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Gaza: 'que o Eterno possa abençoar as pessoas que estão lá”, pede rabino que mora em Belém

Para a comunidade islâmica residente na capital paraense, o cenário é de tristeza, especialmente por estarem distante do território palestino

Natalia Mello

A última semana foi de muita tensão no cenário politico internacional, mas especialmente para israelenses e palestinos, com os ataques do grupo terrorista Hamas, da Faixa de Gaza, em direção a Israel, e os contra-ataques do governo israelense. O conflito entre os dois países do Oriente Médio é considerado o maior árabe-israelense e começou lá em 1948, com a criação do Estado de Israel pela Organização das Nações Unidas (ONU), mas foi a decisão legal adiada pela Justiça pelo bairro Sheikh Jarrah que iniciou a onda de ataques dos últimos dias, que já resultou em mais de 100 mortes.

Militantes palestinos teriam disparado mais de 100 foguetes em direção a Israel como resposta a um ataque que destruiu a torre de al-Sharouk, na cidade de Gaza, que abrigava escritórios do Hamas, que controla Gaza. Já os ataques do exército de Israel à Gaza foram os maiores desde 2014, resultando na morte de membros da alta cúpula do Hamas.

Para o cientista político e professor, mestre em governo, diplomacia e estratégia, doutorando em Ciências Políticas e Sociais e diretor executivo da StandWithUs Brasil, André Lajst, o cessar fogo vai ocorrer de qualquer jeito, mas o que vai determinar isso é o que vai levar o Hamas a assinar o cessar fogo. E, ainda segundo André, é importante destacar que o momento vivenciado agora é de muita cautela e deve ser visto sob outra perspectiva, que não a “rivalidade” religiosa judaísmo x islamismo.

 “Parece que a história não tem fim, porque o que ocorre é a não aceitação da existência de Israel. Não é uma questão de território, eles não estão protegendo uma política específica de um governo de autoridade palestina que tem legitimidade perante a comunidade internacional, eles são um grupo radical que tem uma ideologia islâmica radical parecida com Al-Qaeda de islamização e radicalização. Eles não acreditam na democracia, colocam a religião sobre toda a política”, afirmou.

Sobre a divisão de opiniões a respeito desse conflito, o cientista político afirma que uma diferença deve ser levada em consideração: “Quando um grupo mira em civis de forma intencional e deliberada, isso é considerado por todas as convenções internacionais de regras de engajamento de guerra, pela convenção de Genebra, terrorismo. É o que Hamas está fazendo. Não estão tentando acertar bases militares, estão na tentativa de acertar cidades, isso é contra a lei internacional”, ressaltou.

Mortes

Entre as informações repassadas à reportagem do jornal O Liberal está a confirmação de mortes de vários líderes do grupo terrorista Hamas. Na última quinta-feira, um movimento estratégico do exército israelense mudou ainda mais esse cenário.

“Eles afirmaram que iam entrar por terra, então membros do Hamas teriam entrado nos túneis para aguardá-los, mas as forças armadas de Israel esperaram eles entrarem e dispararam para atacar e conseguiram destruir 150 túneis dentro da faxa de gaza”, detalhou, e continuou: “Essa é a diferença, Israel está mirando em membros do grupo Hamas, não em civis”.

O número alto de mortes por parte de palestinos é algo que vem à tona sempre que se fala no conflito árabe-israelense, mas uma tecnologia do governo israelense para prevenir os ataques é o Domo de Ferro, sistema antimísseis de Israel. Os interceptores, que são disparados verticalmente de unidades móveis ou de um local de lançamento estático, são projetados para detonar o foguete no ar. Oficiais israelenses e empresas de defesa dizem que o sistema impediu milhares de foguetes e artilharia de atingirem seus alvos, com uma taxa de sucesso de mais de 90%.

A StandWithUs é uma organização internacional sem fins lucrativos, não-governamental, neutra politicamente, sediada em Los Angeles e Jerusalém, com centros educacionais em Nova York, Londres, Toronto, e São Paulo. A ONG acredita na importância de educar e fornecer informações ao grande público sobre a geopolítica do Oriente Médio e os conflitos nessa região, entre eles o conflito entre israelenses e palestinos.

Palestina

Para a comunidade islâmica residente em Belém, a versão é contada sob outro ponto de vista: a guerra é desigual em termos de poder bélico e ainda sob o aspecto humano. Para o presidente e fundador da Associação Islâmica de Belém, Hussein Ibn, de 78 anos, os mulçumanos só têm duas armas: fé e coragem.

“Isso começou lá atrás, em 1947, quando a ONU dividiu a Palestina no meio para abrigar os judeus que fugiam da guerra e deixaram as melhores terras para eles. Depois disso, os judeus israelenses começaram a receber armas perigosas dos judeus americanos e a ocupação se deu de forma cruel. Os palestinos não puderam planejar sua retirada, foram expulsos de suas casas a pontapés e estão a mercê de Deus”, declarou.

Hussein vê esse cenário com tristeza, especialmente por estar distante do território palestino, e acredita que a ONU favorece os judeus por interesses internacionais e econômicos. “Pegaram a Al-Aqsa, a mesquita da cúpula de ouro que você vê em Israel e para nós é sagrada, conta a história do profeta Mohamed, e querem construir edifícios. Estão avançado a área do Monte do Templo de Salomão também. O que eu vejo é muita ganância”, concluiu.

Sionismo seria ponto de conflito

Moustafa Assem, cirurgião-dentista, escritor e artista plástico egípcio da comunidade islâmica de Belém, vê Israel como uma terra ocupada de uma nação chamada Palestina. Ele afirma que os mulçumanos não têm problemas com judeus como religião; o embate começa no movimento sionista, que é a ideologia por trás dos judeus que voltaram para a terra localizada na Palestina e a ocuparam com o tratado da ONU, em 1948, como assumindo o direito àquele território em que a Bíblia denominou de Terra de Israel.

“Nós, mulçumanos, não temos problemas com judeu ou judaísmo como religião. Nós temos problemas com essa ideologia que se chama sionismo. Imagina que você tem uma casa própria há muito tempo. E eu chego na sua casa com armas, dizendo para os vizinhos que Deus me prometeu essa casa há mil anos atrás. O que você vai fazer? Defender a sua casa e evitar que esses bandidos invadam a sua casa. Mas aí esses bandidos vão matar toda a sua família e dizer que você é terrorista”, afirmou.

Rabino acredita no cessar fogo

O rabino da sinagoga Beit Meshkany, em Belém, Moisés Elmescany, analisa esse momento como de muita tensão por correr o risco de vir a tomar maiores proporções. “Temos confiança que nossos dirigentes têm capacidade de resolver da melhor forma possível, mas ficamos preocupados pela escalada da violência. O importante é pensar em como entrar num acordo de cessar fogo nesse momento e buscar uma paz mais duradoura para aquela região”, disse.

Moisés lembra a importância da comunidade judaica para o desenvolvimento da humanidade. “Na pandemia fomos um dos primeiros países que conseguiu agir para começar a debelar contra o coronavírus. O que nos resta agora é esperar que o Eterno possa abençoar as pessoas que estão lá”, concluiu.

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