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Senado deve aguardar Câmara decidir sobre 2ª instância, defende Alcolumbre

Davi Alcolumbre disse que espera cronograma detalhado para tramitação da proposta

Agência Estado

Em reunião na residência oficial do Senado, com a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e a maioria dos líderes da Casa defenderam deixar nas mãos da Câmara o papel de discutir e aprovar uma mudança na Constituição para garantir a prisão de condenados em segunda instância.

O colegiado de líderes chegou a fechar um acordo nesse sentido, mas, diante do protesto da ala lavajatista do Senado, Alcolumbre resolveu aguardar a apresentação pela Câmara dos Deputados de um cronograma detalhado para tramitação da proposta de emenda constitucional de autoria do deputado Alex Manente (Cidadania-SP) em uma Comissão Especial anunciada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ficou combinado que os partidos devem indicar os integrantes da comissão até a próxima terça-feira.

"A PEC da Câmara é o caminho mais apropriado para fazer debate em relação à prisão de condenados em segunda instância. O melhor caminho não é o que pode ser feito de maneira mais célere, mas que possa evitar questionamentos lá na frente. Nosso sentimento é entregar legislação que respeite os anseios da sociedade, com legitimidade, mas respeitando a Constituição", disse Alcolumbre

A costura feita por Alcolumbre com Maia (DEM-RJ) e as lideranças das duas casas, se confirmada, travará a tramitação no Senado de projetos de lei e propostas de emenda constitucional apresentadas sobre a matéria.

Independentemente de o acordo ser formalizado ou não, Alcolumbre já anunciou a criação de uma comissão no Senado para acompanhar a tramitação da PEC da Câmara. "Foi um sucesso na Previdência e vamos fazer igual", disse.

O ministro Sergio Moro e parlamentares do Muda Senado são contra concentrar o debate sobre a prisão em segunda instância em uma proposta de emenda à Constituição em tramitação na Câmara dos Deputados. Eles entendem que não é necessário alterar a Constituição. A mudança no Código de Processo Penal já seria suficiente, de acordo com o ministro e senadores como Álvaro Dias (Podemos-PR) e Major Olimpio (PSL-SP). Essa proposta está contida em um projeto de lei do senador Lasier Martins (Pode-RS), na forma de um substitutivo apresentado pela relatora Juíza Selma (Podemos-MT).

"Vim como observador. Respeitamos a decisão do Senado e do Congresso. O que for decidido será evidentemente respeitado. O MJ tem a prisão em segunda instância como urgente, questão de segurança pública", disse Moro à imprensa após o encontro, sem aceitar responder perguntas.

O discurso de que não é possível dar "carta branca" à Câmara foi defendido pela presidente da CCJ do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), que se posicionou contra firmar um acordo agora. Tebet decidiu reagendar para semana que vem a audiência pública sobre o PL de Lasier Martins que havia sido marcada para hoje e foi cancelada por causa da reunião na casa de Alcolumbre.

Além disso, há também sobre o tema no Senado uma PEC do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), que está em segundo plano. O senador abriu mão da PEC para priorizar a tramitação do PL no Senado e agora critica que a Casa queira aguardar a Câmara.

"Só tenho a dizer que, se a população brasileira não se mobilizar, nunca mais haverá segunda instância no Brasil. Estará indo para as calendas e nunca mais se instituirá no País", disse Oriovisto.

"Acordão"

Integrantes do Muda Senado saíram da reunião falando em "acordão" para impedir a aprovação da prisão em segunda instância. "Isso é uma acordão que vem para dificultar a agenda do avanço", disse o senador Álvaro Dia (Podemos-PR), líder do partido.

"O que vemos é uma tendência de enterrar o projeto em discussão no Senado nesse momento. Se prosseguir isso e ficarmos na proposta da Câmara sem um calendário definido estaremos assistindo à protelação (atraso) da aprovação", disse o senador Major Olimpio (PSL-SP).

A posição de Moro é que tanto as propostas da Câmara como as do Senado em relação à segunda instância -- assim como em relação ao pacote anticrime apresentado em fevereiro -- devem avançar de maneira independente e que não se justifica priorizar uma casa. A interlocutores, o ministro da Justiça tem dito que não importa a cor do gato, desde que pegue o rato.

No encontro, Moro reiterou a opinião de que basta alteração no Código de Processo Penal, e não na Constituição para estabelecer que condenados em segunda instância devem começar a cumprir pena

A reunião teve a presença dos líderes do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO). Gomes disse que tem a mesma posição de Moro. "O governo respeita a posição de encaminhamento que o Congresso definir. Quanto ao mérito, o presidente Bolsonaro já escalou desde o começo o ministro Moro como orientador do tema", disse o senador à reportagem.

Na chegada ao encontro, o senador Major Olimpio (PSL-SP), aliado de Moro, afirmou que o Senado precisa votar a proposta da segunda instância, e não aguardar a Câmara. Major Olimpio reclamou de a reunião desta terça ter sido agendada para o mesmo horário de uma sessão que estava prevista no Senado para a discussão das propostas.

Impasse

Um dos aspectos que podem levar à lentidão para discussão e aprovação na Câmara da PEC de autoria do deputado Alex Manente é que ela busca antecipar não só a execução das penas de prisão, mas também o cumprimento de decisões judiciais que envolvem pagamentos de dívidas trabalhistas, precatórios, entre outras causas do direito administrativo, tributário e cível, conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo.

A brecha poderia antecipar o pagamento de dívidas cobradas na Justiça, aumentando despesas para União, Estados, municípios e empresas.

O assunto foi conversado na reunião na casa de Alcolumbre com a presença de parlamentares e do ministro Sergio Moro. Um dos defensores de ampliar essa discussão é o senador Omar Aziz (PSD-AM).

Embora não tenha criticado em público, Sergio Moro já disse a interlocutores que juntar isso tudo pode atrasar demais e quer uma solução rápida. A presidente da CCJ, Simone Tebet, considera complicado colocar em discussão as duas coisas em conjunto.

De acordo com Manente, sua proposta prevê a execução antecipada da pena para todas as ações que chegarem ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Assim, um Estado condenado a pagar precatórios, por exemplo, teria de quitá-los antes do julgamento final em instâncias superiores. Esses valores a serem pagos por governos estaduais e municipais somam atualmente R$ 141 bilhões.

"É justo alguém ter um precatório e demorar 20 anos para receber? O Estado em alguma hora tem que pagar", afirmou Manente à reportagem. "Os governadores têm declarado apoio à condenação em segunda instância. Imagino que eles não queiram que a condenação seja só para inimigo político."

Parlamentares que defendem a Lava Jato, porém, veem a extensão do efeito da PEC para ações cíveis como uma tentativa de "melar" a discussão. Em caráter reservado, a avaliação é de que a brecha pode gerar uma reação contrária de Estados endividados e de empresas.

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