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Pará é o 2º em exportação de açaí

Maior produtor nacional de açaí, o Pará fica atrás de São Paulo entre os estados exportadores.

Keila Ferreira

Maior produtor nacional de açaí, o Estado do Pará fica em segundo lugar entre os estados exportadores, atrás de São Paulo. De janeiro a maio de 2019, por exemplo, as exportações do produto, em todo o País, somaram US$ 15.5 milhões, sendo que o primeiro do ranking comercializou US$ 6.7milhões ao exterior (43,55% de participação), enquanto os produtores paraenses exportaram US$ 2.8 milhões (18,05% de participação), conforme levantamento do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Pará (CIN/Fiepa). Segundo balanço da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), em 2018, a produção no território paraense alcançou um volume de 1.328.027 toneladas, variação de 4,24% em comparação ao ano anterior. Os principais municípios produtores são Igarapé-Miri, com 400.000 toneladas, equivalente a 30,12% do total, Portel, com 230.000 toneladas (17,32%) e Abaetetuba, com 109.200 toneladas (8,22%). Além de investimento nas técnicas agrícolas, para aumentar e melhorar a produção do fruto, produtores locais trabalham para tornar o açaí produzido no Estado mais competitivo nos grandes mercados. 

"O que acontece, no meu ponto de vista, é que o Pará é especialista em produção de commodities e a polpa de açaí é uma commodities. O açai, que nós comercializamos para o mercado externo, é o açaí polpa e açaí em sorbet. As fábricas do Pará de açai são especialistas na polpa. No que tange à marca, divulgação, participação em feiras internacionais, eventos internacionais que levem a marca no ponto de vista de internacionalização é muito pouco", avaliou Marcelo Silva Filho, gerente de exportação da indústria Goola Açai.  Levantamento divulgado pela Sedap mostra que, em 2017, o Pará comercializou mais de 593,8  milhões  de reais  em produtos  originados do beneficiamento do açaí, destinados aos mercados nacional e internacional, que adquiriram 136.694 toneladas de  polpa, mixes  e açaí liofilizado, proporcionando  um acréscimo  de 14,6% no volume  em relação ao ano de 2016.

Para Marcelo Silva, no que se refere às exportações, os principais desafios, além da questão logísticas - principalmente a portuária, uma vez que, segundo ele, no Porto de Vila do Conde há uma série de restrições operacionais que acabam encarecendo o custo do produto -, é a falta de habilidade do empresário paraense em inovar em sua marca, em sua embalagem e na forma de como o produto é apresentado para o mercado e acompanhar as principais tendência de consumo, principalmente no mercado de primeiro mundo. "O mercado já consome o produto acabado, com alto grau de verticalização. Então, a capacidade de inovação, de investimento em marca, tem que trazer esses desafios. Entra a questão de oferecer maior valor agregado para ao clientes", ressalta.

Com o apoio do CIN/Fiepa e da Apex Brasil (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos), a indústria que Marcelo atua conseguiu criar uma marca nova e um produto com valor agregado, o sorbet, e assim foi possível criar com a formulação da indústria em si. "Conseguiram promover a marca para a indústria internacional. Hoje em dia nós temos uma indústria no Brasil e duas fora (em Portugal e Estados Unidos)". 

Para ele, está havendo maior conscientização dos empresários em verticalizar e oferecer o produto acabado, na porta do cliente, no exterior. Marcelo diz que há também, uma preocupação cada vez maior com a produção própria. No caso da indústria que ele representa, por exemplo, hoje são 200 hectares plantados, mas existem fazendas acumuladas que até 2025 somarão 1.500 hectares plantados. Há ainda parcerias com comunidades. "As fábricas estão incentivando essa parceria para o açaí, com investimento em tecnologia, trabalhamos com trinta comunidades e a gente incentiva a produção do fruto com técnicas sustentáveis. Isso tudo tem aumentado a estimativa de oferta do produto, assim como a gente consegue ofertar um produto mais competitivo", enfatiza. 

Engenheiro agrônomo do setor de fruticultura da Sedap, Geraldo Tavares observa que São Paulo é o maior comprador do nosso açaí, mas ele processa essa polpa e exporta. “Ainda hoje, não houve divulgação massiça do produto (do Pará) ao exterior, porque nós não tínhamos condições de atender o mercado, com essa nova forma de produção, a gente vai conseguir equalizar isso”, declarou, citando avanços desenvolvidos nas técnicas de produção. Ele explica que o Pará é o principal produtor porque tem uma área nativa grande. O problema é que, na várzea, há o período de safra (que começa agora, neste segundo semestre) e entressafra, e isso cria desequilíbrio na cadeia, porque a indústria não consegue trabalhar só seis meses por ano. Só nos últimos 10 anos que se começou a plantar em terra firme. Além disso, o Governo criou convênio com a Embrapa para produção de sementes melhoradas de açaí e elas têm condições de serem produzidas por 13 anos, na entressafra. Ela está sendo distribuída há cinco ano pela Sedap. Hoje, existe no Estado, dois cultivares de açaí produzido pela Embrapa. "Outro problema é que quando você passa para terra firme, tem que fazer irrigação. Então, outro avanço é a irrigação. Tem uma empresa no Pará que tem 1.400 hectares de açaí irrigado, no Alenquer. O açaí não tem condições de ficar só extrativista", enfatiza Geraldo.

Durante muito tempo, dois países, Estados Unidor e Japão, compravam quase a totalidade do açaí paraense exportado. Porém, nos últimos cinco anos, isso tem diversificado.  "Tem um esforço do governo de levar ao exterior não só a polpa, mas também o açaí processado, que seria o mix (com banana, granola, outros produtos) e o açaí em pó. Esse açaí em pó é 100% para exportação", explica o engenheiro agrônomo. Além da melhoria nas técnicas agrícolas e da verticalização, o Pará se esforça para melhorar os problemas de logística. "A questão da infraestrutura portuária, por exemplo, é muito incipiente para essa exportação. Esse é um problema que o Estado tem que resolver". 

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Pará
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