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Fé e solidariedade: Comunidade Santo Antônio Maria Zaccaria distribui sopa para grupos vulneráveis

Todo sábado, famílias necessitadas e pessoas em situação de rua podem ir até o local almoçar. Voluntários oferecem cuidado, acolhimento e esperança.

Elisa Vaz
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Nos corredores da Comunidade Santo Antônio Maria Zaccaria, que integra a Paróquia de Nazaré, em Belém, palpita o sentimento de solidariedade. A partir desta quinta-feira (16), o grupo celebra a Festividade de Nossa Senhora da Divina Providência com fervor religioso, mas também tece, a cada dia, uma trama de cuidado e amor pelos mais vulneráveis.

Com Pastorais como a da Gestante, da Caridade e da Criança, a Comunidade estende suas mãos para oferecer auxílio, atendimento à saúde, evangelização e sustento alimentar a famílias vulneráveis, gestantes, crianças, pessoas em situação de rua e aqueles que buscam apoio para vencer o desafio dos vícios.

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Todo o trabalho desenvolvido é voluntário, segundo Leila Farias, que já foi coordenadora e agora ajuda como pode. Ela conta que existem várias Pastorais que atendem cerca de 400 pessoas, a exemplo da Pastoral da Caridade, com distribuição de sopa e acolhimento; da Gestante, que atende menores; a da Criança, responsável por atender cerca de 50 pequenos com serviços de assistência social e médica; a da Catequese, com a parte de evangelização, primeira eucaristia, crisma, batismo e sacramento do matrimônio; dos Idosos e de Reforço Escolar, paralisados por falta de voluntários; entre outros.

“Por ser um trabalho voluntário, a gente tem essa dificuldade do engajamento, até que a gente faz campanhas, o padre também chama. Mas, no geral, é um trabalho muito gratificante. Muito mesmo. Eu, por exemplo, adoro esse trabalho. Eu me sinto feliz, é como se diz: amar ao próximo como a gente ama a si mesmo e fazer o bem sem olhar a quem. Isso eu acho louvável”, comenta a voluntária.

Distribuição de sopa

Aos sábados, a Pastoral da Caridade faz a distribuição de sopa para famílias vulneráveis e pessoas em situação de rua. Além disso, um banheiro foi construído no local, não apenas para higiene, mas como um espaço de dignidade. Os materiais de higiene são providenciados pela própria comunidade, por meio de doações.

Quem criou a iniciativa de distribuir sopa foi um grupo de amigos e fiéis. Carlos Lins conta que mora no bairro e tem um mercadinho no entorno. A ideia de fazer a ação social surgiu no dia 2 de setembro de 1999, quando os amigos resolveram usar os materiais que não eram vendidos no mercado para fazer uma sopa. Ao longo dos anos, a igreja conseguiu mais doações e, aos poucos, o número de ingredientes foi crescendo. Hoje a refeição conta com diversos legumes, carne e feijão.

Distribuição de sopa:

“Foi em um bate-papo no final de semana, pensamos naqueles legumes que a gente não ia mais vender e queríamos aproveitar para fazer uma sopa, é o caso do chuchu, da cenoura, tudo que faz parte de uma sopa. E essa iniciativa existe até hoje e atende muitas pessoas carentes e em situação de rua. A comunidade construiu uma cozinha industrial muito boa, os voluntários prestam esse serviço e essa sopa é distribuída para mais de 180 famílias da comunidade. Na época que começamos era uma panela grande, em uma cozinha improvisada”, lembra.

O atual coordenador da ação, Max Brito, afirma que hoje a proporção é maior: são três fogões industriais, sendo dois de quatro bocas e um de seis bocas. “E já está ficando pequena pela quantidade de beneficiários. O número varia muito dependendo do dia, mas cadastradas nós temos 220 famílias e mais 30 pessoas em situação de rua. Eles também tomam banho e a gente faz uma evangelização. Tem famílias que sobrevivem com esta ceia. É triste falar isso, mas a gente faz a sopa mais grossa possível, para render mais na casa deles”, relata.

