Pará teve o maior número de hospitalização de bebês por desnutrição em 2022

Foram 182 casos, o que corresponde a 55,4% de todas as internações da região Norte

Camila Guimarães
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O Pará foi o estado da região Norte com maior número de crianças menores de um ano de idade hospitalizadas por desnutrição em 2022. Foram 182 casos contabilizados até o dia 29 de dezembro do ano passado, o que corresponde a 55,4% das internações nessas condições em toda a região. As informações são com base em dados do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), a partir do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Ministério da Saúde.

Nos demais estados do Norte, o número de hospitalização por desnutrição em bebês de zero a um ano foi, em média, de 24,3 casos, sendo o menor número registrado no Amapá, com apenas nove pacientes neste quadro.

Além disso, um balanço do Sistema de Vigilância Alimentar do Ministério da Saúde mostra que 4.450 crianças de zero a cinco anos foram classificadas como ‘muito abaixo do peso ideal’ para a idade no Pará em 2022, enquanto que, em 2021, o número era de 3.960, indicando um aumento de 12% no índice, que também reflete dificuldades nutricionais do estado. O mesmo aumento tem sido observado também na região Norte como um todo (4,9% de 2021 para 2022).

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Causas e sequelas

De acordo com a conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas da 7ª Região (CRN-7), Thaís Granado, não é possível afirmar com exatidão o que pode ter provocado esses casos de desnutrição em idade tão precoce, no caso dos bebês menores de um ano. No entanto, a especialista menciona alguns fatores que podem colaborar para o problema:

“A introdução alimentar precoce, quando o organismo da criança ainda não está maduro suficiente para receber outros tipos de alimentos; a oferta de alimentação inadequada em quantidade (menor quantidade de alimentos do que o organismo do bebê necessita) e qualidade (alimentos com baixo teor nutricional), além de questões relacionadas à higiene precária, que são fatores que podem levar a doenças e à consequente perda de nutrientes”, pondera.

A desnutrição nesta faixa etária pode ser considerada grave porque o sistema imunológico, digestivo e outros ainda estão em desenvolvimento, portanto, são mais frágeis e suscetíveis a situações de risco, conforme alerta Thaís, podendo gerar o comprometimento do crescimento e desenvolvimento físico e intelectual da criança.

De modo geral, em crianças, a desnutrição tem como principais sequelas o atraso no crescimento e desenvolvimento físico e intelectual, dificuldade de acompanhar o percurso escolar, deformação óssea, distensão abdominal, ressecamento na pele, queda de cabelo, fraqueza e, até mesmo, a morte.

 

Belém tem esforços para combater o problema

Em Belém, 18 crianças menores de um ano foram hospitalizadas por desnutrição no ano passado, também segundo o Observa Infância. A coordenadora de Referência Técnica de Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Rita Figueiredo, avalia que, apesar de não ser um número alto, sua gravidade não pode ser menosprezada:

“Ainda que fosse apenas um caso já seria grave. As causas do problema são multifatoriais e não podemos arbitrariamente alegar que seja uma ou outra. Mas é fato que, pouco antes da pandemia, Belém era a capital com um dos maiores índices de aleitamento materno exclusivo, o que decaiu um pouco após a crise de covid-19, mas já está sendo retomado novamente”, pondera.

Rita diz que, com a pandemia, muitos trabalhos feitos com agentes de saúde foram afetados, impactando ações como as de capacitação dos profissionais que lidam diretamente com as mães atendidas na rede municipal. No entanto, desde a flexibilização da pandemia, no fim de 2021, os projetos voltaram a ser colocados em prática de forma mais intensa por meio de palestras, cursos, visitas domiciliares etc.

Rita acrescenta que Belém conta com as Unidades Amigas da Primeira Infância (Uapis), parceria entre a Prefeitura e o Fundo Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que “são unidades pactuadas para dar uma atenção especial à primeira infância. Elas estão distribuídas entre os distritos segundo estudos que mostram áreas com maior necessidade dessa atenção”, explica.

Até o momento, Belém conta com 16 Unidades de Saúde funcionando como Uapi, além de 20 escolas de ensino infantil integradas ao projeto, em uma estratégia para aliar saúde à educação.

Rita comenta, ainda, que o problema da desnutrição não é apenas grave em bebês de até um ano, mas um problema considerável em toda a primeira infância, por isso, assim como Thaís Granado, ela enfatiza a importância do aleitamento materno para prevenir essa realidade, aliado à alimentação em quantidade e qualidade adequadas nos anos seguintes.

 

Dados sobre hospitalização de bebês (0-1) por estado do Norte em 2022

PA - 182
AM - 65
RR - 23
RO - 22
AC - 17
TO - 10
AP - 9

Crianças de 0-5 anos com peso ‘muito abaixo para a idade’ em 2022

No Pará
2020 - 3.626
2021 - 3.960
2022 - 4.440

No Norte
2020 - 7.384
2021 - 8.260
2022 - 8.672

No Brasil
2020 - 55.318
2021 - 67.901
2022 - 61.981

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