Dor em ‘pontada’ na região do calcanhar pode ser sintoma de esporão, alerta ortopedista

O esporão do calcâneo é uma protuberância óssea em formato de espinho, que pode causar dores intensas, especialmente pela manhã

Ayla Ferreira*
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Um problema comum na população, principalmente depois dos 40 anos, o esporão do calcâneo é um quadro que surge como resposta a microtraumas repetitivos, como os gerados pelo uso de calçados sem amortecimento, e à inflamação crônica da região. A consequência é o surgimento de uma formação óssea anormal em formato de espinho, desenvolvida na parte inferior ou posterior do osso calcâneo, que caracteriza o esporão.

“O esporão não é uma condição genética primária, mas sim adquirida. Desenvolve-se principalmente devido a sobrecarga mecânica repetitiva e pela inflamação crônica da fáscia plantar. Pode surgir também com a tensão excessiva nos tendões que se inserem no calcâneo e pelo processo degenerativo relacionado ao envelhecimento”, explica o médico ortopedista Wagner Sampaio, de Belém, especialista em pé e tornozelo.

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A aposentada Hilda Pampolha, de 71 anos, sentia dores tão intensas que mal conseguia apoiar o calcanhar no chão. “Como eu não sabia que era do esporão do calcâneo que estava sofrendo, eu falava que não conseguia ficar boa. Até que me disseram para ir ao ortopedista, e lá ele passou a medicação e encaminhou para a fisioterapia”, conta.

image Hilda Pampolha realizou o tratamento do esporão e voltou a praticar atividades físicas. (Foto: Acervo pessoal)

O diagnóstico veio há cinco anos. Foram cerca de 30 sessões de fisioterapia, com exercícios dentro e fora do consultório, para que Hilda conseguisse voltar a pisar da forma correta. Antes de descobrir o esporão, ela sofria com dores em vários momentos, principalmente na musculação. “Sentia dor quando subia e descia escada, e também quando usava sapatilha e rasteirinha. Quando fazia atividade de alto impacto, sentia mais ainda, como na academia”, relata.

Hilda passou a tomar alguns cuidados depois do diagnóstico, como seguir o tratamento médico e fisioterapêutico corretamente e também utilizar uma calcanheira para conforto e suporte dos pés no dia a dia. Hoje, ela conta que já não sente mais dores no calcanhar e consegue viver uma vida ativa, com a prática de musculação, dança, exercícios com bola de pilates e também hidroginástica.

“O tratamento não é doloroso, é uma fisioterapia. As pessoas que recebem o diagnóstico não devem ter medo, porque ao fazer o tratamento, elas vão diminuir uma coisa ruim, que não pertence a elas. Elas devem fazer o tratamento sem medo e continuar levando a vida normal com a atividade física, principalmente para o idoso, que precisa tanto disso”, aconselha a aposentada.

Calcâneo garante a sustentação do corpo

O calcâneo é o maior osso do pé e desempenha algumas funções fundamentais, garantindo a sustentação corporal, amortecimento ao caminhar e correr e também garantir a propulsão durante o movimento de caminhada, funcionando como uma alavanca biomecânica.

Quando há um quadro de esporão, os pacientes podem ser afetados com sintomas específicos, de acordo com o ortopedista Wagner Sampaio. “A dor tem características bastante específicas, como dor em ‘pontada’ ou ‘facada’ na região plantar do calcanhar e uma dor matinal intensa nos primeiros passos ao levantar da cama. A dor pode melhorar com o movimento inicial, mas piorar com a atividade prolongada”, afirma. Além disso, alguns pacientes podem ter a sensação de “prego” ou “pedra” no calcanhar.

O quadro requer um diagnóstico diferencial, pois pode ser confundido com outras condições, como fascite plantar, bursite do calcâneo ou síndrome do túnel do tarso, requerendo avaliação clínica cuidadosa. Segundo o ortopedista, o esporão é mais comum após os 40 anos e pode surgir por conta do sobrepeso e da obesidade, que aumentam a sobrecarga mecânica.

Além disso, ainda segundo o especialista, algumas atividades de alto impacto como corrida e saltos podem ser fatores de risco. “O trabalho prolongado em pé também é um fator de risco. Já os calçados inadequados são fatores de risco significativo, e deve-se ter atenção aos sapatos sem amortecimento, com saltos muito baixos ou muito altos, e também com calçados que estão desgastados ou sem suporte do arco plantar”, destaca Wagner Sampaio.

Tratamento não requer cirurgia na maioria dos casos

De acordo com o ortopedista Wagner, o tratamento é conservador e sem cirurgia na grande maioria dos casos. “O tratamento inclui exercícios de alongamento da panturrilha e da fáscia plantar, uso de palmilhas, fisioterapia, calçados adequados e quando necessário medicamentos para dor e inflamação”, destaca o médico. Com o sucesso dos cuidados, a maioria dos pacientes pode retornar às atividades normais.

“As infiltrações também podem ser usadas, mas somente em casos selecionados”, diz o ortopedista. Na área médica, as infiltrações são injeções de medicamento aplicadas diretamente em uma articulação, tendão ou região dolorosa, para aliviar os sintomas e tratar inflamações localizadas. O objetivo é reduzir a inflamação, dor e facilitar a reabilitação.
 
Já a indicação cirúrgica pode acontecer quando há falha do tratamento conservador em um período de seis a doze meses, fazendo com que a dor se torne incapacitante e comprometa a qualidade de vida, além de limitar a função. Segundo Wagner, em casos de cirurgia, a taxa de sucesso é de 85% a 95% dos casos. “Se a dor no calcanhar não é tratada cedo, pode virar uma dor crônica, limitando caminhada, corrida e até as atividades do dia-a-dia”, reforça o especialista.  

Confira seis dicas para prevenir o esporão do calcâneo

1. Use calçados adequados
Sapatos com bom amortecimento e suporte do arco
Evite saltos muito altos ou sapatos totalmente planos

2. Mantenha peso corporal ideal
Reduz sobrecarga mecânica nos pés
Diminui pressão sobre o calcâneo

3. Pratique alongamentos regulares
Alongue panturrilha e fáscia plantar diariamente
Especialmente importante antes e após exercícios

4. Progrida gradualmente nos exercícios
Aumente intensidade e duração progressivamente
Evite sobrecarga súbita em avidades de impacto

5. Cuide da biomecânica dos pés
Avalie pisada com profissional qualificado
Use palmilhas ortopédicas se necessário

6. Trate precocemente dores nos pés
Não ignore dor persistente no calcanhar
Procure avaliação médica ao primeiro sinal

Fonte: Wagner Sampaio, ortopedista especialista em pé e tornozelo

*Ayla Ferreira, estagiária de Jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidades

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