Bolsonaro decide exonerar secretário após discurso plagiando nazista
Secretário se desculpou, mas disse que semelhança foi uma coincidência retórica
O governo do presidente Jair Bolsonaro avisou líderes do Congresso nesta sexta-feira (17) que vai exonerar o secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, após polêmica envolvendo discurso no qual o secretário usou frase semelhante a uma fala de Jospeh Goebbels, ministro da Propaganda nazista, disse uma fonte com conhecimento do assunto.
O secretário especial da Cultura do governo Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, defendeu em um vídeo publicado no Twitter que a arte brasileira seja "heroica" e "nacional", em um discurso com trechos semelhantes a uma fala de Jospeh Goebbels, ministro da Propaganda nazista, o que causou forte reação pública nas redes sociais, incluindo de autoridades.
Confira o vídeo publicado pelo perfil oficial da Secretaria:
#PrêmioNacionaldasArtes | Marco histórico nas artes e na cultura brasileira! Com investimento de mais de R$ 20 milhões, o Prêmio Nacional das Artes vai apoiar projetos de sete categorias em todas as regiões do Brasil. Dê o play e confira! pic.twitter.com/dbbW4xuKpM
— Secretaria Especial da Cultura (@CulturaGovBr) January 16, 2020
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então, não será nada”, disse Alvim no vídeo publicado na noite de quinta-feira.
O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo. https://t.co/k9sb6QX6iG
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) January 17, 2020
Segundo o livro "Joseph Goebbels: Uma Biografia", de Peter Longerich, o ministro da Propaganda de Adolf Hitler afirmou, em um pronunciamento para diretores de teatro: "A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".
O vídeo de Alvim foi publicado na conta da secretaria que ele comanda e tinha por objetivo divulgar o Prêmio Nacional das Artes, lançado horas antes em uma transmissão ao vivo pela internet com a participação do próprio Bolsonaro.
O discurso do secretário provocou forte reação. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), usou sua conta no Twitter para afirmar que o secretário "passou de todos os limites" com a publicação. "É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo", disse.
Na manhã desta sexta-feira, Roberto Alvim usou sua conta no Facebook para fazer um esclarecimento sobre o discurso que fez. Segundo ele, a esquerda está fazendo uma "falácia de associação remota".
"Com uma coincidência retórica em uma frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o Prêmio Nacional das Artes, que vai redefinir a Cultura brasileira... é típico dessa corja", disse.
"Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbels... não o citei e jamais o faria", acrescentou.
O secretário repetiu que foi uma coincidência retórica, mas disse que a "frase em si é perfeita". "Heroísmo e aspirações do povo é o que queremos ver na Arte nacional", concluiu.
Veja a publicação:
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