Pais precisam acompanhar de perto o acesso de crianças e adolescentes à internet

Monitoramento próximo pode evitar situações como a que ocorreu com a menina de doze anos do Rio de Janeiro, sequestrada por amigo virtual e levada para outro Estado

O Liberal
fonte

O recente caso de uma menina de doze anos que mantinha um relacionamento há pelo menos dois anos, via Internet, com um homem mais velho - o qual acabou a sequestrando e levando para outro Estado, onde ela foi mantida refém até ser localizada pela polícia - acendeu um sinal de alerta para os pais de crianças e adolescentes que utilizam constantemente a rede mundial de computadores e os aplicativos de trocas de mensagens, conversas e vídeos. O episódio mostrou, mais uma vez, o quanto esse grupo está vulnerável a qualquer tipo de ameaça, seja física, psicológica ou mesmo sexual, em função da utilização não monitorada dessas tecnologias. 

A problemática também está sendo abordada pela novela “Travessia”, da TV Globo. Na trama, uma adolescente é enganada por um pedófilo, que utiliza uma tecnologia de inteligência artificial para se passar por outra pessoa na Internet, fazendo a jovem acreditar que está se comunicando com uma digital influencer, que ela imagina, possa lhe ajudar a alcançar o mundo da fama. Nos dois casos, a utilização da internet permitiu que as adolescentes fossem alcançadas pelos criminosos, reais ou fictícios. 

De acordo com a delegada Lua Figueiredo, titular da Divisão de Combate a Crimes Contra Grupos Vulneráveis Praticados Por Meios Cibernéticos (DCCV), da Polícia Civil do Pará, o órgão trabalha tanto com a repressão como também com a prevenção, sobretudo no que se refere aos crimes praticados contra crianças e adolescentes por meio virtual. “A criança e o adolescente, muitas vezes, não têm o discernimento para entender que não podem conversar com estranhos na internet. Em muitos casos, também, os criminosos utilizam perfis falsos em jogos online ou em redes sociais, para buscar por temas de interesse daquela criança ou adolescente e conseguir se aproximar, então, cabe aos pais é fazer a supervisão constante, o monitoramento de tudo que a criança e o adolescente acessam na Internet, seja através do celular, tablet ou computador”, orienta. 

Maioria dos apps permite controle dos pais

Segundo a policial, a maioria dos aplicativos e redes sociais existentes hoje permite mecanismos de controle por parte dos pais, que devem estabelecer os limites aos quais as crianças ou adolescentes estarão submetidos naquele ambiente. É fundamental, então, que se faça esse monitoramento dentro de casa. “Esse controle parental pode determinar o que aquele adolescente ou criança estará acessando e com quem estará conversando. Então, são formas de monitoramento para que os pais estejam cientes de com quem a criança que está conversando e o teor dessa conversa. É uma fiscalização para evitar que os filhos sejam vítimas desse tipo de crime”, analisa. 

Caso um pai ou responsável detecte qualquer tentativa de ato criminoso contra as crianças ou adolescentes, deve, imediatamente, procurar uma unidade policial a fim de registrar um Boletim de Ocorrência. “Qualquer unidade policial, a Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos ou mesmo o disque-denúncia 181 podem ser utilizados para fazer a denúncia. É importante que, quando for até a delegacia para registrar ocorrência, o responsável leve todas as informações sobre os perfis que estavam praticando os crimes, se foi através de algum aplicativo ou rede social para que a gente consiga de fato iniciar a investigação”, observa. 

Professor diz que internet sem fiscalização expõe crianças ao risco

A mesma visão tem o professor universitário e engenheiro de software, Álvaro Câmara, que atua nas áreas de segurança da informação,  business intelligence e inteligência artificial. Ele definiu como “perturbador” o caso da adolescente de doze anos sequestrada no Rio de Janeiro e localizada pela polícia no Estado do Maranhão. O especialista também acredita que a utilização da internet por crianças e adolescentes sem qualquer tipo de fiscalização por parte dos pais e responsáveis favorece a exposição delas a diferentes tipos de risco, como os contatos indevidos; os conteúdos inadequados, violentos e explícitos; o cyberbullying; o vício em tecnologia, e, por fim, a própria segurança física, ameaçada, principalmente, pelo compartilhamento de dados pessoais e endereços para estranhos.  

