aderência favorável a essa tecnologia, o que facilita o processo construtivo.

“Acredito que a otimização do processo construtivo é extremamente relevante. Um exemplo claro disso é a capacidade de prever com precisão os intervalos de tempo necessários para uma obra ou empreendimento. Com o uso da inteligência artificial, é possível realizar estudos de viabilidade de forma muito mais precisa e eficiente, reduzindo significativamente o tempo necessário para sua conclusão”, afirma o profissional.

Na visão de Beckmann, a tecnologia pode ser aplicada em todos os momentos de uma obra, para otimizar processos. No entanto, diz que tem observado um foco particular em duas áreas específicas: a fase de estudos de viabilidade e planejamento e o acompanhamento e a gestão dos processos. “Nessas etapas, tenho notado um desenvolvimento significativo de tecnologias voltadas para melhorar a eficiência e a precisão, proporcionando resultados mais assertivos”, analisa o consultor.

Benefícios

Um dos maiores benefícios do uso da tecnologia na construção civil é a redução de custos, seja na área de engenharia ou de arquitetura. Segundo o consultor de inovação do Sinduscon-PA, Heleno Beckmann, as inteligências artificiais têm um papel “fundamental” na minimização de desperdícios, como erros na contagem de materiais e prazos de obra prolongados.

Na arquitetura, João Lobato elogia a capacidade de geração e de utilização de dados para dar respostas otimizadas em todo o processo. “Hoje em dia, voltando atrás, a gente não conseguiria atingir o mesmo patamar de eficiência que consegue utilizando a inteligência artificial”. As análises criam um resultado muito mais rápido, de acordo com o arquiteto e urbanista, com respostas muito eficientes e soluções interessantes.

Com a tecnologia, inclusive, é possível entregar um resultado melhor do produto final, em menos tempo. “Ela nos ajuda a ter um resultado melhor por conta das melhores análises dos nossos problemas, A gente consegue otimizar muitos processos que antes eram muito manuais”, detalha. E, desde que esses mecanismos sejam bem utilizados nos projetos de arquitetura, é possível reduzir significativamente os custos também.

O mesmo ocorre na engenharia. Com os avanços da IA, opina Rosalvo, é possível ter construções mais eficientes, com custos menores, mais segurança e maior conforto ao usuário, uma vez que a inteligência pode ser utilizada para maximizar resultados utilizando recursos mínimos. “No planejamento de obras, a IA permite que sejam realizadas análises preditivas, estimativa de custos, identificação de possíveis erros que podem ser evitados, tudo isso devido à imensa quantidade de dados que, por meio dela, é possível analisar, o que seria extremamente exaustivo ou até mesmo inviável que fosse feito manualmente”.

Riscos

Embora a IA apresente potencial para aprimorar a indústria da construção civil, é importante garantir a aplicação ética e responsável das tecnologias. Heleno Beckmann ressalta: as inteligências artificiais são, essencialmente, ferramentas que requerem o uso humano para operá-las. Por isso é necessário alimentá-las com dados e realizar verificações adequadas. O elemento humano, portanto, não é eliminado, mas sim necessário durante o processo de alimentação e validação dos dados.

“É importante ressaltar que a IA não substitui a expertise de um engenheiro. Ela não possui a capacidade de ser uma engenheira em si. Portanto, é crucial manter o papel da engenharia e do elemento humano para acompanhar e validar o uso dessas ferramentas. O envolvimento humano é fundamental para garantir que tudo esteja correto e em conformidade com os padrões e requisitos necessários”, destaca.

O engenheiro civil Rosalvo Lima concorda e diz que a IA é uma ferramenta que pode ser utilizada para beneficiar o construtor, o projetista e o cliente, mas que é importante, contudo, que profissionais habilitados sejam os responsáveis pela aplicação da inteligência na construção civil. Uma vez que esses detalhes estejam alinhados, na opinião dele, não há que se falar em riscos, seja para o projeto ou para a obra.

Saiba onde a IA pode ser usada na construção

  • Atendimento ao cliente: Analisando o comportamento de quem está na fase de compra e mostrando preferências
  • Planejamento e controle da obra: Realizando projeções, melhorando a tomada de decisões. e corrigindo possíveis falhas
  • Gestão de risco: Evitando acidentes durante as obras e identificando áreas e situações de risco
  • Economia: Otimizando custos da produção e execução de um projeto
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