Uso excessivo de telas pode causar ardor nos olhos; saiba como evitar

O tempo de tela elevado reduz o reflexo de piscada, essencial para lubrificar os olhos

Ayla Ferreira*

Você já imaginou uma rotina sem telas? Para muitos brasileiros, essa possibilidade é quase inexistente, já que os eletrônicos fazem parte de praticamente todos os momentos do dia. Segundo o Censo Demográfico de 2022, cerca de 89,4% da população brasileira vivia em domicílios com acesso à internet.

As telas estão presentes no trabalho — com o uso de computadores — e também no lazer, por meio de televisões, celulares, leitores digitais e videogames portáteis.

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Diante dessa realidade, é essencial manter uma relação equilibrada com os dispositivos para evitar desconfortos oculares, como o ardor. O uso prolongado de telas pode causar sintomas como ardência, sensação de areia nos olhos, visão turva e até dor de cabeça.

No caso da estudante de Publicidade e Propaganda Sachie Yoshioka, de 21 anos, mais de 10 horas por dia são dedicadas às telas — seis delas apenas durante o estágio.

Sachie não está sozinha. De acordo com dados do site Electronics Hub, o Brasil ocupa a segunda colocação entre os países que mais passam tempo diante de telas. A média nacional é de 9 horas e 13 minutos diários.

“Além de usar o celular para me comunicar, também utilizo um computador com dois monitores durante o estágio. Em casa, uso o computador para trabalhos acadêmicos e também para lazer, como jogos e vídeos. Não consigo imaginar meu dia a dia sem telas, porque todo o meu trabalho depende delas”, relata.

A estudante percebeu os primeiros sintomas ao acordar já com ardência nos olhos, mesmo tomando alguns cuidados, como evitar o uso do celular antes de dormir.

Menos piscadas, mais desconforto

Piscar é um ato involuntário do corpo humano — fazemos isso de 15 a 20 vezes por minuto. Essa ação serve para proteger os olhos de estímulos como barulhos ou poeira, além de espalhar a lágrima natural que lubrifica o globo ocular.

Segundo o oftalmologista Dr. Lauro Barata, mestre em Oftalmologia pela Unifesp, o uso prolongado de telas interfere nesse reflexo natural.

“Cada vez que fixamos o olhar em uma tela — seja celular, computador ou tablet — diminuímos o número de piscadas. E é justamente o piscar que lubrifica os olhos. Por isso, ao passar muito tempo lendo ou em frente a uma tela, você pode sentir ardência, sonolência, ou outros desconfortos relacionados à saúde ocular”, explica.

O especialista também alerta que o uso excessivo de telas pode contribuir para o surgimento de problemas de visão, como a miopia.

“O esforço visual constante para objetos próximos pode provocar miopia precoce. Estudos já indicam que, por volta de 2050, teremos uma epidemia global de miopia, impulsionada pelo uso excessivo de dispositivos eletrônicos”, afirma.

O que fazer para evitar o ardor nos olhos?

Para Sachie, o desconforto foi além dos olhos. Ela começou a sentir também dores de cabeça, ansiedade e irritação quando se afastava das telas. “Não consigo mais aproveitar tanto atividades em grupo que envolvem telas, como cinema ou jogos”, diz.

Após diagnóstico com um oftalmologista, mudanças foram necessárias.

“A primeira coisa que fiz foi trocar os óculos. Atualizei o grau e incluí um filtro de luz azul, que reduziu bastante a ardência e as dores de cabeça. Também mantenho o brilho dos dispositivos no mínimo e busco atividades fora das telas, como ler livros físicos, ouvir podcasts ou desenhar”, conta.

O Dr. Lauro Barata reforça que medidas simples podem fazer a diferença. “A cada 20 minutos de uso de tela, é importante fazer uma pausa. O uso de lubrificantes oculares, com orientação médica, também pode ajudar. O problema é que muitos ignoram a necessidade de descanso visual”, destaca.

Uma das estratégias mais recomendadas é a regra 20-20-20, criada pelo optometrista Jeffrey Anshel: a cada 20 minutos de tela, olhe para algo a cerca de 6 metros de distância por 20 segundos. Isso ajuda a reduzir a fadiga ocular.

✅ Dicas para manter a saúde dos olhos

  • Ajuste a configuração do computador: aumente o tamanho da fonte e evite excesso de cores fortes.
  • Reduza o brilho da tela: utilize proteção antirreflexo e ative o modo de luz azul reduzida.
  • Ajuste o contraste: a tela deve estar suficientemente iluminada para permitir a leitura confortável, sem esforço.
  • Verifique a iluminação do ambiente: ela deve ser uniforme, evitando sombras, reflexos e ofuscamento. Evite ficar com a tela de frente para luz natural.
  • Mantenha distância adequada: posicione o monitor a aproximadamente um braço de distância, com a tela na altura dos olhos.
  • Evite proximidade excessiva em celulares e tablets: mantenha uma distância segura para proteger a visão.

Fonte: Coordenação de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (CASST/UFRRJ)

*Ayla Ferreira é estagiária sob supervisão de jornalistas do Grupo de Reportagem

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