“Precisamos ter conversas muito francas com os nossos filhos, além de determinar como vai se dar essa supervisão online, para que, caso eles identifiquem alguma situação perigosa, possam vir até nós e nos comunicar”, frisa. 

VEJA MAIS: 

image Justiça do Maranhão solta homem preso em flagrante por manter criança de 12 anos em cárcere privado
Ele foi liberado sob a condição de permanecer monitorado por tornozeleira eletrônica

image Menina de 12 anos que desapareceu no RJ é encontrada trancada em quitinete no Maranhão
A polícia investiga se a criança foi estuprada. Suspeito de manter a garota em cárcere privado foi preso

image Suspeito de pedofilia fingia fazer selfies para gravar crianças
Também existe uma suspeita de que ele tenha cometido estupro de vulnerável

Pais tentam oferecer outros tipos de entretenimento para afastar filha do celular

É isso o que está buscando fazer o casal Tainá Nunes, 31 anos, e Rafael Carvalho, 32 anos, pais da pequena Cecília, de sete anos. Eles contam que reduziram bastante a utilização do aparelho celular pela menina, a partir do estímulo a outros tipos de entretenimento, como jogos tradicionais em família ou a opção por assistir um filme, por exemplo.  

“Ela prefere as atividades que faz comigo e com o pai dela. Mas isso não foi assim desde sempre. Claro que é muito mais fácil entregar o celular na mão da criança do que tentar promover o entretenimento. Eu e o pai dela também tivemos que nos reeducar. Hoje, ela usa muito pouco o celular,  pois a rotina dela é bem cansativa: estuda em período semi-integral, faz dois esportes, catequese, então, ela tem pouquíssimo interesse. Ela não tem celular próprio e nem previsão de ter um, então usa o meu celular exclusivamente para um joguinho específico”, relata Tainá. 

A mãe conta que optou por fazer uma pasta específica no próprio celular com alguns determinados jogos, mas, sempre que a menina vai utilizar, fica por perto, de olho. “Ela sabe que só pode mexer ali, mas isso, sem dúvida, não é uma responsabilidade dela, é minha e do pai, então, caso ela peça o celular eu chamo para ficar do meu lado enquanto está usando. Além disso, nós temos controle parental em tudo. Todos os aplicativos têm restrição de uso. Ela não consegue acessar nada que não seja de perfil infantil sem senha. O acesso só é facilitado realmente para conteúdos que sejam para a idade dela”, finaliza. 

Para Tainá, esse processo de controle e monitoramento nem sempre é fácil, mas se torna muito importante no cenário atual do mundo. “É difícil, mas não é impossível você fazer seu filho ter interesses que vão fazer muito melhor pra ele. A internet é um ambiente de muita informação, nem sempre boas. Nós devemos ter controle sobre o que eles têm acesso. Estamos formando seres humanos, então, precisamos estar atentos a tudo, pelo bem deles”, defende.

Confira algumas dicas de especialistas para melhor controlar os filhos na internet: 

  • Ter conversas francas com os filhos e definir claramente as regras de como se dará esse acesso (quais os dias da semana e em que período de tempo); 

  • Utilizar ferramentas tecnológicas de controle das redes sociais, configurando e limitando funcionalidades;

  • Utilizar, também, softwares para controle parental, onde é possível configurar o acesso de aplicativos; acessar o que a criança está fazendo em tempo real, além do posicionamento geográfico a partir do celular;

  • A supervisão constante dos pais faz a diferença nessa questão

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Responsabilidade Social
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!