Entenda como a obesidade pode reduzir em até 3 vezes as chances de engravidar
Endocrinologista explica a relação entre a obesidade e a queda da taxa de fertilidade das mulheres
A obesidade é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas pelo mundo, resultando em diversos tipos de complicações na vida de quem sofre dessa patologia. Nas mulheres tem um agravante a mais, causando distúrbios hormonais capazes de alterar significativamente a saúde reprodutiva, como explica a endocrinologista Rafaela Miranda. No Pará, mulheres adultas com sobrepeso representam 36,67% da população do estado, de acordo com Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) do Ministério da Saúde de 2023.
“A obesidade tem impacto significativo na fertilidade feminina. Sabemos que mulheres com obesidade têm três vezes mais chance de ter dificuldade para engravidar quando comparadas com mulheres com peso normal. Isso acontece porque o excesso de peso afeta o principal eixo que estimula a ovulação, gerando ciclos menstruais mais longos, irregulares e até com a ausência de ovulação”, aponta a endocrinologista.
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Rafaela também esclarece que a obesidade interfere na fertilidade masculina, pois leva a uma condição denominada Hipogonadismo, causando queda dos níveis de testosterona e, por conseguinte, redução do número e qualidade dos espermatozoides.
“Além disso, devemos lembrar que a obesidade é um estado de inflamação crônico que leva ao aumento na produção de radicais livres e ácidos graxos, tanto em homens e mulheres, que dentre outros prejuízos dificultam inclusive a implantação do embrião”, esclarece Rafaela Miranda
A especialista também alerta que o sobrepeso pode trazer riscos durante a gravidez, pois quanto maior o IMC, maiores são os riscos de a mulher ter complicações durante a gestação, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. “A obesidade na gravidez está relacionada ao aumento do risco de complicações no parto, parto prematuro, nascimento de bebês com peso acima do normal e até de óbito fetal”, diz.
Redução do peso aumenta a fertilidade
As famílias que desejam ter filhos, entender essa relação é o primeiro passo para buscar um tratamento efetivo. Pequenas perdas de peso, como 5 a 10% do excesso de peso, já podem trazer grandes benefícios na fertilidade, além de promover uma gravidez saudável e com menores taxas de complicações.
“Para quem convive com obesidade e está enfrentando problemas de fertilidade, é fundamental recuperar um peso saudável. Nesse sentido, é importante acompanhar com um médico endocrinologista, que é o profissional responsável por traçar uma jornada de acompanhamento e cuidados, levando a uma perda de peso segura e sustentada e dessa forma, aumentar suas taxas de fertilidade”, conclui Rafaela.
Sonho de ser mãe realizado
Desde 2015, quando tinha 27 anos, a professora e estudante de publicidade Snara Salvador tentava realizar o sonho de ser mãe, porém, ela não compreendia que a obesidade poderia estar relacionada com a dificuldade de engravidar, mesmo na época em que começou a sonhar, quando não era obesa. Só descobriu a relação quando começou o tratamento para adequação de peso com uma profissional.
“A obesidade atrapalhava tudo na vida: afetava a disposição, a vontade de viver, a autoestima. Me causava muitas dores no corpo devido ao excesso de peso, eu sentia uma dor na coluna lombar que às vezes me prendia na cama por dias. Me causou diabetes tipo 2, atrapalhava minha saúde hormonal e o ciclo menstrual. As roupas não me servem, eu tinha que comprar em lojas especializadas e nem sempre encontrava algo que me agradasse”, conta Snara.
A universitária, agora grávida de 3 meses, relata que a gravidez foi descoberta devido a um atraso menstrual, pois desde a perda de peso, os ciclos passaram a ser bem regulares. “Então, quando atrasou eu desconfiei, mas confesso que não esperava que fosse porque eu já tentava desde antes de ser obesa, e nunca tinha conseguido engravidar. Então me surpreendi muito com o resultado positivo no teste de farmácia. Foi uma alegria incrível”, comemorou ela.
Lucas Quirino (Estagiário sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)
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