Pará registra queda de 31% no número de bebês nascidos de mães com idade entre 10 e 19 anos

Campanha reforça métodos contraceptivos para evitar a gestação precoce

Fabyo Cruz
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No Pará, nasceram 20.575 bebês por mães na faixa etária de 10 a 19 anos, em 2022, segundo informou a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) à reportagem de O LIBERAL. O número é menor quando comparado ao ano anterior, quando nasceram 29.787 crianças em 2021, correspondendo a 30,9% de redução. Já em Belém, 1.783 adolescentes engravidaram, em 2022, enquanto 975 viraram mães, em 2021, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Na capital, o aumento de casos foi de 82,8%. As duas pastas estiveram em parceria durante a Semana da Prevenção da Gravidez na Adolescência deste ano.

Renata Carvalho, 19 anos, é mãe da pequena Rafaella, de três anos de idade. Ela teve a filha quando tinha 15 anos e cursava o ensino médio. Renata lembra que na época tinha medo de contar sobre a gravidez para a família e tentava esconder ao máximo deles a notícia de que viria a ser mãe, no entanto, seus pais descobriram quando a filha estava com quatro meses de gestação. Para a surpresa de Renata, seus familiares deram todo apoio que ela precisava naquele momento até a chegada do bebê. Apesar disso, a jovem teve que enfrentar várias dificuldades, sobretudo, durante a preparação para o vestibular. 

image Renata conta que ajuda da família foi muito importante durante a gravidez (Filipe Bispo/O Liberal)

“Quando meu pai descobriu, ele disse para eu continuar estudando, pois ele e minha família iriam me ajudar. Não digo que foi fácil, tive bastante dificuldades principalmente quando estudava para o vestibular, cheguei a perder algumas aulas, mas minhas irmãs, sempre que podiam, ficavam com a minha filha enquanto eu estudava. Para uma pessoa muito nova as coisas são mais difíceis já que até a cabeça da pessoa é outra. Mas ainda bem que tudo deu certo com o apoio da minha família”, comentou Renata. 

Especialista comenta sobre a gravidez precoce

A ginecologista Ana Paula Fonseca explica que o início da vida sexual está cada vez mais precoce e a falta de diálogo com a família pode ser um fator determinante para a gravidez na adolescência.  “A falta de abertura para essas conversas ‘tabus’, como o sexo, acaba fazendo as adolescentes iniciarem a vida sexual sem orientação, sem nunca ter ido ao ginecologista, sem contracepção e consequentemente com mais riscos a engravidar. Infelizmente, isso acaba sendo muito presente no nosso estado, por exemplo, que figura nas primeiras colocações dos rankings nacionais de gravidez na adolescência”, disse a médica. 

Para a médica, o melhor caminho para reduzir a gravidez precoce sempre vai ser o acesso à informação e à saúde: “É importante que essas meninas tenham consciência dos riscos, da mudança de vida, das possibilidades existentes para evitar a gravidez. Uma vez que tenham informação, que possam ter acesso à profissionais que saibam acolhê-las, à métodos contraceptivos e à educação sexual de forma responsável. Criei um consultório inclusive voltado para o público adolescente na tentativa de incluir as meninas na responsabilidade ao autocuidado, para que elas desde cedo entendam que se cuidar faz parte de um processo natural, ir ao ginecologista também, tento sempre ser ponte entre adolescente e família, tentando tornar essas experiência positiva, pois certamente, seus hábitos e atitudes nesta fase de adolescente vão impactar de sobremaneira na sua vida adulta”.

    
Semana da Prevenção da Gravidez na Adolescência

A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência é dedicada anualmente a disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez entre meninas de 10 e 19 anos. No Pará, as ações da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) deste ano atuam com o tema “Prevenção da Gravidez na Adolescência – agir agora: cada adolescente, uma realidade”.

No decorrer de fevereiro, rodas de conversa com adolescentes em atendimento nas Usinas da Paz serão realizadas no seguinte cronograma: 

  • 09/02 (às 9 horas, na Usina da Paz de Marituba); 
  • 13/02 (às 9 horas, na Usina da Paz do Icuí); 
  • 14/02 (às 9 horas, na Usina da Paz da Cabanagem);
  • 16/02 (às 9 horas, na Usina da Paz do Bengui).

Saiba quais são os principais métodos contraceptivos indicados pelo Ministério da Saúde:

  • Anticoncepcional injetável mensal; 
  • Anticoncepcional injetável trimestral; 
  • Minipílula; 
  • Pílula combinada; 
  • Diafragma; 
  • Pílula anticoncepcional de emergência (ou pílula do dia seguinte); 
  • Dispositivo Intrauterino (DIU); 
  • Preservativo feminino e preservativo masculino.

Onde encontrar os métodos contraceptivos gratuitamente?

A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará tem o serviço de implantação de Dispositivo Intrauterino (DIU) no pós-parto imediato, que é um método que pode ser utilizado por adolescentes e é de longa duração, podendo ficar até 10 anos com o dispositivo. As Unidades Básicas de Saúde também oferecem serviços de planejamento familiar, de preservativos, de anticoncepcional oral, do DIU e orientações sobre comportamento sexual responsável.

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