O que é a Síndrome de Tourette? Causas, sintomas complexos e como controlar os tiques
A Síndrome de Tourette manifesta tiques motores e vocais involuntários: saiba quando procurar um médico para o diagnóstico e quais terapias aliviam o estresse

A Síndrome de Tourette é classificada como um distúrbio neuropsiquiátrico ou neurológico caracterizado pela manifestação de tiques múltiplos, sejam eles motores ou vocais, que persistem por um período superior a um ano.
Embora a causa exata do transtorno ainda seja desconhecida, ele geralmente se instala na infância. A condição não tem cura, mas pode ser controlada, e os tratamentos existentes visam reduzir os sintomas e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida do paciente.
O nome da síndrome é uma homenagem ao neurologista Georges Gilles de la Tourette, que em 1885 sugeriu que este quadro clínico específico constituía uma condição distinta de outros distúrbios neuropsiquiátricos similares.
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Sintomas da Síndrome de Tourette
A principal característica da síndrome são os tiques, que ocorrem em ondas, com frequência e intensidade variáveis, podendo causar constrangimento e estresse aos pacientes.
Tiques motores
Em 80% dos casos, os tiques motores são a primeira manifestação da síndrome. Eles podem ser:
- Simples: Piscar, franzir a testa, balançar a cabeça, contrair os músculos da face, ou contrair em trancos os músculos abdominais ou outros grupos musculares.
- Complexos: Movimentos que podem parecer propositais, como tocar ou bater em objetos próximos.
Tiques vocais
Inicialmente, manifestam-se como ruídos não articulados, como tossir, fungar ou limpar a garganta. Com o tempo e o desenvolvimento cognitivo, esses tiques podem evoluir para a emissão parcial ou completa de palavras.
Sintomas mais raros e complexos
Embora sejam menos frequentes, os sintomas que historicamente tornaram a síndrome mais conhecida e que geram grande estresse incluem:
- Coprolalia: Uso involuntário de palavras obscenas.
- Copropraxia: Uso involuntário de gestos obscenos.
- Ecolalia: Repetição de um som, palavra ou frase dita por outra pessoa.
Os tiques pioram com o estresse. Pacientes podem conseguir suprimir a eclosão do tique por curtos períodos, mas isso exige muito esforço. A liberação subsequente do tique traz alívio.
O impacto além do físico: Ansiedade e pensamentos invasivos
Os desafios da Síndrome de Tourette não se limitam aos movimentos ou sons involuntários. A condição pode provocar sentimentos como fobia social, ansiedade e irritabilidade, além de poder estar associada a outras condições, como sintomas obsessivo-compulsivos (TOC), distúrbio de atenção com hiperatividade (TDAH) e transtornos de aprendizagem.
O cantor Robbie Williams, de 51 anos, que recentemente revelou conviver com a síndrome, explicou que os sintomas vão além dos tiques físicos, afetando também seus pensamentos. Ele descreveu ter ideias invasivas que surgem sem controle, mesmo em situações cotidianas, e que esses pensamentos estão ligados à síndrome.
Apesar de sua longa carreira, Williams admitiu ter uma relação complicada com turnês e apresentações ao vivo, sentindo-se apavorado antes dos shows. Sua postura confiante no palco, segundo ele, funciona como uma "máscara" que transmite segurança, mas esconde sua insegurança interior.
Diagnóstico de Síndrome de Tourette
O diagnóstico é essencialmente clínico, realizado por um neuropediatra ou psiquiatra especializado, e deve obedecer a critérios específicos:
- Manifestação de tiques motores múltiplos e um ou mais tiques vocais (não necessariamente ao mesmo tempo).
- Os tiques devem ocorrer em salvas (diversas vezes por dia), quase todos os dias ou intermitentemente, por um período de pelo menos três meses consecutivos.
- O quadro deve ter iniciado antes dos 18 anos de idade.
Tratamento para a Síndrome de Tourette
A Tourette não tem cura, mas pode ser controlada. As abordagens terapêuticas incluem:
- Terapia Comportamental Cognitiva (Tratamento de reversão de hábitos): Baseada no treinamento dos pacientes para que monitorem as sensações que antecedem os tiques (premonitórias) e respondam a elas com uma reação voluntária que seja fisicamente incompatível com o tique.
- Medicamentos: Antipsicóticos podem ser úteis para reduzir a intensidade dos tiques, especialmente quando eles prejudicam a autoestima ou a aceitação social do paciente.
- Toxina botulínica (Botox): Pode ser tentada em casos de tiques bem localizados.
- Tratamento cirúrgico: Em casos excepcionais, pode ser indicada a estimulação cerebral profunda.
- Estratégias de relaxamento: Atividades como meditação, ioga e esportes podem ser úteis para aliviar o estresse, pois promovem relaxamento e demandam atenção.
O tratamento precoce é crucial para obter melhores resultados e garantir uma vida normal.
(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora web de oliberal.com)
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