Pesquisa aponta que nortistas conservam características positivas como humildade, bom humor, alegria e gentileza
Estudo também revela que nortistas temem a violência urbana

Entender os costumes, comportamentos e hábitos culturais dos estados da região Norte, incluindo o Pará, foi o objetivo principal da pesquisa "Sotaque Nortista: natureza, coletividade e crenças", disponível na Plataforma Gente, da Globo. O estudo reuniu dados sobre as particularidades da região, revelando que os nortistas conservam características positivas como humildade (44%), bom humor (28%), alegria (24%) e gentileza (23%), características mais marcantes encontradas nos moradores.
Na feira de ervas do Mercado do Ver-o-Peso, a gargalhada da erveira Simone Souza, de 35 anos, chama atenção de quem passa. Sempre de bom humor, ela brinca e sorri para os colegas de trabalho e clientes, enquanto separa os maços de manjericão que vende em sua barraca. Simone atribui o bom humor à família e ao trabalho.
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"Eu sou alegre por causa do amor da minha vida, a minha filha. Quando ela diz que me ama é gostoso demais e essa felicidade acaba refletindo aqui. Também sou alegre por ter o meu trabalho, a gente pode não ganhar milhões, mas é o que traz dignidade pra gente", diz.
A vendedora de ervas também se considera gentil, característica que aprendeu com a mãe. "Desde pequena ela me dizia que eu devia tratar as pessoas como eu gostaria de ser tratada. Isso eu também passo pra minha filha desde já. É fundamental ser gentil e educado com o próximo e isso de alguma forma volta pra gente. E aqui na feira, onde tem 80 barracas, a gente exercita muito essa característica. Se o cliente chega e eu sou grosseira, pode ter certeza que ele vai passar pra barraca do lado", pontua Simone.
Principais preocupações
Quando o assunto são as principais preocupações que os moradores da região enfrentam atualmente, o levantamento aponta a "apreensão em relação à violência urbana" se destacando entre 45% dos entrevistados. Além disso, 29% temem "doença", 27% "aumento dos preços dos itens básicos", 25% a "perda de algum parente próximo", e 21% se preocupam com o "futuro dos filhos".
O motorista de aplicativo Paulo Dias, de 31 anos, já sofreu na pele a violência urbana. Ele foi assaltado há um mês enquanto trabalhava. Ele aceitou uma corrida e, ao chegar ao local, foi abordado por um grupo de quatro assaltantes que o forçaram a rodar pela cidade para que pudessem cometer outros crimes.
"Quando eles entraram, o da frente falou que eles não iam fazer nada comigo, mas que eles estavam devendo o crime e por isso precisavam fazer uns 'corres'. Eles estavam armados de pistola e facão. Na hora eu fiquei muito nervoso e hoje ando sobressaltado", revelou.
Depois desta experiência, Paulo busca ter mais atenção, evita dirigir à noite e não aceita corridas para determinados destinos depois das 18h. "A violência é o dia todo, mas à noite fica mais soturno. Se entram quatro pessoas no carro eu já fico temeroso. A gente não pode parar, mas o trauma fica".
A pesquisa revela que mesmo tendo como principal medo a violência urbana, 46% dos nortistas afirmaram viver na região munidos de esperança. Já o otimismo e a insegurança aparecem na sequência, com 33%, seguidos por confiança e alegria (32%).
Comportamento
Em relação à fé e à família, os nortistas são mais intensos do que a média dos brasileiros: 59% afirmam ter Deus como religião e não acreditam em nenhuma igreja; 87% declaram que a família é o bem mais importante da vida. Já 80% pensam no melhor para a família na hora das decisões e 44% acham importante preservar as tradições e costumes.
Já em relação aos hábitos que representam a cidade, 34% dizem que conversar na rua com conhecidos é uma particularidade da região; 29% citam o auxílio a amigos e familiares; 24% a prática de esportes e a ajuda a quem precisa; e 21% a ida a centros religiosos, cultos e missas.
A pesquisa ‘Sotaque Nortista’ foi realizada em 21 municípios de todos os estados do Norte do Brasil, e está disponível no site gente.globo.com/infografico-sotaque-nortista-natureza-coletividade-e-crencas.
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