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Pediculose: infestação por piolhos pode ter consequências graves sem tratamento adequado

Dermatologista alerta para diagnóstico precoce e cuidados preventivos

Ayla Ferreira*
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Os piolhos são pequenos parasitas que se alimentam de sangue humano e vivem principalmente no couro cabeludo, mas também podem afetar o corpo e até mesmo a região pubiana. Compartilhar objetos pessoais e ficar em locais fechados pode favorecer o surgimento da doença, e, em casos mais graves e raros, a patologia pode levar à morte. No entanto, com os cuidados corretos, é possível evitar as consequências.
 
De acordo com a médica dermatologista Caroline Palheta, a espécie mais comum de piolho é o Pediculus humanus capitis, responsável pelas pediculoses, nome dado às infestações em crianças e adultos. Eles fixam nos cabelos, próximos à raiz, e as lêndeas (os ovos) se prendem firmemente aos fios. “A  infestação pode ocorrer em qualquer época do ano, mas tende a ser mais frequente no retorno às aulas, quando há maior contato direto entre crianças. Locais fechados e compartilhamento de objetos pessoais, como bonés e escovas, também facilitam a transmissão”, diz Caroline.
 
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Um dos sintomas mais conhecidos é a coceira intensa, especialmente na nuca e atrás das orelhas. Outros sinais recorrentes são pequenas feridas no couro cabeludo, que surgem pelo ato de coçar, irritação ou vermelhidão local, e, em alguns casos, a presença de gânglios inchados na região do pescoço. As lêndeas, que são os ovos, se apresentam como pequenos pontos esbranquiçados ou amarelados firmemente grudados aos fios, o que ajuda no diagnóstico.
 
“Atualmente, temos boas opções de tratamento com loções e xampus específicos, que contêm substâncias como a permetrina. A remoção manual com pente fino é altamente recomendada como complemento, pois ajuda a retirar as lêndeas e reduzir a chance de reinfestação. Em casos persistentes ou mais graves, pode ser necessário o uso de ivermectina oral, sempre com prescrição médica”, explica Caroline.

Morte por piolho

Em Sabinas, cidade do estado de Coahuila, no México, um estudante de 12 anos faleceu após desenvolver uma infecção grave provocada por piolhos hematófagos. Amador Flores Vargas apresentava febre persistente, desidratação severa e sinais de falência dos órgãos quando foi levado ao hospital. 
 
“Infestações não tratadas podem levar a complicações como infecções bacterianas secundárias na pele, especialmente quando há feridas abertas por conta da coceira constante”, explica a dermatologista. As infecções podem evoluir para casos mais graves, como impetigo ou celulite, exigindo tratamento com antibióticos. Em casos crônicos e intensos, os pacientes podem apresentar irritabilidade, distúrbios do sono e impactos psicológicos, com maior recorrência em crianças.
 
O caso do estudante mexicano é raro, explica a médica. “Casos tão graves como o relatado são extremamente raros, mas mostram a importância de não subestimar infestações por piolhos. A automedicação ou o atraso no tratamento podem agravar o quadro. É fundamental tratar precocemente e procurar orientação médica sempre que houver sinais de infecção”.
 
Diferente do piolho da cabeça (Pediculus humanos capitis), o piolho de corpo (pediculus humanus humanus) pode transmitir doenças como o tifo epidêmico, causado por Rickettsia prowazekii, em situações de más condições de higiene. A doença é transmitida por fezes de piolho, quando arranhadas ou esfregadas em locais da picada ou de outras feridas.
 
Já o piolho de cabeça, mais comum em crianças e adolescentes, não é reconhecido como  vetor natural de riquétsias. “Até o momento, não há evidência científica sólida de que ele transmita essas bactérias de forma efetiva. Portanto, casos graves de infecção secundária associados a piolhos são geralmente causados por bactérias comuns da pele, e não por Rickettsia”, enfatiza.

Adultos também podem contrair

A pediculose não está restrita à crianças e jovens. Uma médica veterinária, que não quis se identificar, contraiu a infestação já na vida adulta, aos 27 anos. “Como trabalho prestando serviço, todos os dias preciso usar aplicativos de transporte para atender meus clientes. Na época, eu não me importava tanto em levar comigo uma touca, já que estava há meses utilizando o serviço e nunca tive problemas”, diz.
 
Foi depois de um dia de trabalho que a médica percebeu que algo estava errado. Sentia uma coceira excessiva na cabeça e foi surpreendida com piolhos nas unhas depois de coçar. “Fiquei constrangida e preocupada, já que tinha um filho pequeno e podia passar piolho para ele. Imediatamente lavei meu cabelo com shampoo como de costume, passei pente fino e tomei um comprimido de medicamento antiparasitário. No dia seguinte, passei novamente o pente fino, e não havia mais nenhum resquício da praga”, conta.
 
Desde então, a rotina da médica mudou completamente. Ela passou a utilizar toucas em todas as corridas por aplicativos. “Depois desse episódio, não saio sem minha touca de cetim dentro da bolsa, e de vez em quando, uso pente fino, só para ter certeza que estou livre de piolho”, afirma.
 
A dermatologista Caroline reforça que o uso de toucas no cabelo, antes de utilizar o capacete, são formas de prevenção. Além disso, a indicação é que sejam utilizadas toucas higiênicas descartáveis, de uso único.

Confira as principais medidas de prevenção

Evitar o compartilhamento de pentes, escovas, bonés, presilhas e fones de ouvido.
Manter os cabelos presos em ambientes com aglomeração, como escolas.
Realizar inspeções regulares no couro cabeludo de crianças, especialmente após contato com colegas infestados.
Comunicar a escola ou creche em caso de infestação, para que outras crianças também sejam examinadas e tratadas se necessário.
A prevenção eficaz envolve também informação e vigilância constante, especialmente em ambientes com crianças.
 
*Ayla Ferreira, estagiária de Jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidade.
 
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