Acolhimento

Quem visita a Comunidade Santo Antônio Maria Zaccaria, além de garantir comida, higienização e evangelização, também é acolhido e tem a chance de mudar de vida. No momento dos encontros, qualquer pessoa que passa por algum vício pode se voluntariar para ser acolhido por instituições sociais, como a Fazenda Boa Esperança e a Missão Belém. É o que diz a voluntária Olenita Barreto, conhecida como Tuca, que faz parte do grupo de acolhimento das pessoas em situação de rua.

“Nós fazemos um atendimento um pouco mais acolhedor com eles, eu tento entender a necessidade individual de cada um, conhecer pelo nome e também pelo apelido para que nós possamos não só alimentá-los no corpo, mas também, principalmente, na alma. Quando eles chegam pela primeira vez, nós já fazemos um cadastro para conhecer um pouco mais, entender quais são os vícios que eles têm. Nós acolhemos todos e buscamos primeiro um amadurecimento espiritual, porque quando nós conseguimos uma vaga em algum local de acolhimento eles precisam querer de fato ir”, ressalta. Apenas em uma ação de 2019, segundo ela, foram enviadas 357 pessoas.

image Voluntária Olenita Barreto, conhecida como Tuca, explica que o atendimento é acolhedor, especialmente com as pessoas em situação de rua. (Marx Vasconcelos / O Liberal)

Um dos que já passaram pela Fazenda Esperança é Ronaldo Pinheiro dos Santos, de 41 anos. Ele conta que, em 2015, em uma das ações da distribuição de sopa, ele se voluntariou para ser acolhido pela instituição. Frequentou o espaço durante seis anos, viajou por quatro países como voluntário, mas acabou tendo o que ele chama de “recaída”. Hoje, ele mora em Belém, em um quarto alugado, e enfrenta dificuldade com substâncias químicas, mas tem esperança de se livrar do vício novamente.

“Esses tempos tive uma recaída e estou tentando me reerguer de novo, me levantar, estou pedindo muito a ajuda da Paróquia novamente para voltar a ser reconhecido pela sociedade, como fui anos atrás”, diz. Ao ser perguntado se quer retornar à Fazenda, Ronaldo confessa que ainda está confuso: “Ainda é uma dúvida, eu vou pensar um pouco, refletir, se não der certo aqui fora, eu peço ajuda novamente, de cabeça erguida, para fazer meu recomeço e virar um novo homem”.

Festividade

Nesta quinta-feira (16), a Comunidade Santo Antônio Maria Zaccaria dá início a mais uma ação: a Festividade de Nossa Senhora da Divina Providência. O Diácono Ventura, que faz parte da comunidade, explica que este é o segundo ano de celebração, sempre no mês de novembro. “Temos a alegria de ter duas festividades. Quando nós dizemos ‘Nossa Senhora da Divina Providência’ respondemos ‘rogai por nós e providenciai’ porque ela que providencia tudo. Então, a gente fica alegre em fazer isso e já vê mais movimentação em torno da festividade”, afirma.

image Max Brito, atual coordenador da distribuição de sopa, e Diácono Ventura, membro da Comunidade. (Marx Vasconcelos / O Liberal)

Max Brito também coordena essa ação e detalha a programação. Oficialmente, a festividade já começou com as novenas nas casas, desde o dia 4 de novembro, seguindo até esta quarta-feira (15). Nesta quinta-feira (16), há a missa de abertura, seguida de shows que fazem parte do “arraial”. Os artistas no primeiro dia são Anderson dos Teclados e Pinduca; na sexta-feira (17), apresentação do coral e Samba Norte; e no sábado (18), a cantora Rosana, que Max chama de “Roberta Miranda paraense”; e no domingo (19), o encerramento da festividade com uma missa e o festival do açaí.

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