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Pará reduz óbitos por Hepatite B em quase 55%; casos de Hepatite C também apresentam queda

A vacinação continua sendo a principal forma de prevenção contra Hepatite A e B, disponível de forma gratuita pelo SUS

Ayla Ferreira*
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As hepatites são inflamações nas células do fígado que, na maioria das vezes, não apresentam sintomas. Causadas pelos vírus A, B e C, podem evoluir para a forma crônica, caso não tratadas, e levar à óbito. O Pará vem avançando no diagnóstico precoce e tratamento: segundo novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, as mortes por hepatite B reduziram 54,8% entre 2014 e 2024. Já os óbitos por hepatite C caíram 16,4%, passando de 73 para 61 no mesmo período.

Apesar da redução, os dados reforçam a necessidade da ampliação de testagem e adesão ao tratamento, especialmente nos casos de hepatite B. “O Brasil conta com o maior e mais abrangente sistema público de vacinação, que garante a oferta de terapias e testagem. Desde a implementação dos testes rápidos no SUS, avançamos no enfrentamento das hepatites virais. É importante reforçar: temos vacinas, testes e orientações claras disponíveis sobre o enfrentamento das hepatites. Por isso, quero chamar a atenção da população para a importância do diagnóstico precoce", destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

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Os casos de hepatite no Pará oscilam entre os tipos mais frequentes — A, B e C — de acordo com registros mais recentes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan NET). Em 2024, foram registrados 25 casos do tipo A, e seis entre janeiro e junho deste ano. No caso da hepatite B, foram 506 casos confirmados, e 142 nos primeiros seis meses de 2025, ainda segundo o Sinan NET.

Já os casos de hepatite C no Pará totalizaram 360 ocorrências em 2024, e 97 neste ano, segundo os dados atualizados até 10 de junho. As mais fatais são complicações causadas pelos tipos B e C. Na série histórica entre 2020 e 2024, dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) atestam que 237 pessoas morreram devido a hepatites, sendo 64,28% desse total causados pelo tipo C da doença.

Conforme dados da plataforma de monitoramento do MIS, que identifica quantas pessoas foram diagnosticadas com hepatites B e C por estado e município, bem como o início do tratamento e tempo médio do cuidado, 2.198 pessoas receberam indicação para tratamento da hepatite B, e 676 iniciaram o acompanhamento no Pará. Em relação à hepatite C, 333 pessoas tiveram indicação para o tratamento e 241 foram tratadas no estado. 

Diagnóstico

As hepatites virais são infecções que atingem o fígado, ocasionadas por vírus A, B e C, levando à alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes, não apresentam sintomas, mas quando presentes, podem ser manifestar por dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras, entre outros. 

No tipo A, a principal forma de transmissão é o contato oral-fecal. A hepatite B pode ser transmitida sexualmente e por contato com sangue contaminado (via parenteral, percutânea e vertical). O tipo C da doença pode ser transmitido por agulhas e seringas contaminadas, ou por objetos cortantes não esterilizados.

Vacinação é a principal forma de prevenção

Desde a inclusão da vacina contra hepatite A no SUS em 2014, o número de casos da doença teve uma queda contínua em todo o país, passando de 6.261 casos em 2013 para 437, em 2021 – ou seja, 93% a menos considerando todas as faixas etárias. Com a aplicação de doses em meninos e meninas a partir de 12 meses de idade e menores de 5 anos, a incidência da doença caiu bastante entre as crianças. No comparativo de 2013 a 2023, os registros diminuíram 97,3%, entre menores de 5 anos, e 99,1%, na faixa etária de 5 a 9 anos.

Este ano, a campanha publicitária nacional do Ministério da Saúde traz o tema “Um teste pode mudar tudo” para conscientizar e alertar a população sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento. Além da vacinação, o Ministério da Saúde reforça medidas complementares de prevenção, como o uso de preservativos, higienização das mãos e o não compartilhamento de objetos que possam ter contato com sangue.

A testagem é realizada de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS) e pode ser feita através de testes rápidos ou laboratoriais. A indicação é que a busca pelo diagnóstico seja feita ao menos uma vez por pessoas com mais de 20 anos. Os testes são gratuitos e estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúdes (UBS)

A Secretária de Estado de Saúde do Pará (Sespa) recomenda que, independente da faixa etária, podem procurar o serviço pessoas que colocaram piercing e fizeram tatuagem; quem recebeu transfusão de sangue antes de 1993 e profissionais de saúde. Em caso de necessidade de tratamento, no Pará, a pessoa é encaminhada a um dos 41 Serviços de Atendimento Especializado (SAE) em HIV/Hepatites Virais espalhados pelo Pará.

Já nos casos mais complexos, o paciente ainda pode ser referenciado para a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém, especialista no tratamento de doenças do fígado em casos avançados e transplante hepático.

Campanha no Pará

A Sespa, por meio do Departamento de Controle de Doenças Transmissíveis, oferta testes rápidos e preservativos (externo e interno) às secretarias de saúde dos 144 municípios do Pará. Os materiais são direcionados ao desenvolvimento de ações de saúde e prevenção realizadas pelos Centros Regionais e órgãos municipais de saúde pública.

Este ano, a programação da campanha será desenvolvida ao longo de três momentos, com a oferta de testagens, com ênfase no público masculino, que ainda reúne o maior número de casos positivos.

A coordenadora de Hepatites Virais pela Sespa, Caroline Figueiredo, ressalta que, por ser uma doença silenciosa, o principal objetivo da campanha é a busca ativa por pessoas que não sabem que têm os vírus, e precisam logo de tratamento para não serem surpreendidas pelas consequências de um diagnóstico tardio, como uma cirrose ou câncer de fígado. O rápido diagnóstico também evita a disseminação da hepatite.

*Ayla Ferreira, estagiária de Jornalismo, sob supervisão de Ana Laura Carvalho, coordenadora do núcleo de Atualidades

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