Tuberculose: Pará tem mais de mil casos em 107 dias de 2024

Incidência mostra-se em elevação de 2022 para 2023. Brasil teve mais de 80 mil casos em 2023. A vacinação é principal estratégia para se prevenir contra a doença

Lucas Quirino / Eduardo Rocha
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Em 2022, foram registrados no Pará 4.995 casos de tuberculose, e, em 2023, 5.006, sendo que de janeiro até esta terça-feira (16), em 2024, são 1.049 casos da doença no estado, ou seja, em 107 dias do corrente ano. Esse levantamento foi divulgado, nesta terça-feira (16), pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). Já a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informa que, segundo os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), no ano de 2022 foram notificados 1.440 casos novos de tuberculose em Belém. Em 2023, 1.479 casos novos foram confirmados, o que indica também um ligeiro crescimento. Em escala nacional, como repassa o Ministério da Saúde, o Brasil notificou 80.012 novos casos de tuberculose em 2023, o que resultou em uma incidência de 37 por 100 mil habitantes, se comparado aos 81.604 casos em 2022, sendo 38 por 100 mil habitantes. Os números são do boletim epidemiológico, divulgados em março deste ano pelo Ministério da Saúde.

O Ministério da Saúde reservou R$ 14 milhões para apoio a projetos de pesquisa operacional voltados à vigilância, prevenção e eliminação da tuberculose.

Serviços

A Sespa informa que as pessoas com suspeita de tuberculose são atendidas, inicialmente, na atenção básica, por meio da Estratégia de Saúde da Família ou das unidades básicas de saúde, que são a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). Os casos de difícil diagnóstico, com comorbidades de difícil manejo (transplantes, imunodeficiências, infecção pelo HIV, hepatopatias, diabetes descompensados e insuficiência renal crônica); casos de falência ao tratamento; casos que apresentem qualquer tipo de resistência aos fármacos, são atendidos na Atenção Secundária e Terciária.

Sobre recursos para investimentos do Estado no combate à doença, a Sespa repassa que, no Brasil, há uma série de recursos disponíveis para o diagnóstico, tratamento e prevenção da tuberculose. As três esferas do SUS oferecem serviços de saúde gratuitos, incluindo diagnóstico e tratamento da doença. O Ministério da Saúde coordena a nível nacional e implementa políticas de controle da tuberculose em todo o país, fornece diretrizes para o diagnóstico, tratamento e prevenção da doença, além de ser responsável pela aquisição e a distribuição de medicamentos e recursos para o combate à tuberculose. Os medicamentos para o tratamento da tuberculose são fornecidos gratuitamente pelo SUS.

A vacina BCG, como informa a Sespa, é utilizada como medida preventiva complementar para o controle da tuberculose e previne, especialmente, as formas mais graves da doença. A meta de cobertura vacinal preconizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, para BCG é a vacinação de 90% das crianças menores de um ano de idade. Nos últimos anos, a vacina BCG está, prioritariamente, indicada para crianças de 0 a 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade. No Pará, as coberturas atingidas são: em 2021 - 71,94%, em 2022 - 83,09% e em 2023 - 66,58%.

Ações

Em Belém, sob coordenação da Sesma, são realizadas atividades de prevenção e de educação em saúde nas escolas, feiras e bairros e distritos da capital paraense, bem como nas unidades básicas de Saúde. No dia 24 de março – Dia Mundial de Combate à Tuberculose –, a equipe da Referência Técnica de Tuberculose e Hanseníase da Sesma, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) e o controle social, promoveu ação na Feira da Pedreira, com atividades de educação em saúde e entrega de materiais educativos aos feirantes, lojistas e população, como parte de uma programação de ações previstas para o ano todo.

A Sesma informa que o diagnóstico e o tratamento da doença são gratuitos e estão disponíveis em toda a rede municipal de Saúde de Belém. "Há previsão de liberação de R$ 100 milhões pelo Ministério da Saúde para o tratamento da tuberculose em todo o país neste ano de 2024. Quem decide sobre a divisão dos recursos para os municípios é a CIB (Comissão Intergestores Bipartite). Ainda não há informações sobre qual valor será repassado ao município de Belém", completa o órgão municipal.

O município de Belém recebe a vacina BCG, que protege contra as formas graves da doença (tuberculose miliar e meníngea) contemplando crianças até a idade de 4 anos 11 meses e 29 dias. As vacinas são disponibilizadas nas maternidades e unidades básicas. A cobertura vacinal da BCG contra a tuberculose em Belém abrange: 2022: 85,36%; 2023: 77,42%; 2024: 65,68% (até março).

Orientações

A médica pneumologista e professora da UFPA, Lúcia Helena Sales, explica que a tuberculose é doença infecciosa e contagiosa que se propaga de pessoa a pessoa por meio de partículas provenientes das vias aéreas, durante a fala, espirro ou tosse de pessoas com a enfermidade ativa nos pulmões ou na laringe. “O principal sintoma é a tosse que persiste por duas semanas ou mais, com ou sem secreção. Nesses casos, sempre se deve procurar o médico para esclarecer este sintoma. Pode também haver ou não febre, perda de peso e escarro com sangue. Essa doença atinge todas as idades, pois vai depender do contato próximo com alguém doente (com a tuberculose) e que não esteja fazendo o tratamento adequado. O público mais suscetível a desenvolver a tuberculose são os fumantes, os cidadãos com resistência baixa (imunossuprimidos, desnutridos, em tratamento para câncer, com AIDS), crianças de até 5 anos, idosos", observa a médica.

A causa dessa enfermidade é uma bactéria (um bacilo) que tem na sua estrutura componentes que dificultam sua destruição naturalmente pelo organismo ou por antibióticos comuns. No caso, o Mycobacterium tuberculosis. A pneumologista ressalta que a principal prevenção é a vacinação nas crianças de até 5 anos, pois irá prevenir as formas graves da doença. Mas, ela aponta ser de extrema importância que o paciente faça o tratamento completo, com quimioterápicos via oral, barrando assim a cadeia de transmissão. Em muitos casos, as pessoas acabam nem tomando conhecimento que estão infectadas, o que dificulta ainda mais no diagnóstico correto, ou seja, a própria pessoa não sabe que tem a doença, como enfatiza Lúcia Sales.

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