Não consegue ficar com as pernas paradas? Veja o que isso pode indicar
Especialistas alertam para a síndrome das pernas inquietas, um distúrbio neurológico comum, mas ainda pouco reconhecido; veja os sintomas, tratamento e o que fazer

Você já sentiu uma vontade incontrolável de mover as pernas ao deitar ou descansar? Tem dificuldade para dormir por causa de uma sensação incômoda nos membros inferiores? Esses sinais podem indicar a síndrome das pernas inquietas (SPI), um distúrbio neurológico que pode afetar até 29% da população adulta em países ocidentais, segundo estudos recentes.
Apesar de comum, a condição ainda é pouco diagnosticada e pode passar despercebida por anos — até que afete de forma significativa o sono e a qualidade de vida.
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O que é a síndrome das pernas inquietas?
A síndrome das pernas inquietas é caracterizada por uma necessidade irresistível de mover as pernas, geralmente acompanhada por sensações desconfortáveis, como formigamento, pontadas, ardência ou uma sensação descrita como algo “rastejando” sob a pele.
Segundo o Dr. John Winkelman, do Massachusetts General Hospital e Harvard Medical School, os sintomas surgem quando a pessoa está em repouso, especialmente à noite, e tendem a melhorar com o movimento. Por isso, a SPI também é classificada como um distúrbio do sono, já que pode atrasar o início do sono e levar à insônia crônica.
Quais são os sintomas mais comuns?
- Sensação de desconforto nas pernas (ou braços) ao repousar
- Necessidade constante de movimentar as pernas
- Piora dos sintomas à noite
- Dificuldade para iniciar ou manter o sono
- Sonolência e cansaço durante o dia
Em casos moderados a graves, os episódios podem ocorrer várias vezes por semana e interferir diretamente na qualidade do sono e na rotina diária.
Quem pode ter síndrome das pernas inquietas?
A SPI pode afetar pessoas de todas as idades, mas é mais comum em:
- Mulheres (duas vezes mais do que homens)
- Pessoas acima dos 40 anos
- Gestantes
- Pessoas com deficiência de ferro
- Pacientes com insuficiência renal ou em diálise
- Usuários de certos antidepressivos
- Pessoas com histórico familiar da condição
Em crianças, o diagnóstico pode ser confundido com hiperatividade, o que reforça a importância de procurar um médico especializado.
O que pode causar ou agravar a condição?
Além da predisposição genética, níveis baixos de ferro no organismo são um dos principais fatores associados ao desenvolvimento da síndrome. O uso de álcool, consumo excessivo de açúcares simples e certos medicamentos antidepressivos também podem agravar os sintomas.
Tratamento: como controlar a síndrome das pernas inquietas?
O tratamento começa com a identificação de fatores desencadeantes. Veja algumas medidas recomendadas por especialistas:
- Reposição de ferro, caso exames laboratoriais indiquem deficiência
- Evitar álcool, cafeína e açúcar antes de dormir
- Massagens, compressas quentes ou frias e caminhadas leves
- Exercícios físicos moderados durante o dia
- Manter a mente ocupada, com atividades leves como leitura ou jogos mentais
Em casos persistentes, pode ser necessário o uso de medicamentos, sob orientação médica, especialmente por um especialista em sono ou neurologia.
Quando procurar ajuda médica?
Se você sente desconforto frequente nas pernas ao repousar, especialmente se isso atrapalha seu sono, é importante procurar avaliação médica. Um exame simples de sangue, chamado ferritina sérica, pode ajudar a identificar se os níveis de ferro estão adequados.
Nem todos os médicos estão familiarizados com o diagnóstico da SPI. Por isso, um encaminhamento para um especialista em distúrbios do sono pode acelerar o tratamento e melhorar sua qualidade de vida.
A síndrome das pernas inquietas pode afetar mais do que o sono. Segundo especialistas, muitos pacientes relatam queda no rendimento no trabalho, mudanças de humor, irritabilidade e até isolamento social, por não entenderem o que está causando o desconforto.
“Você não percebe que aquela sonolência no trabalho ou falta de vontade de sair pode estar ligada à SPI”, explica Mary Dzienkowski, diretora da Restless Legs Syndrome Foundation.
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