Automedicação pode atrasar tratamentos adequados, alerta farmacêutica do Hospital Barros Barreto
Abordagem do hospital orienta sobre o uso racional de medicamentos

Cada organismo tem características específicas — e pode apresentar reações diferentes a um mesmo medicamento. Embora algumas doenças compartilhem sintomas semelhantes, os tratamentos podem variar, o que requer o olhar atento de um profissional da saúde. Pensando nisso, o Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) adota uma abordagem integrada para garantir o uso racional de medicamentos e evitar os riscos da prática da automedicação, que atinge 86% dos brasileiros.
Quase nove em cada dez brasileiros com 16 anos ou mais admitem recorrer à automedicação sem supervisão profissional, alerta levantamento do Instituto de Pesquisa e Pós‑Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ). O dado revela um risco silencioso e perigoso no dia a dia da população.
De acordo com Aline Ribeiro, farmacêutica e chefe do Setor de Farmácia do Barros Barreto, que integra o Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), o uso consciente de medicamentos se relaciona com políticas públicas, segurança do paciente e sustentabilidade do sistema de saúde.
“Não se trata apenas de evitar desperdícios, mas de assegurar que cada medicamento seja utilizado da forma mais eficaz e segura possível, considerando o perfil clínico e social do paciente”, afirma a farmacêutica.
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Além disso, maio – mês do uso racional de medicamentos – reforça a importância da conscientização pública, por meio de campanhas nacionais que promovem a prescrição responsável, o armazenamento adequado e o acompanhamento profissional em todas as etapas do tratamento.
Adesão dos pacientes ao tratamento
Na abordagem do Hospital Universitário, o modelo conta com a seleção criteriosa do arsenal terapêutico, atualização contínua de protocolos baseados em evidências, atuação efetiva da Comissão de Farmácia e Terapêutica e programas permanentes de capacitação das equipes.
Casos acompanhados pela equipe da Farmácia Clínica do HUJBB demonstram o bom desempenho desse modelo: pacientes com quadros complexos passaram a apresentar melhor adesão ao tratamento, menos efeitos colaterais e melhor qualidade de vida.
“O uso racional de medicamentos é uma prática que transforma a vida do paciente, resultando em uma assistência em saúde mais segura, eficiente e humana”, garante Ribeiro.
O cuidado é construído no diálogo: orientações sobre conservação, atenção a sinais de reações adversas e acompanhamento próximo fazem parte da rotina do dia a dia do hospital universitário. “O uso de medicamentos sem supervisão pode causar reações adversas, mascarar sintomas, dificultar diagnósticos e até atrasar tratamentos adequados. Nosso papel é também educativo: orientar os pacientes e suas famílias, reforçando que remédio não é algo banal”, alerta a farmacêutica.
Saiba como fazer o uso consciente de medicamentos
- Evite a automedicação. Só tome medicamentos com orientação de um profissional de saúde;
- Não tome medicamentos vencidos;
- Não use medicamentos indicados para outras pessoas;
- Compre medicamentos apenas em farmácias e drogarias regulamentadas;
- Exija sempre a nota fiscal e guarde a embalagem, cartela ou frasco – eles são seu comprovante em caso de irregularidades;
- Não adquira medicamentos com embalagem amassada, lacres rompidos ou rótulos apagados;
- Armazene conforme as instruções do fabricante;
- Se o medicamento não fizer efeito ou se surgirem efeitos colaterais, procure um médico imediatamente.
- Antibióticos: uso consciente para evitar a resistência
- O uso inadequado de antibióticos é um dos principais fatores para a disseminação de microrganismos resistentes, um grave problema de saúde pública.
Como prevenir e controlar a resistência?
- Utilize apenas quando prescritos por um profissional de saúde;
- Nunca exija antibióticos se o médico disser que não são necessários;
- Siga rigorosamente as orientações quanto à dosagem e à duração do tratamento;
- Não compartilhe nem utilize sobras de antibióticos;
- Lave as mãos regularmente, evite contato com pessoas doentes e mantenha as vacinas em dia.
*Ayla Ferreira, estagiária de Jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidade
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