Pronunciamento de Bolsonaro recebe apoio e críticas no Pará

Especialistas, políticos e entidades econômicas divergem quanto à postura do presidente

Roberta Paraense

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) solidarizou-se com as famílias dos brasileiros atingidos pelo novo coronavírus e disse que o objetivo principal do país é salvar vidas. Esse discurso fez parte do quinto pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, desde que iniciou a crise provocada pela covid-19, na noite desta quarta-feira (8). Bolsonaro voltou a afirmar que existem dois problemas a serem resolvidos de imediato no Brasil: o vírus e o desemprego.

O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belém (Sindilojas), Joy Colares, concorda com o discurso de Bolsonaro quando se trata da preservação das vidas e do andamento da economia. “Não podemos parar, no entanto. É necessário tomar alguns cuidados, como o distanciamento social, o uso de equipamentos e os cuidados com a higiene das lojas e estabelecimentos comerciais“, comentou.

Colares destaca, também que, se o consumo ainda estiver baixo nos próximos dias, os empresário vão começar a ter sérios problemas com o pagamento da folha dos funcionários, dos aluguéis e fornecedores. O comércio de Belém ainda continua aberto. Não houve ordem nem do Estado e nem da Prefeitura para o fechamento das lojas. “Não podemos ignorar o vírus. Por isso temos de liberar os idosos e o grupo de risco. Mas a economia não pode parar”, argumentou Colares.

Medidas econômicas 

O presidente ainda elencou as medidas econômicas que estão sendo tomadas pelo governo federal, como o auxílio emergencial de R$ 600 aos autônomos, desempregados e microempreendedores. Para o economista Thiago Freitas, essas medidas devem ser ampliadas. “Os cofres federais têm dinheiro para ampliar a liberação de recursos durante a pandemia. O auxílio emergencial, a liberação do FGTS, e a suspensão de cortes de serviços ainda são atos tímidos para fazer a economia girar”, aponta.

Isolamento 

Sobre o isolamento, o presidente afirmou que respeita a autonomia de prefeitos e governadores para a tomada de medidas contra a doença. Para o deputado estadual Chicão (MDB), líder do governo na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), a postura do presidente tem sido dúbia. “Os Estados têm competência para isso sim. É um pouco redundante essa fala do presidente, uma vez que ele sempre soube dessa autonomia, que não é nenhuma novidade. A postura do Bolsonaro tem sido dúbia. Hora ou outra ele muda os posicionamento”, observa Chicão.

O deputado ainda diz que os  Estados têm seguido as orientações do Ministério da Saúde durante a pandemia e não do presidente da República, que diverge do titular da pasta, Henrique Mandetta. Ainda nesta quarta-feira (8), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que o governo federal não pode derrubar decisões de Estados e municípios sobre isolamento social, quarentena, atividades de ensino, restrições ao comércio e à circulação de pessoas.

Saúde 

Na área da saúde, Bolsonaro garantiu que conversou com médicos, pesquisadores e chefes de Estados de outros países e defendeu o uso da cloroquina para o tratamento da covid-19. Bolsonaro disse que o Brasil vai receber matéria-prima da Índia para manter a produção de hidroxicloroquina no país até sábado (11). Os insumos serão enviados após ter conversado na última semana com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pedindo o desbloqueio da exportação desses insumos farmacêuticos.

Para o infectologista Hugo Moura, como chefe de Estado, Bolsonaro deveria ter mais prudência em incentivar o uso de um medicamento antes de ter um estudo fechado. “Sabemos que a cloroquina está sendo muito usada e com bons resultados em diversos Países e até mesmo no Brasil. Mas ainda é cedo para o incentivo do medicamento em massa, pois ainda não temos um número relevante de ensaios clínicos que mostrem os efeitos colaterais”, frisou.

O governo brasileiro já havia pedido a liberação de ao menos 31,6 toneladas de ingredientes usados na fabricação de remédios pela indústria farmacêutica no Brasil.

Panelaço

Durante o pronunciamento do presidente, mais uma vez, houve panelaço em Belém. O barulho das panelas e o acender e apagar das luzes foi visto em vários bairros da capital, como Jurunas, Pedreira, Umarizal, Nazaré e São Brás. Houve registro de protestos contra o presidente em capitais como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Rio de Janeiro. Mais cedo, Bolsonaro havia afirmado, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Rede Band, que "não está na hora de tentar derrubar presidente", mas que os panelaços "fazem parte da democracia".

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