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Instituição católica promove atendimento a idosos em situação de vulnerabilidade

São 250 cadastrados; entre as atividades desenvolvidas, aulas de alfabetização e artesanato fazem parte

Camila Azevedo

Cerca de 250 idosos são atendidos na Paróquia dos Capuchinhos, em Belém, através de um projeto social desenvolvido na Casa do Pão. Alimentação, aulas de alfabetização, artesanato e diversos tipos de atendimentos médicos são oferecidos no espaço, que conta com a ajuda de voluntários e doadores. Todo ano, o trabalho é fortalecido com a festividade de Santo Antônio, que começou ontem (31), momento em que parte da renda é destinada para ajudar no projeto, que carece de apoio governamental.

As terças, quartas e quintas-feiras são os dias em que a atividade é desenvolvida na Casa do Pão. Para além de distribuir alimentos, a iniciativa visa promover o bem estar dos idosos acolhidos, uma vez que realizar diferentes tipos de ações, como pintura em tecidos, espiritualidade, recreação e aprendizados de escrita e leitura fazem parte do objetivo de estimular a memória e o corpo para evitar o aparecimento de doenças, como o alzheimer. Dos 250 idosos cadastrados, apenas 100 participam dos trabalhos diários.

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Maria de Fátima Bastos, de 73 anos, é coordenadora do espaço e explica que os outros 150 atendidos são pessoas que já passaram pela Casa mas, por algum motivo, não conseguem continuar as visitas. Entretanto, o trabalho continua: eles seguem recebendo cestas básicas, materiais de higiene pessoal e o que mais necessitarem. “Mesmo na pandemia, nós ajudamos muito eles, que vinham receber os materiais. Hoje, os 100 que chegam tomam café, tem recreação, espiritualidade, aula de alfabetização, pintura em tecido…”.

“Fuxico [tipo de artesanato], pulseiras com miçangas e várias outras coisas. Depois do café que eles tomam, ficam nas atividades e, depois, tem o horário do almoço. Há, também, o recebimento de pães que são doados, temos uma equipe boa que trabalha nisso. Eles almoçam, pegam o pão, vão para casa e retornam no outro dia. Nas segundas e nas sextas-feiras, nós damos um tempo para organizar tudo de novo e poder recebê-las na durante a semana”, lista Maria.

image Dos 250 idosos cadastrados, apenas 100 participam dos trabalhos diários, que envolvem recreação, espiritualidade e muito mais (Thiago Gomes / O Liberal)

Cuidados

Os cuidados tanto com a preparação de alimentos para os idosos atendidos, quanto com a saúde deles, são redobrados na Casa do Pão. Fátima destaca que uma vez por semana um supermercado realiza doações à obra e todo material recebido é higienizado da melhor forma possível. Além disso, eles contam com a ajuda de voluntários em todos os setores do projeto: desde a distribuição de comida, o desenvolvimento e limpeza, até as diversas aulas oferecidas

“É tudo dentro do seu padrão, usamos toucas e luvas. Não é por se tratar de idosos que não vamos ter cuidados, é aí mesmo que precisamos nos atentar. Recebemos de tudo, alimentos, higienização, fraldas descartáveis - muitas destinadas a quem não frequenta mais o espaço - e medicamentos. É um trabalho maravilhoso e, para ele, precisamos de pessoas disponíveis para nos ajudar, não são todos que tem tempo de estar aqui. Também temos atendimento odontológico, médico, clínico e com assistente social”, diz.

Preocupação com recursos

Para manter o projeto de pé e continuar dando suporte aos idosos, a Casa do Pão conta e precisa de ajuda financeira. É por isso que os recursos adquiridos com a festividade de Santo Antônio são destinados, em parte, ao trabalho. Maria fala que “começou dia 31 a festividade, das 17h às 22h. Vamos ter a parte gourmet depois da trezena, atração cultural e feirinha. Tudo que conseguimos é revestido para cá, para ajudar no nosso trabalho, porque não é fácil. Dia 13 tem a missa solene de manhã e à tarde”.

“Nossos idosos são todos cadastrados, com endereço e é tudo feito certinho. Uma assistente social nos ajuda. O idoso, quando ele está na idade em que estão, tem que ter alguma coisa para estimular, se não, eles ficam muito ociosos. Isso é preocupante. Às vezes, a gente chega no salão e vê uma idosa dormindo, isso nos preocupa, queremos que eles fiquem sempre em atividade, por isso buscamos realizar o máximo de atividades com eles”, conclui Maria de Fátima.

Voluntariado é uma troca, afirma professora

Hedy Lamar Carvalho, de 71 anos, é professora aposentada e voluntária da Casa do Pão desde meados de 2007. Para ela, o serviço é uma troca: ela ensina e é ensinada pelos alunos que participam das aulas de alfabetização. “Isso serve para a minha memória, previne o alzheimer… Quem não trabalha pode ter esse problema. Eu me aposentei e fiquei triste em casa, não podia parar, eu trabalhava com crianças, sempre com alfabetização e em colégio religioso. Sentia falta”, relata.

As turmas são bem diversificadas e cada ensinamento é individual, devido a diferença de dificuldades encontradas entre os alunos. “Aqui é bem heterogêneo, temos quem lê bem, quem já tentou até vestibular, e outros que não sabem assinar o nome. É um trabalho diversificado, eu vou atendendo cada um de forma particular. Uns conseguem, outros precisam de mais tempo. A gente não faz só a parte da leitura, faz escrita e matemática, também fazemos coordenação motora, alongamento e evangelização”, ressalta Hedy.

image Hedy é professora de alfabetização há 16 anos no projeto e já ensinou diversos alunos a ler e a escrever (Thiago Gomes / O Liberal)

Junto a isso, atividades que envolvam a memória, com músicas, jogos e comemorações de datas festivas fazem parte. “Eu fiquei aposentada, meus filhos estavam longe de casa, eu sozinha, fiquei triste e precisei voltar à atividade. Pedi para o frei da igreja me dar algo para fazer e logo me deixaram trabalhar com arte e culinária, ensinei muita gente a fazer bombons e ovos de páscoa. Tem gente que vem vender aqui que aprenderam comigo, é o ganha pão delas”, comemora a professora.

Como ajudar

A Casa do Pão da Igreja dos Capuchinhos fica localizada na avenida Conselheiro Furtado, nº 3320, entre José Bonifácio e Castelo

As doações podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 12h ou das 14h30 às 17h30.

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