'Plano de imunização é pífio', diz ex-presidente da Anvisa
De acordo com ele, faltou plano do governo federal durante a pandemia, com uma coordenação efetiva
Em depoimento à CPI da Covid o médico sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Cláudio Maierovitch afirmou, em depoimento à CPI da Covid, nesta sexta-feira (11), que o plano de imunização contra covid-19 no Brasil “é pífio”. De acordo com ele, faltou plano do governo federal durante a pandemia, com uma coordenação efetiva.
"O plano de imunização que tivemos é um plano pífio. É um plano que não entra nos detalhes necessários para um plano de imunização que deve existir no País", disse. De acordo com o médico, não houve, por exemplo, "critérios homogêneos definidos para o Brasil inteiro”, ficando a cargo "de cada Estado e de cada município definir seus próprios critérios".
"Pode parecer democrático um sistema descentralizado, mas, frente a uma epidemia dessa natureza e com a escassez de recursos que temos, isso deixa de ser democrático para produzir iniquidades, na medida em que é difícil para os gestores locais ou mesmo para os estaduais gerenciar diferentes expressões e diferentes critérios para adoção de prioridades para vacinação. Então, assistimos estarrecidos a um desestímulo oficial para que um grande laboratório nacional assumisse a produção de vacinas", disse, referindo-se ao Instituto Butantan e à vacina Coronavac, produzida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, imunizante amplamente criticado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Conforme o ex-presidente da Anvisa, o cenário seria diferente "se houvesse uma política oficial não apenas de busca da compra de imunizantes, mas de busca de articulações e de acordos para a produção nacional". "Certamente o Instituto Butantan poderia ter agido mais rápido e com mais pujança, com uma produção mais relevante e possivelmente, até mesmo, acelerando os seus estudos", pontuou. Na CPI, o depoimento do diretor do Butantan, Dimas Covas, informou que não houve investimento do governo no âmbito da produção de vacina contra covid-19, algo confirmado pelo governo.
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